Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
quarta-feira, 28 de abril de 2010
"Pensa em mim protege o que eu te dou Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou sem ter defesas que me façam falhar nesse lugar mais dentro onde só chega, quem não tem medo, de naufragar"
Por acaso não é das cantoras que goste mais; aquela música entrou-me hoje na orelha, quando vinha ao volante. Mas esta - ah, O Restolho - esta sim, é muito bonita!
Esta é só uma noite para partilhar Qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro Um lugar a salvo para onde correr Quando nada bate certo E se fica a céu aberto Sem saber o que fazer
Esta é uma noite pra comemorar Qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo Um lugar pra nós onde demorar Quando nada faz sentido E se fica mais perdido E se anseia pelo abraço de um amigo
Esta é só uma noite para me vingar Do que a vida foi fazendo sem nos avisar Foi-se acumulando em fotografias Em distâncias e saudade Numa dor que nunca cabe E faz transbordar os dias
Esta é uma noite para me lembrar Que há qualquer coisa infinita como o firmamento Um sorriso, um abraço Que transcende o tempo E ter medo como dantes De acordar a meio da noite A precisar de um regaço
Mafalda Veiga
E quem de quando em vez não precisa de colinho? Só estátua...
4 comentários:
Também gosto muito da alentejana miudita que debita poesia como gente grande...
Restolho
Geme o restolho, triste e solitário
A embalar a noite escura e fria
E a perder-se no olhar da ventania
Que canta ao tom do velho campanário
Geme o restolho, preso de saudade
Esquecido, enlouquecido, dominado
Escondido entre as sombras do montado
Sem forças e sem cor e sem vontade
Geme o restolho, a transpirar de chuva
Nos campos que a ceifeira mutilou
Dormindo em velhos sonhos que sonhou
Na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
Semear no pó e voltar a colher
Há que ser trigo, depois ser restolho
Há que penar para aprender a viver
E a vida não é existir sem mais nada
A vida não é dia sim, dia não
É feita em cada entrega alucinada
P’ra receber daquilo que aumenta o coração
Mafalda Veiga
Por acaso não é das cantoras que goste mais; aquela música entrou-me hoje na orelha, quando vinha ao volante. Mas esta - ah, O Restolho - esta sim, é muito bonita!
Não gosto especialmente da cantora de voz muito monocórdica, mas gosto dos seus poemas. Se fossem cantados por outros brilhariam muito mais.
Uma noite para comemorar
Esta é só uma noite para partilhar
Qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro
Um lugar a salvo para onde correr
Quando nada bate certo
E se fica a céu aberto
Sem saber o que fazer
Esta é uma noite pra comemorar
Qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo
Um lugar pra nós onde demorar
Quando nada faz sentido
E se fica mais perdido
E se anseia pelo abraço de um amigo
Esta é só uma noite para me vingar
Do que a vida foi fazendo sem nos avisar
Foi-se acumulando em fotografias
Em distâncias e saudade
Numa dor que nunca cabe
E faz transbordar os dias
Esta é uma noite para me lembrar
Que há qualquer coisa infinita como o firmamento
Um sorriso, um abraço
Que transcende o tempo
E ter medo como dantes
De acordar a meio da noite
A precisar de um regaço
Mafalda Veiga
E quem de quando em vez não precisa de colinho? Só estátua...
Boa noite! Sonhinhos agradáveis, talvez com compartimentos secretos com secretos segredos...
As Escrivaninhas clássicas têm disso, tradicionalmente. Nada impede que as mais novas sonhem tê-las...
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