segunda-feira, 31 de maio de 2010

Objectiva ou Subjectiva?


Com a objectiva da minha máquina captei esta imagem e pensei publica-la aqui.

Não sei se lhe coloque uma legenda objectiva, tipo: «Restaurante Chinês no Algarve», ou uma legenda subjectiva, do género «Espaço Orientalizante do País do Verão»...
Ah...que graça tem ser objectiva? Para isso estava lá a máquina e mesmo essa...

domingo, 30 de maio de 2010

Avaliação

O «salva-vidas» da minha praia era bom:

Morenaço (como convém), grisalho, mas sem barriga; "corpo sarado", como se diz lá do outro lado do mar.

E era competente: salvou-me a vida, só com o olhar que me deitou. A sério! Senti-me salva e viva...

Domingo

Içar a vela e regressar a casa por mar, com escala no Brasil.

sábado, 29 de maio de 2010

Viagem ao País do Verão

No País do Verão há comboios coloridos todo o ano. Carrosseis com cavalos presos por um pau: carrosseis dos filmes infantis de outrora.
Há gente enorme, com pele rosado-leitão a passear uns calções de banho que lembram as toalhas de pic-nic do início das fotografias a cores. Há muitos rapazes de sobrancelhas brancas - que eu sempre imagino com uma farda de colégio inglês - mas aqui estão com um ar condizente com a atmosfera.
Aqui, no país do Verão, as primeiras palavras de saudação são em inglês. Só depois de eu convencer o empregado que sou portuguesa, ele vira a ementa para a língua do país que habita.
Passam uns rapazes a jogar ruidosamente à bola, com ar de hooligans...
Há muita gente a passear à beira-mar. Há mulheres muito gordas de fato de banho preto, há mulheres que resolveram deixar de ser gordas e passeiam os seios murchos, dentro de uns bikinis pequenos que não as tornam elegantes: serão sempre mulheres que decidiram deixar de ser gordas. Há homens que parecem portugueses, porque os calções de banho são monocromáticos e, no meio dos pêlos do peito, brilham fios de ouro com medalhas de santos.
O mar está azul, mas ainda muito frio.
As pessoas passeiam com sandálias e soquetes brancos. (Acrescento-lhes mentalmente um chapéu de explorador africano).
Há também umas raras meninas a fazer, ao vivo, o anúncio da Kellogs. Mas são ainda, só, as mais afoitas. As outras estão em casa, a treinar os abdominais, para nos convencerem de que há Verão todo o ano.
Mas isso não interessa. Porque, a sul de Portugal, situa-se o país do Verão, onde todos passeiam como são e alguns até têm orgulho de alimentar as redondas barrigas com tardes de cervejas loiras e espumosas, servidas numas canecas, que povoam o meu imaginário germânico.
No País do Verão tudo parece inventado; todas as imagens se ligam às de um filme qualquer ou a estereotipos sobre estrangeiros.
O País do Verão parece-se com a cantiga da rua, "que sobe e flutua e não se detém, nem minha nem tua, é de toda a gente, não é de ninguém."

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Abandono: "Palavra-Despertador"

Ver também 'post' de 31 de Agosto de 2009: "Eu estava lá!"

Abandono


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Girassol


A Flor tentou-me:
"Eu sou Gira e loira como o Sol...
Tira, tira!"
e eu tirei.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Batalha de Flores

A minha mãe era uma excelente narradora. Coloria de tal forma as histórias que narrava (para o melhor e para o pior) que nos sentíamos lá, vivenciávamos as cenas; éramos envolvidos na sequência dos acontecimentos.

Graças a isso há algumas memórias da minha infância que eu desconfio fortemente que resultam da sua narrativa viva e repetida e não de uma memória verdadeira. Mas isso agora não vem ao caso. Atesta só as qualidades de narradora da minha mãe: a voz, que assumia modulações diferentes, os olhos que ora se esbugalhavam ora se semicerravam e as mãos: as inimitáveis mãos narradoras da minha mãe.

Nunca se conseguia ficar indiferente a uma história narrada pela minha mãe. Arrancava exclamações de maravilhamento e gritos de horror, mas nunca, nunca, nos deixava na indiferença ou aborrecimento.

Hoje ela entrou-me pela memória em toda a sua plenitude narrativa, quando eu, fotografando flores nos jardins da Batalha, disse «de mim para comim»: "Ah! Que lindo! As Flores da Batalha! Faz-me lembrar as batalhas de flores que eram um espectáculo magnífico e que é uma pena terem deixado de se fazer!..."

E, de repente, travo às quatro rodas e digo: "Escrivaninha Maria: tu nunca viste uma batalha de flores! Como podes recordar e ter pena?"

Pois é: foram as narrativas da minha mãe, que lamentava o fim das «batalhas de flores», iniciativa que vivenciou várias vezes e narrou muitas, a ponto de eu sentir a falta de algo que nunca vivi.

Aqui ficam, portanto, algumas flores da Batalha, invocando, a propósito, as «falsas memórias» das «Batalhas de Flores»:










Sugestão

«Se Não Estudas Estás Tramado» é o último livro de Marçal Grilo.
Não li...ainda. Vi a apresentação, hoje, no jornal das 9, do Mário Crespo.
É da Tinta da China e visa, nas palavras do autor, «contribuir para o debate».
Fica a sugestão, com o cepticismo com que recebo tudo o que vem de quem já teve responsabilidades no «poleiro» e desejando, do fundo do coração, que acatem o conselho dele, ou melhor: que a mensagem que ele escolheu para título seja verdadeira.
Embora, neste momento, eu acredite mais em «Se não os obrigamos a estudar, estamos todos tramados».
Isto é un assunto tramado, sem dúvida.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Jornalismo à séria

«Foi exactamente este» (estas palavras estão a ser ditas com o mesmo tom empregue por José Hermano Saraiva nos seus programas de encantamento popular) o candeeiro que protagonizou a famosa cena do cinema português. Contracenava com Vasco Santana e manifestava-se indiferente à comunicação com o ébrio personagem.
Fomos encontrá-lo no jardim que circunda o Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro, na zona de Torres Vedras, onde permanece todas as tardes após o almoço.
Confessou-nos que foi difícil sobreviver a um papel que o caracterizava pela indiferença perante um ser humano carente.
Recorreu a ajuda especializada e após o fim da terapia - como se constata pela imagem - inclina-se hoje, prestimosamente, para cada cidadão que o solicita.
Imbuído do verdadeiro espírito democrático, considera que o seu desempenho, na época, foi também marcado por padrões de comportamento mais avessos à comunicação com desconhecidos.
Declara-se hoje uma luminária sensível ao carinho popular e à solidariedade, disposta a ouvir memórias e e iluminar situações mais obscuras da vida.
E foi assim, cara audiência, que recuperámos das «brumas da memória» mais uma personagem do nosso imaginário e testemunhámos a sua mudança, tendo o orgulho de sermos os primeiros a divulgar esta «nova vida» do candeeiro original, que protagonizou a famosa cena do cinema português, contracenando com Vasco Santana.

Nota: mais uma vez chamamos a atenção para o tom, a ênfase e o olhar que devem marcar o desempenho do pivot da comunicação, aquando da sua ida para o ar, de forma a potenciar devidamente o valor da peça jornalística.

domingo, 23 de maio de 2010

Fórmulas Epistolares

«Queridos Primos
Espero que estejam todos bem; nós cá vamos, na forma do costume.»

«Querida Mãe, querido Pai, então que tal?
Nós andamos do jeito que Deus quer
Entre os dias que passam menos mal
Lá vem um que nos dá mais que fazer»

«Sou capaz de ir aí pelo Natal...»

sábado, 22 de maio de 2010

Mais Platão, menos Prozac

Às vezes compramos os livros pelos títulos.

Eu gostei deste, aqui há uns anos e comprei-o. Mas foi uma desilusão. Achei tudo muito básico e nem sequer estava bem escrito. Lamentei a compra e arrumei o livro em qualquer lado e já não o vejo há muito tempo.

Mas hoje, agora, lembrei-me deste título, por causa do poema/comentário que recebi. Que me recordou uma situação engraçada; ou invulgar, ou especial, não sei, mas um bom conselho certamente: Numa consulta médica receitaram-me um livro de poesia!

Aqui há uns tempos o meu médico começou a falar de vários assuntos - ele é um óptimo conversador - e pergunta-me se eu conheço os poemas de Baudelaire, traduzidos por Graça Moura, com ilustrações de Mário Botas. Disse-lhe que não e ele escreveu-me tudo isto num papel, como se fosse uma «receita», para eu aviar.

Achei uma situação muito bonita, muito invulgar e pensei que tinha muita sorte de ter um médico que receitava poesia.

Mas o que é certo é que aviei as outras receitas e fiz certinho o tratamento recomendado, mas guardei, por aí, a receita de poesia e só me lembrei dela agora ao ler o poema de Baudelaire.

Talvez devesse ter seguido todas as prescrições médicas e talvez se todos nós lêssemos mais coisas bonitas não precisássemos de tanta medicação.

Lembrei-me então do título do livro - que vale só pelo conselho que encerra - e da «receita médica» de ler coisas bonitas, de qualidade.

Há médicos que levam a sério a ideia de receitar o que cada doente precisa. Mas alguns doentes, palermas, não cumprem as instruções todas.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Tem Dó!

Morar junto a uma escola de música tem (como todas as coisas) aspectos positivos e negativos.
Hoje estou positivamente massacrada com a aprendizagem de escalas num trompete ou saxofone. E também com alguém que tenta coordenar movimentos numa bateria... Tenho de lhes apreciar a persistência e o esforço, mas se os apanhasse à frente agora teria dificuldade em esboçar um sorriso encorajador. Creio mesmo que algumas pessoas perdem tempo a insistir...mas, quem sou eu? Apenas uma vizinha exausta...
Enfim, vale-me a recordação de um magnífico recital de piano, na fresca da tardinha de quarta-feira passada.

Ai! Tanto Calor!

"-Posso tirar?...
- Tira, tira."

(citando o novo anúncio da Sagres Barril 5 l)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Informação Útil

Hoje é Dia Internacional dos Museus e o Instituto dos Museus e da Conservação (IMC - não confundir com o índice de massa corporal, que andam para aí todos a avaliar, agora que espreita o Verão) escolheu para o comemoração deste ano o tema «Museus e Harmonia Social».
Até ao dia 30 de Maio há uma campanha de desconto nas lojas dos museus, dependentes deste organismo e na loja do Palácio Foz.
Pode ser uma óptima oportunidade: há sempre coisas tão lindas por lá, mas com preços a condizer com a beleza...
A informação foi recolhida em http://www.ipmuseus.pt/
Boas Compras! (Quem é amiga, quem é?)

Liberdade

Em 1876, Victor Hugo escreveu: "A liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos concidadãos."

Mas o que mais me orgulha é que esta frase foi dedicada a Portugal e ao pioneirismo da sua legislação.

Mas hoje não tenho tempo de explicar tudo. Fica para cenas dos próximos episódios...

Saudade - a 7ª palavra do mundo mais difícil de traduzir

"Saudade rima com verdade, com amizade, rima com tudo o que acaba em «ade», como prosperidade ou globalidade. Mas também rima com amor, com família e sobretudo, com a vontade inexplicável de percorrer qualquer distância que seja para aliviar esta dor que não se mede com régua nem termómetro.

As saudades não se guardam à espera que passem, simplesmente matam-se."

Carlos Coelho, Mercado da Saudade in Portugal Genial, pp. 111-113

segunda-feira, 17 de maio de 2010

domingo, 16 de maio de 2010

Reconstituição Histórica em Alcobaça

Neste fim de semana fez-se, mais uma vez, a reconstituição do mercado semanal do século XIX, no largo do Mosteiro de Alcobaça.
A cidade está por isso animada com ranchos folclóricos, vendedores de fruta, artesãos, etc, aos quais se juntam os feirantes da Feira Mensal de Antiguidades.
As esplanadas estão cheias e as vistas são surpreendentes, como ver uma robusta camponesa com a mais moderna maquilhagem ou um grupo de rapazes de chapéu de aba larga e beber umas cervejolas ou a fazer uma chamada de telemóvel. Claro que isto é nas zonas marginais da reconstituição histórica, quando os participantes resolvem descansar um pouco. Mas são estas imagens que sempre me divertem muito nas reconstituições históricas.

Por coincidência - ou talvez não - eu descubro num livro que descreve Alcobaça nos inícios do século XX, um poema da brasileira Cecília Meireles, rendida aos encantos de um domingo na vila de Alcobaça:

"Domingo de Feira

Neste caminho de Alcobaça
Nos arredores do Mosteiro
Eu sei que o mercado da praça
Dura quase o domingo inteiro

Na bojuda louça vidrada
Cada vulto é um desenho novo
E há, alforges nos degraus da escada
Onde palra, mercando o povo

Cada gesto é uma Aljubarrota
Um Brasil - no braço que alterca
«Figos, figos da capa rota!
Dez reis ao quarteirão! Quem merca?»

Meias roxas, verdes, vermelhas
Vão e vêm para cada lado
Parece um desenho animado"

Não sei a data. Deve ser já bem dentro do século XX...
Está citado na página 78 do livro de Mª Zulmira Marques, Um Século de História de Alcobaça (1810-1910): Chalets e Palacetes do Romantismo Tardio.

Plácido Domingo

Não sei quem terá tido a ideia de pôr um nome destes a uma criança; até porque, mesmo que tenha nascido a um domingo, não deve ter sido plácido. Não consigo associar a ideia de um parto a uma actividade calma e plácida. Mas, nessa matéria, sou uma teórica.
O que é certo é que para além de ter visto o tenor na famosa actuação dos três tenores, bastamente passada no pequeno écran, sempre me lembro do homem num domingo como hoje: plácido. E é por causa dele que não associo outro adjectivo a um domingo como hoje. Poderia ser calmo, relaxante, solarengo...tudo adjectivos que servem para outros dias, mas, sendo domingo - e graças ao invulgar nome de um tenor conhecido - será sempre plácido.
Plácido (que dito com a pronúncia espanhola, acentua o 'c' e ainda arrasata mais a sensação de dormência, de imobilidade) seja pois o vosso domingo, que eu, não estou com vontade de fazer nada...só «placidar» mesmo.

Geração - À procura de um conceito

"GERAÇÃO LITERÁRIA

Grupo de escritores contemporâneos e coetâneos que comungam dos mesmos ideiais, respondem aos mesmos desafios históricos, partilham a mesma estética e que muitas vezes procuram construir uma obra com características comuns. O conceito é naturalmente frágil se atribuído apenas em função do critério da contemporaneidade de um conjunto de escritores; também não é correcto agrupar escritores numa geração literária em função da idade, se não existirem afinidades ideológicas e estéticas e, sobretudo, um desejo colectivo de afirmação literária, condição que nos parece fundamental na canonização de uma geração literária; e ainda pode falhar o critério da familiaridade de opiniões e pensamento para agrupar certos escritores numa geração literária, porque esta admite a inclusão de indivíduos que não concordam com os mesmos ideiais, mas que, por razões históricas ou culturais, se encontram ligados a um grupo determinado. O conceito pode ser também de aplicação mais restrita, por exemplo, quando utilizado em expressões do tipo “a geração literária do autor A.”, que diz respeito, normalmente, ao conjunto de escritores revelados no momento histórico em que esse autor se anunciou, sem que necessariamente todos eles se tenham constituído em escola."
in
http://www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/G/geracao_literaria.htm

sábado, 15 de maio de 2010

Ler: «Tão natural como a minha sede»

Não me lembro de como aprendi a ler.
Lembro-me de querer aprender a ler e lembro-me de ler, mas não do processo de passagem de um ponto ao outro.
Há uns anos, quando acompanhei o processo de uma criança aprender a ler, compreendi como para ele era difícil, penoso, por etapas...um sacrifício. Foi aí que eu tentei lembrar-me desse caminho e...não me lembro.
Parece que não deve ter sido difícil, deve ter sido algo natural, fácil, agradável (lúdico, dir-se-ia agora). Quase como se eu já soubesse e não soubesse que sabia. Um processo quase socrático - Meu Deus! Esta expressão agora adquiriu outras conotações... - que já me tem acontecido noutras situações. Será que é verdade? Que nós temos os conhecimentos dentro de nós? Que já nascemos com uma quantidade de potencialidades e que o crescimento não faz mais do que desenvolvê-las? Não estou a falar do destino e da predestinação. Ou estou?...Não, é mais predisposição.
Pensando no meu caso eu nunca tive nenhum interesse pelos números e pelas ciências e sempre fui «toda virada para as letras».
Às vezes ponho-me a pensar no que seria a minha vida se eu não soubesse ler...E sinto um arrepio. E uma imensa solidariedade com todas as mulheres que viveram antes de mim e que viram vedado «o mundo das letras» à sua condição feminina.
Não me lembro de aprender a ler. É uma coisa tão natural ou tão antiga em mim que não o recordo, como o primeiro choro ao nascer, o primeiro banho, a primeira papa. Tudo tem uma aprendizagem e eu devo ter aprendido a ler. Claro que eu aprendi a ler. Mas não me deve ter custado nada.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Aquaparque

Nasceu de uma emoção, assim, sem esperar.
Quando teve consciência da luz estava à beira de um precipício. Antes de poder decidir o que fazer, sentiu-se empurrada e só teve tempo de se agarrar a uma pestana, por onde foi deslizando, deslizando, até se estatelar na pele macia da face, por onde se deixou escorregar...devagarinho, suavemente, embalada num movimento agradável...relaxante, até.
Não poderia precisar quanto tempo demorou o 'slide', mas o movimento terminou num novo precipício. Suspensa, teve agora tempo de decidir por si o que faria.
Resolveu arriscar. Saltar do queixo, em queda livre, aterrando de novo em pele macia. Continuou a sua rota por um desfiladeiro até chegar a uma planície, tão grande que não se via o fim. Sentiu-se dissolver e incorporar na própria pele que lhe servia de divertimento.
Foi breve aquele momento, mas muito agradável.
Gostaria de repetir.
Será que todas as lágrimas se divertiam assim? Será que era sempre tão emocionante?
Agora era só esperar por outra emoção...Que emoção!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Anorexia Molinológica
















Mudam-se os Ventos
Mudam-se as Vontades
Se dantes
robustez e gordura
eram formosura,
hoje,
magreza é beleza
mesmo em paisagens
d(est)a Natureza

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ermelinda Duarte - Second Life

Depois de aturadas pesquisas em fontes que pretendem anonimato descobri que:
- a gaivota foi mandada parar por excesso de velocidade e encontra-se nas Berlengas a cumprir serviço comunitário
- a Ermelinda foi acusada de incitar a gaivota a atitudes consideradas perigosas para o tráfego aéreo e procurou mudar de identidade
- nos desenhos animados só conseguiu mudar a voz...
- gizou então um plano para se fazer passar pelo Eládio Clímaco, do qual ninguém participou o falecimento e fez a sua aparição pública num concurso especial do José Carlos Malato
- diz-se, à letra pequena, que Ermelinda/Eládio e José Carlos Malato estão a preparar uma versão absolutamente inovadora do Elixir do Amor de Donizzetti, para ser apresentada nos 250 anos da RTP
(esta última informação estava escrita em letra invisível - aquela do sumo de limão - e tive de passar o écran a ferro várias vezes até conseguir descobrir o texto oculto).

segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Uma papoila

crescia, crescia,
grito vermelho, num campo qualquer.
Como ela, somos livres
somos livres, de crescer



Uma criança dizia, dizia:
«Quando for grande,
não vou combater».
Como ela, somos livres,

somos livres de dizer"

Música e letra de Ermelinda Duarte


Caminhava eu por S. Martinho do Porto, quando esta papoila me saltou ao caminho e me relembrou que eu sou livre de crescer e de dizer. Mas colocou-me uma pergunta a que eu não sei responder: O que é feito da Ermelinda Duarte, de quem conheço esta música - como toda a gente - mas de quem nada mais sei?
(Não se dão alvíssaras, mas agradece-se antecipadamente os possíveis esclarecimentos).

domingo, 9 de maio de 2010

Cardume



(Um dos objectos de decoração do Restaurante «Abrigo da Montanha», na Serra da Boa Viagem)

Figueira da Foz - 9/5/2010







(Com dedicatória implícita)

sábado, 8 de maio de 2010

Preparativos para a chegada do Papa

A laicidade do nosso Estado é uma coisa fantástica!
(na verdadeira acepção da palavra)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Fé no Serviço Público...

"Nos hospitais públicos, quando o paciente não responde ao tratamento, substituem o paciente."

"O Governo ainda não se deu conta da grande quantidade de funcionários públicos deprimidos que poderiam estar curados, caso tivessem acesso a uma terapia ocupacional."

...no Brasil

Georges Najjar Jr., Desaforismos

Recado para Meggy

«Quando é que eu vou para casa?» indagou, com tom quase autoritário.

«Quando a tua dona te vier buscar» respondi-lhe, sem dar grande importância.

Reparei que os quadrados do padrão escocês se alongaram um pouco e tive receio que ele fosse sensível e começasse a chorar.

«Olha lá» tentei, mais conciliadora «porque não aproveitas o tempo e convives um pouco com os teus colegas?»

Aí compreendi que era arrogância, mesmo, e não simplesmente tristeza.

Eu sei que os meus chapéus de chuva foram comprados em lojas chinesas, em dias de chuva, naquelas urgências que sempre me irritam, pois devia estar prevenida com um dos chapéus que acumulo em casa. O visitante era, de facto, de outra estirpe: madeira, forte, padrão delicado...uma verdadeira sombrinha e não apenas um chapéu de chuva.

Tentei mais uma vez: «Nem eu nem eles temos culpa que a tua dona te tenha esquecido no café da minha rua! Eu até te fiz um favor de te ir buscar: estavas no caixote do lixo, lembras-te? Deixa que te diga: aquilo não era um chapeleiro a sério.»

Desde aí reparei que ele amuou. Virado para a parede recusou-se a fazer sequer um sorriso para os colegas de estirpe inferior. Eu juraria que ele olhava para eles com uma das varetas, rematadas a madeira, mais levantada que as outras, em sinal de desprezo.

Deixei de lhe ligar. Entrava e saía sem lhe dar cavaco.

Chegou o sol e eu estreei as sandálias e passei a pôr creme solar no rosto, feliz da vida.

Esta noite, eu sei que ouvi, um matraquear, uma espécie de fandango de um só pé, ou uma dança solitária de uma bengala. Não liguei. Acreditei que seriam aqueles espíritos que povoam os livros da Isabel Allende e que não nos devemos preocupar muito com essas questões.

Esta manhã chovia a potes e só quando regressei, ensopada, ao fim da manhã, percebi tudo, sobretudo o ar triunfante da nobre sombrinha.

O som de ontem era uma dança da chuva! Claro: quem sente a falta de um chapéu de chuva em dia de sol?

Portanto, pequena, eu e o teu chapéu estamos fartos um do outro. Fazes o favor de o vir buscar que eu quero voltar a usar as sandálias!

A qualquer hora esperamos por ti!



Nota destinada a evitar equívocos: Isto foi só um pretexto para escrever um texto. Por favor, não amofines. Mas, se eu fosse o teu chapéu, estaria, mesmo, um bocadinho aborrecida. Beijinhos.

Castelo de Leiria - 1 de Maio de 2010


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Os contextos dos textos

As leituras - como tudo na vida - têm tempos, ritmos, léxicos próprios: «Tudo tem o seu tempo», diziam os Antigos, e é bem verdade.
E vêm estas reflexões a propósito de quê? Da minha relação com um livro.
Deve haver cerca de dois ou três anos que o enfiei numa mala - maneirinho que ele é - para lhe ir dando uma vista de olhos entre o aqui e ali de um dia de muitos afazeres na capital. Anunciava-se o «missal» como uma síntese, acessível ao grande público.
Achei-o intragável! Comecei duas ou três vezes a mesma página, tentei lê-lo «na diagonal», espreitar mais à frente...um horror - não tinha ponta por onde se pegasse, pensei enfastiada.
Correram os dias e muitas outras leituras, nesta minha empreitada de estudo.
Hoje, antes de partir por aí, «bati com os olhos» nesse mesmo livro e pensei: Talvez tenhas alguma coisa que me interesse...
Cativo, de novo, dentro da mala, lá me acompanhou no meu périplo ensolarado.
E não é que foi «amor à segunda vista»?...
Mal abri o livro, as frases desfilavam-me diante dos olhos e do espírito como uma escrita coerente, interessante; vários parágrafos me despertaram o interesse e a possibilidade de os utilizar em citações, algumas tiradas me fizeram sorrir e - sobretudo - achei o livro muito bem escrito e muito pertinente.
Surpreendida comigo mesma recordei o nosso primeiro encontro: o que mudara? O livro não, certamente!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

«Perfume de Mulher»

Crónicas de um passeio na Primavera, sem relógio nem telemóvel:












(colhidas em jardins na Marinha Grande)



terça-feira, 4 de maio de 2010

segunda-feira, 3 de maio de 2010

"Pára, pára. PÁRA!"



"O Pão-de-Ló era ali..."

domingo, 2 de maio de 2010

Incidentes com adeptos dos clubes de futebol

«E não podemos exterminá-los?»

EÃM ad aid

Qual é a palavra para uma mãe que perde um filho?
Acho que não há.
Um filho que perde a mãe é orfão. Existem orfanatos, para proteger os desafortunados, que perderam a mãe ou os pais cedo demais. Orfanatos. Forma de compensar algo esperado, só que não tão cedo.
É normal os filhos perderem os pais. É a ordem natural da vida. Os mais velhos morrem, os mais novos ficam. Todos estamos, de alguma maneira, preparados para isso. E criámos mecanismos de protecção mais ou menos eficazes. Temos de estar preparados, é natural que aconteça. Tão natural que existe uma palavra, um «estado civil» para isso: ser orfão, a orfandade.
Mas não conseguimos sequer conceptualizar uma mãe sem filho: não tem nome, não é natural...não é concebível. É tão terrível que é inominável!
Hoje é nessas mães que eu penso. Mães sem filhos. Nunca deixaraão de ser mães...e no entanto já não o são, porque não têm quem lhes chame mães.
Penso na minha avó, que perdeu o filho único, penso na D. Maria, que perdeu uma filha, penso na D. Lúcia que perdeu um filho, penso na D. Zita, que muito velhinha, ao perder o segundo filho, me dizia, «Para que vivo eu? Qual o sentido disto?»
Hoje, que as montras todas assinalam a ternura associada às mães e filhos, penso nas mães que ficaram orfãs de filhos, penso no inverso de ser mãe, na destruição brutal dessa instituição que é a maternidade...
Como se chama a uma mãe que o deixou de ser? Não se concebe, não se verbaliza, afasta-se do espírito.
Não se aguenta?... «Aguentamos tudo o que Deus quer que aguentemos», dizia a minha avó, com o fundo da tristeza dos olhos «Esperemos que Ele não mande tudo o que tem para nos mandar».
Não existe palavra para uma mãe que perdeu um filho. É uma pessoa amputada, uma pessoa incompleta, alguém que perdeu - para sempre - uma parte de si...Mãe...que nunca deixa de ser mãe: eãm.

sábado, 1 de maio de 2010

Maio, Maduro Maio

"Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho."


Ary dos Santos