Em Alcácer eram verdes as aves do pensamento
Eram tão leves tão leves como as lanternas do vento
Em Alcácer eram verdes os cavalos encarnados
Eram tão fortes tão negros como os punhos decepados
Em Alcácer eram verdes as armas que eu inventei
Eram tão leves tão leves tão leves que nem eu sei
Em Alcácer eram verdes os homens que não voltaram
Eram tão verdes tão verdes como os campos que deixaram
Em Alcácer eram verdes as maçãs feitas de lume
Eram tão frias tão frias como as dobras do ciúme
Em Alcácer eram verdes estas palavras que agora
são tão caladas tão cernes tão feitas desta demora
Em Alcácer eram verdes as flores da sepultura
Eram tão verdes tão verdes tão verdes como a loucura
Em Alcácer era verde meu amor o teu olhar
Era tão verde tão verde quase à beira de cegar
Em Alcácer eram verdes os lençóis onde morri
Eram tão frios tão verdes como os campos que eu não vi
Em Alcácer eram verdes as feridas do meu país
Eram tão fundas tão verdes como este mal de raiz
poema Joaquim Pessoa (cantado por Carlos Mendes)
Letra colhido no blog "A Pedra do Homem"
3 comentários:
A dupla Joaquim Pessoa-Carlos Mendes é fantástica e produziu belezas como mais esta, uma das melhores canções de amor do álbum "Não me peças mais canções":
Nosso corpo
Deixar nas tuas mãos tudo o que eu amo
nadar no lago verde dos teus olhos
em teu corpo saber como eu me chamo
queimar manhãs de incenso ou de petróleos
chamar por ti, uivar como se um lobo
devorasse corças brancas no meu peito
e o coração inteiro fosse pouco
para amar ou morrer de qualquer jeito
saber que esse punhal que o vento ergue
acima do esplendor da amendoeira
é apenas o tempo que se perde
ao acender de dia uma fogueira
e naufragar em ti como se eu fosse
um mastro habituado a correr mundo
e no mar do teu ventre inquieto e doce
mergulhar nesta noite até ao fundo.
Joaquim Pessoa
http://www.youtube.com/watch?v=NV-XRccm0Q8
Aiiiii-i-i...
Derreti todinha...
Plof!(e agora?!?...)
A geografia explica que o choque de continentes, longe de levar ao esmagamento, faz nascer majestosas montanhas...
Estima
Um lado é uma península
e eu uma ilha,
que o terremoto esmerilha.
O outro é um continente
e eu um monte,
de onde se avista a ponte.
A amizade é o istmo
de uma estima premente
entre a península e o continente.
É o estreito que bate no peito
e une a baía ao estuário.
É o delta de um rio imaginário.
Felipe Cerquize
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