segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Campanha Eleitoral

Comemora-se este ano o 50ºaniversário da Revolução do 25 de Abril.

Meio século! 

E eu já era nascida!

E lembro-me!

Estas afirmações exclamativas (quase parecem um poema) são a forma de eu manifestar a minha estupfacção por já ter passado tanto tempo. Eu não me sinto com tanta idade. Ou com a ideia que eu tinha de tanta idade. Claro que eu noto que a idade passou (ainda há pouco fiz um enorme esforço para me sentar num banquinho muito baixo e tive dúvidas da minha capacidade de me levantar de lá) mas parece que me sinto sempre jovem a achar que após os 50 estaria a ver a vida passar devagarinho, enquanto protegia as pernas com uma mantinha e fazia festas aos gatinhos que me acompanhariam. Bom, esse é o cenário depois das 22 h, mas a descansar do trabalho e estirada numa chaise-longue, coisa que não havia nas salas portuguesas quando eu construí a minha imagem sobre a velhice.

Foi então há 50 anos, efectivamente passados mas pouco percebidos, que aconteceu o 25 de Abril. A Revolução. A transformação. A chegada da Liberdade. O fim da Ditadura. A Democracia.

Todas estas palavras fizeram parte da minha infância e adolescência e ainda fazem (felizmente!) parte da minha vida adulta. 

Mas ao tentar acompanhar ontem o que se passava com a campanha eleitoral que ontem mesmo começou para as eleições legislativas, constato que parte das palavras que associo ao modo campanha eleitoral já não existem e/ou foram substituídas por outras.

O que é uma arruada? Porque não se fala em sessões de esclarecimento? E muitas outras dúvidas.

Resolvi assim, como uma espécie de comemoração pessoal (e de retorno a este blog) vir aqui procurar, esclarecer e guardar, algumas das palavras que me fizeram crescer em Democracia.

Uma Democracia que recordo pura, primordial, ingénua, ávida e muito, muito participativa.

Uma Democracia que associo à explosão da Cultura e do Poder Popular. Uma Democracia que associo a um Povo efectivamente Unido.

Sei que não foi tão assim. Mas gosto de a recordar assim, de acreditar que pode ter sido. Pelo menos para algumas pessoas pequeninas e crédulas como eu. Acreditei que estava a crescer num país novo que dependia de todos e de cada um para ser construído. Acreditei que fiz parte (importante) do crescimento do país, que tinha os cabelos brancos dos militantes antifascistas e as mãos calejadas de quem trabalhara horas sem fim pela mudança.

É nestas manifestações de fé que percebo que a nossa construção depende de todas as peças e que, se hoje me sinto feliz num calmo espaço rural, se tivesse crescido aqui não teria esta imagem (tão grata) da Revolução de Abril a explodir em milhares de bocas e mãos numa cidade grande, num mundo operário, no coração do País.

E as campanhas eleitorais que se seguiram ao 25 de Abril? Abriu-se-me agora no rosto um sorriso tão grande...

Saudades do passado não fazem muito mover moinhos, mas é mais pelo que fui do que pelo que sou que vou votar nas próximas eleições!