domingo, 30 de novembro de 2014

Construir

Dá imenso trabalho! Sair da rotina, fazer algo de novo...
Dar um nível de escolaridade diferente é um desafio.
Voltar ao Secundário ao fim de tanto tempo e mergulhado agora na ilusão da objetividade (em que cada passo tem de ser justificado...) dá imenso trabalho. Passei o fim de semana todo a fazer o teste. Mas está tão lindo! Pesquisar, procurar novos materiais, construir todo um discurso e uma argumentação nova, perspetivar as coisas para outro nível de análise. Construir, criar, inovar!

Estou cansada, muito cansada, mas foi muito bom.
Esperemos que eles estudem e que nos corra bem!

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Hoje sentei-me aqui. Infeliz de dor de garganta, irritada de uma reunião inútil.
Cansada do que sou hoje, parti em busca de mim, noutros tempos escritos, em palavras aqui guardadas.
Sem vergonha, revisitei alguns textos que me lembrava de ter gostado de ter escrito. Ri e chorei e não sei (ainda) porque me deixei para trás.
O que fizeram de nós? Como nos amachucaram tanto? Onde nos perdemos? Qual o caminho para voltarmos? Tem volta?
Hoje estou assombrada com uma pergunta dos alunos: "A professora fez mestrado?" "Sim." "E doutoramento?" "Sim." "É que nos disseram, mas eu não acreditei...Fez mesmo? E é professora?" "Não quero ser mais nada!"
Como é que chegámos a isto? Sim, porque o que foi dito foi: se pode ser outra coisa porque é que é professora? Mas não é a profissão mais nobre? Se já nem eles vêem, só resta perguntar: Como nos fizeram isto, e como deixámos que o fizessem?
Onde é que eu estava no 25 de Abril de 74? Na Escola. Onde ainda estou. Onde queria estar. E ainda quero? Para quê? Se o alunos deixaram de perceber o trabalho de um professor...

domingo, 23 de novembro de 2014

Grito

Ando com uma grande nostalgia de aprender.
Sinto tanto a falta de aprender!
Envolvida e enredada entre a burocracia da escola e alguns compromissos que assumi, o tempo não chega para aprender. Aprender coisas novas, ler até cair a noite, sentir uma dor no estômago por ter deixado passar a hora da refeição, reparar que passou a hora de qualquer coisa porque estava entretida. Ler, aprender, estar, ser, sem grandes preocupações de estar a faltar a algo, de correr para determinado compromisso, de fazer o que está certo, porque sim.
Ultimamente leio mail e preencho formulários, cumpro planos e escrevo sumários. Justifico cada opção que tomo, como um doente em recuperação, que tem de, cuidadosamente, analisar cada passo perante o médico que lhe prescreveu a cura.
Estou farta! Farta!
Quero ler, escrever, não fazer nada, pensar, respirar, simplesmente. Pois só assim poderei reencontrar um caminho que seja só meu, vendo passar o rebanho na estrada bordejada pela sebe, que confere um ar natural ao redil.

domingo, 9 de novembro de 2014

Memória

Hoje a minha mãe faria anos. Pensei o dia todo nisso.
E naquela entrevista do António Lobo Antunes, que já uma vez por aqui publiquei, que fala nos "mortos que habitam em nós" e na forma como a nossa memória dos nossos mortos muda e na forma como mudamos a convivência com essa memória.
Pensei em escrever alguma coisa sobre isso, mas concluí que ainda não sou capaz.