quarta-feira, 7 de abril de 2010

Olhar o céu azul e inventar uma moldura

"Dias úteis
às vezes pretextos fúteis
pra encontrar felicidades
no percurso de um só dia
Dias úteis
são tão frágeis, as verdades
que se rompem com a aurora
quem as não remendaria?
Dias úteis
mesmo se a dor nos fizer frente
a alegria é de repente
transparente
quem a não receberia?
Mesmo por pretextos fúteis
a alegria é o que nos torna
os dias úteis
Dias raros
aqueles que por amparos
do bom senso e da imprudência
fazem os prazeres do dia
Dias raros
como os ares, Rarefeitos
amores mais do que perfeitos
quem os recomendaria?
Dias raros
em que os mais dados às rotinas
ouvem sinos, seguem sinas
cristalinas
quem as não perseguiria?
Por motivos talvez claros
o prazer é o que nos torna
os dias raros
Por pretextos talvez fúteis
a alegria é o que nos torna
os dias úteis
Por motivos talvez claros
o prazer é o que nos torna
os dias raros
Por pretextos talvez fúteis
por motivos talvez claros"


Sérgio Godinho, Dias úteis

4 comentários:

Ninguém.pt disse...

Podem ser fúteis, podem ser claros, raros são certamente, mas cada um dos dias é também uma aposta na roleta da vida...

Medida

Jogo contra o destino.
Cada minuto, cada desafio.
Livre neste baldio
Da liberdade humana,
Arrisco a consciência dos meus actos
Na roleta da sorte.
O triunfo e a derrota não me importam.
Nenhum triunfo vale o sol que o doira,
E nenhuma derrota o é na morte
Que temos certa.
Quero apenas fazer a descoberta
Do que posso e não posso,
Sem poder nada.
Aprendo a conhecer o meu tamanho
Pela maneira como perco ou ganho.


Miguel Torga

Espero que a gripe seja uma ténue recordação, tornada agradável pelos mimos...

josé luís disse...

não é de todo possível olhar o céu azul e inventar uma moldura!

[...mas é possível curar uma gripe com mimos :)]

Ninguém.pt disse...

• Será que apanhou frio quando foi ver o céu azul?
• Será que usou a janela como moldura e ficou ao frio?
• Será chuva, será vento... Vento não é certamente e a chuva não ataca assim!

Esperemos que não seja excesso de mimo...

As melhoras, querida peça de mobília! Sentimos a sua falta naquele cantinho – tão vazio assim!

Escrivaninha disse...

:-)
Como diria Amália: Obrigada, obrigada, obrigada.