sábado, 30 de maio de 2020

- Gosta então de tirar fotografias?
- Sim, para ilustrar legendas.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Recuperar da quarentena

Muito sinceramente não sei se algum dia vou recuperar da quarentena! Habituei-me de tal maneira a estar sozinha e sossegada que, quando estou muito tempo com alguém, quando chego a casa preciso de recuperar. Ficar um tempo com uma luz suave, ouvir música de relaxamento...para recuperar o meu equilíbrio.
Isto de estar sozinha está a ser muito bom. Ter de estar com os outros obriga-me a um esforço.
Algo mudou. De certeza. E se dantes me parecia extraordinariamente radical ser monja num qualquer convento (cristão, budista, não interessa qual a religião) hoje o que me parece radical é frequentar o Rock in Rio, que eu frequentei com muito agrado, note-se.
Não sendo uma experiência de laboratório não podemos isolar as variáveis, para compreender o factor de influência de cada uma e por isso não sei de devo atribuir estas mudanças maioritariamente a algum dos seguintes factores:
- estou mais velha
- estou há 10 meses sem trabalhar inteiramente entregue a mim mesma, decidindo os meus ritmos e a minha lista de too-doo's (aprendi esta agora)
- estamos a viver uma situação de calamidade em que é aconselhado o isolamento social
- estive muitos dias sem contactar com pessoas e mesmo sem as ver, uma vez que o meu prédio se debruça sobre um jardim público que ainda não abriu, mesmo nestes tempos de desconfinamento
- a janela do meu escritório dá para as traseiras de uma igreja (daquelas universais) em que pelo menos 3 vezes por semana tentavam atingir Deus com gritos e orações e as atividades de culto têm estado suspensas
- aproveitei o tempo da quarentena para mudar a disposição de móveis e limpar gavetas e - coincidência ou não - tudo parece estar mais limpo e energético por aqui. A isso atribuo o facto de as orquídeas e as rosas, que raramente abrem flor, estarem no máximo da sua exuberância primaveril
E querem que eu queira voltar à normalidade? Parece-me que quem defende isso é que não é normal.
Tenho estado muito calma, sossegada e feliz.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Poderiam ser conselhos para um mundo pós-pandemia, mais caseiro, menos globalizado, mais contentado, menos ambicioso

Um país pequeno, com poucas pessoas.
Que existam armas para uma esquadra ou batalhão,
mas que ninguém as use.
Que o povo encare seriamente a morte
e não vá morar para longe.

Embora existam barcos e carruagens, 
que não haja lugar para os utilizar.
Embora existam armas e armaduras,
que não haja lugar para as exibir.

Que o povo volte às cordas com nós e as saiba utilizar.
Que seja doce a sua comida
Que sejam belas as suas roupas
Tranquilas as suas casas
Alegres os seus costumes.

Que países vizinhos se observem um ao outro,
ouvindo o som das galinhas e dos cães um do outro.
E o povo chegue à velhice e morra
sem idas e vindas de um para outro.

Lao Tse, Tao Te King: Livro do Caminho e do Bom Caminhar (capítulo 80, p. 133)
Tradução e comentários de António Miguel de Campos

Com o isolamento social

ficámos muito expostos a nós mesmos.
Isto do confinamento fez-me conviver imenso comigo mesma. E nós nem sempre nos entendemos.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Então, mas eu, de escritora só terei o bloqueio?

Leituras

Gosto de escritores que são eruditos.
Gosto de escritores que mostram a sua erudição.
Gosto de escritores que investigam para escrever.
Gosto de pedaços puros de erudição, de mergulhar num tema e sentir que estou a falar com um especialista.
Assim foi hoje a leitura do capítulo VI de O Clube Dumas, de Arturo Pérez-Reverte, sobre o trabalho das tipografias ao longo dos tempos.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Assim se caracteriza um escroque

"- Essa é uma das vantagens do dinheiro: permite contratar esbirros para os trabalhos sujos, enquanto podemos manter-nos impolutos."
frase de Varo Borja, personagem de O Clube Dumas de Arturo Pérez-Reverte

domingo, 17 de maio de 2020

Tome a vida nas suas mãos e o que acontece? Uma coisa terrível: ninguém para culpar.

Erica Jong, escritora americana
Ao som de Tchaikovsky lá avança a sopa para o jantar...

terça-feira, 12 de maio de 2020

Atenção ao que estás atento

"A que entregas a tua atenção quando falas e quando actuas?
Onde pões a tua atenção pões o teu poder, a tua força geradora de criações."

Extracto de uma fala de um Mestre num conto zen

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Partilhar silêncios

O silêncio é um lugar essencial de comunicação entre amantes ou entre amigos. Poder calar-se conjuntamente é um grande sinal de cumplicidade.

David Le Breton citado por Alberto Filipe Araújo no artigo Do Silêncio como via longa. Contribuições para uma Pedagogia do Silêncio

Mistagogia

Iniciação aos mistérios de uma religião.

Priberam, consultado hoje, no âmbito da leitura do artigo Do Silêncio como Via Longa. Contribuição para uma Pedagogia do Silêncio, de Alberto Filipe Araújo, inserido na Revista Lusófona de Educação, nº 46.

domingo, 10 de maio de 2020

A Culpa não existe!

"- Eu errei. Eu afastei-me do caminho. Perdoa-me Mestre!
- A culpa não existe. Por isso não precisas do meu perdão."

Extraído de Um Conto Zen

quarta-feira, 6 de maio de 2020

O que exige demasiado esforço é contrário ao Tao, ao qual muitos chamam «O Caminho».

domingo, 3 de maio de 2020

Cheiros que nos trazem memórias...quem os não tem?

Uma curiosidade interessante e importante em relação ao sentido do olfato é que ele é o único dos cinco sentidos básicos que não é mediado pelo hipotálamo. Quando cheiramos alguma coisa, a informação, por razões desconhecidas, vai diretamente para o córtex olfativo, que fica perto do hipocampo, onde se formam as memórias. Alguns neurocientistas julgam que isto pode explicar por que motivo certos odores evocam memórias de forma tão intensa.

Bryson, Bill, O Corpo: Um guia para ocupantes, p. 118 

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Será que os arco íris dos outros animais têm mais cores?

Os nossos olhos contêm dois tipos de fotorrecetores para a visão - os bastonetes, que nos ajudam a ver em condições de semiobscuridade mas não fornecem cor, e os cones, que trabalham quando a luz é forte e dividem o mundo em três cores: azul, verde e vermelho. (...) Uma vez que, em tempos, fomos criaturas noturnas, os nossos antepassados prescindiram de alguma acuidade de cor - ou seja, sacrificaram cones em troca de bastonetes -, de modo a terem uma melhor visão noturna. Muito mais tarde, os primatas desenvolveram novamente a capacidade de ver vermelhos e laranjas, para conseguirem identificar a fruta madura, mas continuamos a ter apenas três tipos de recetores de cor, em comparação com os pássaros, peixes e répteis, que têm quatro. Dá que pensar que praticamente todas as criaturas não-mamíferas vivam num mundo mais rico, em termos visuais, do que nós. 

Bryson, Bill, O Corpo: Um guia para ocupantes, pp. 109-110