segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Box: conflito no ringue

 Desde Junho que nada escrevo por aqui. E noutros lados também pouco. Vim aqui hoje para registar uma reflexão sobre os programas que vejo na televisão e como isso mostra que estou preguiçosa e, constatando há quanto tempo nada aqui escrevo, ainda fico mais triste comigo.

Tento convencer-me que estou numa fase de reorganização, mas...não sei. Acho que, para fase, já dura há um tempinho. E se eu me habituo?

Tenho algumas desculpas preparadas para o meu diálogo interno: que o meu trabalho atual me exige muita leitura e que quando chego a casa o que me apetece é descontrair com uma boa série policial; que podemos refletir sobre tudo, incluindo sobre as temáticas envolvidas na trama da novela da noite; que estou mais velha, mais serena, menos àvida por "intelectualices"... São todas verdades, são todas legítimas, são todas tristes e sintomáticas de um caminho de abrandamento...ou avacalhamento da minha intelectualidade.

E pronto: com um princípio ainda mais tenebroso que aquele que me trouxe aqui, cá está a temática do que vinha escrever. A organização e utilização da minha box da televisão (serviço MEO). A primeira coisa que vejo são as novelas. Agora está reduzida a uma, apenas, pois uma outra que eu estava a adorar pela temática envolvida, tornou-se ridícula na forma de abordagem. E por isso apaguei de uma assentada 6o e tal episódios, pois se os deixei acumular sem outra razão que não o desinteresse, não iria nunca vê-los. Seguem-se as séries policiais, nas primeiras temporadas com muito entusisasmo e depois, progressivamente, desligando-me de um elenco estafado e de gags repetidos. Raramente vejo mais que a 3ª temporada. Excepção para Deth in Paradise que retomei agora na temporada 11, precisamente porque a personagem principal vai mudando, mas também não estou inteiramente satisfeita. A sequência avança com as séries de humor, a maior parte delas muito antigas: os Friends já devem ser todos avós, metade do elenço de Dois Homens e Meio já morreu e o miúdo já deve ter deixado de ter crédito jovem há uma década. Depois vêm os concertos de música: esses ficam muito tempo por lá porque quero revê-los vezes sem conta. Uma ou outra série portuguesa, um ou dois escassos filmes. 

Por fim - e é isto que é dramático e que me fez dar-lhe destaque num novo parágrafo - os programas culturais, normalmente da Sociedade Portuguesa de Autores. Esses ficam por lá, porque só são chamados à reprodução quando não há mesmo mais nada. E isto é uma vergonha para mim. Que vi agora um "Original é a Cultura" sobre a morte, que era de 2021. E porquê? Porque senti que devia? Não, porque é segunda feira, esgotei as novelas gravadas e não consigo ler legendas enquanto almoço.

Se estou arrependida? Estou, mas, amanhã, quando tiver o episódio de hoje da novela, passa-me.

E é isto! É normal para a idade? Talvez: não consigo saber porque nunca antes tive esta idade e quando começar a ter opinião sobre o assunto passo para outra idade.