sábado, 31 de outubro de 2009

O Palmo como medida de qualidade de vida

«Ela empregou-se logo muito bem porque tem um palminho de cara...e fez uso dele...foi a sorte dela.»

«Os homens não se medem aos palmos.»

«Se ele tivesse dois palmos de testa teria aproveitado as oportunidades que já teve, mas assim...»

- Ora, o palmo depende do tamanho da mão, certo? Como fazem as pessoas que têm a mão mais pequena?

- Se calhar vivem pior...ou então...pedem a mão de alguém!

- Achas? Antigamente havia essa expressão...que eu não sabia bem pra que era..."Pedir a mão..."Seria para melhorar de vida?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Foi hoje empossado um Secretário de Estado de apelido "Zurrinho"

comprovando-se assim a moderação do discurso do Governo, nesta legislatura.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Palavreado

é assim uma espécie de sapateado de palavras, não é?

Hoje

O Governo está empossado; esperemos que nós não estejamos empoçados.

"Um vintém é um vintém e um cretino é um cretino"

Foram estas as palavras que saíram do aparelho de rádio, quando a ordem de despertar dada na véspera o fez accionar o som.
Abri os olhos intrigada: que estranhas palavras...
Afinal era uma polémica qualquer de treinadores de futebol, assunto que sempre me entedia e logo me desinteressa, a ponto de deixar de ouvir o que se diz.
De qualquer maneira, registo aqui, que há muito não ouvia palavras destas - vintém, é de outros tempos, cretino é intemporal, mas, embora se frequente bastante, a expressão é escassamente usada.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Diferença de Conceitos ou só de Palavras?


Lá estávamos nós a analisar esmiuçadamente mais umas caricaturas para compreender o ambiente dos séc. XVIII e XIX, quando me dou conta de uma discussão entre duas garotas que deveriam estar a fazer o trabalho de forma colaborativa.
Afinal a discussão era porque uma delas insistia que também se poderia chamar «cartoon» àquele tipo de desenho e a outra dizia que não.
Pois eu achei que sim, e que a diferença era de uma palavra importada para um género de crítica que nós já usávamos há muito tempo.
Assunto encerrado.
Mas, agora, aqui em casa, lá fui procurando na net e, embora nunca apareçam como sinónimos, as duas expressões não me parecem diferir na definição: a mensagem, o desenho satírico, o exagero de certas características físicas de uma personagem...A palavra cartoon está mais associada ao desenho animado...talvez...mas não vejo grande diferença.
Se alguém me puder esclarecer melhor...
E já que era para «ilustrar os tema» não resisti a colocar a clássica Porca da Política, do Genial Bordalo Pinheiro.
Sem segundas intenções...só mesmo para ilustrar o tema.

domingo, 25 de outubro de 2009

Singeleza

Lembra-me um Sonho Lindo

"Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado

Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira num peito um grito,
à desfilada

Canta rouxinol canta
não me dês penas,
cresce girassol cresce
entre açucenas

Afoga-me o corpo todo
se te pertenço,
rasga-me o vento ardendo
em fumos de incenso

Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado

Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira num peito um grito,
à desfilada

Ai como eu te quero,
ai de madrugada,
ai alma da terra,
ai linda, assim deitada

Ai como eu te amo,
ai tão sossegada,
ai beijo-te o corpo,
ai seara, tão desejada"


Fausto, Por Este Rio Acima

Porque é que o Fausto, que eu conheci sempre só como tal, agora aparece anunciado nos concertos como Fausto Bordalo Dias? Será nome de casado?:-)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Marcas de um Dia Hospitalar

- o furinho da injecção na veia do braço esquerdo, mas essa vai passar depressa
- as imagens das caras com que olhávamos uns para os outros, na sala de espera, na esperança de que ficássemos de fora das estatísticas...se x em cada y pessoas têm doenças graves, será que podemos sentir pena do x porque estamos no y?...
Uma sala de espera - de longa espera - é sobretudo uma sala de pânico.
As boas vindas de quem está sentado são acompanhadas de um olhar prescrutador, interrogativo, apiedado:
Porque estará aqui? Qual a sua doença? Tem cara de quem está mal...Coitada...ainda é nova.
É também uma sala dada a considerações filosóficas...sobre o relativismo da vida: "Porque passamos tudo isto, por causa das doenças e, afinal...quem pode dizer que está bem? A semana passada duas amigas minhas, vinham do trabalho, despistaram-se...zás! esborracharam-se debaixo de um camião!"
Consternação geral. Acenos afirmativos. "A vida não vale nada"; "Estamos nas mãos de Deus..."
E eu tento ignorar. Abro uma revista feminina, cheia de promessas de juventude eterna - apaga as rugas, chupa a gordura, resolve os problemas de pernas pesadas, faz desaparecer as olheiras...
Mas chega uma idosa com dificuldades de locomoção. Discretamente levanto os olhos...e tenho pena. Lamento, lamento pelas dores daquela mulher que ainda estão longe para mim. E sinto-me com sorte por ser muito mais nova...Até encarar os olhos dela, com pena, e sentindo-se com sorte, porquie ela, ela é velha, mas quando era nova não estava numa sala de médico, de exames de diagnóstico. Não, quando ela era nova nem pensava em doenças, e eu, com idade para ser filha dela...
Não suporto a pena que povoa aquela sala. A pena que sustenta o medo, o medo de sermos nós o alvo da pena dos outros.
E lembro-me, com pena e saudade, de uma amiga que deveria ter feito anos hoje...

Ela e Ele

"Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver"


I Love You, Marisa Monte

"Tive sim... outro grande amor antes do teu, tive sim.
(...)
Tive sim, mas comparar com teu amor seria o fim...
E vou calar, pois não pretendo amor te magoar."


Tive Sim, letra de Cartola, cantada por Ney Matogrosso

Nos escaparates na próxima semana

Uma Aventura sob Alçada de Isabel!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Fama que vem de longe

" (...)

Morra o Dantas, morra! Pim!

Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!

Morra o Dantas, morra! Pim!"


Manifesto Anti-Dantas, José de Almada Negreiros, Poeta d'Orpheu, Futurista e Tudo! 1915


http://triplov.com/almada_negreiros/anti_dantas.htm
(Para ouvir na inigualável interpretação de Mário Viegas de todo o Manifesto)

Caminhos Possíveis

"1. se v. exa. me permite
eu gostaria de dizer o que penso.

2. em primeiro lugar
penso que v. exa. anda
no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio.

3. v. exa. dirá que eu estou afirmando
que v. exa. anda para trás.

(...)

10. com efeito, não creio que v. exa. ande para a frente
nem que v. exa. ande para trás,
não creio que v. exa. ande para cima
nem que v. exa. ande para baixo,
não creio que v. exa. ande para a direita
nem que v. exa. ande para a esquerda,
apenas suponho que v. exa. anda à roda de si mesmo,
no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio
e, ainda, de olhos fechados, para não enjoar.

(...)

12. de forma que a visão de v. exa. e dos restantes concidadãos
andando todos à roda de si mesmos, no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio,
de olhos fechados e cabelos cuidadosamente penteados
é um espectáculo alucinante,
que v. exa. infelizmente não pode apreciar, por ter os olhos vendados.

13. claro que v. exa. julga que só v. exa. faz o movimento que v. exa. faz,
e o mesmo julgam os restantes concidadãos,
pois todos se consideram uma excepção, um caso único, especial,
e no entanto todos formam uma regra, no seu movimento regular,
no seu círculo vicioso, à roda de si mesmos, no sentido oposto ao dos ponteiros de relógio,
de olhos fechados e cabelos cuidadosamente penteados."


Carta, Alberto Pimenta

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tudo depende do nosso olhar...que às vezes fica turvo

"Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
Que eu vejo no mundo escolhos
Onde outros com outros olhos,
Não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
Uns outros descobrem cores
Do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
Onde passa tanta gente,
Uns vêem pedras pisadas,
Mas outros, gnomos e fadas
Num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
Querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.

Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes."


Impressão Digital, António Gedeão

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Segunda-Feira

"Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.

A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?

Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar, o perdão

Apesar de você
amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar


Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!

Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro

Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de "desinventar"

Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar

(...)

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia


(...)"


Chico Buarque

domingo, 18 de outubro de 2009

Será?

O que determina a categoria de uma sábio não é a quantidade e saber que possui, mas a relação que estabelece com o Conhecimento.
Ser sábio será, então, um posicionamento perante a vida?

Jogo de luz e sombra

Há dias em que, por vezes, morremos outra vez.
E, no entanto, podemos - se quisermos mesmo muito - retirar deles a mensagem de que se calhar não nos tínhamos apercebido que estávamos vivos.

sábado, 17 de outubro de 2009

Mania da Luz

"Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar

Ai, que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar

Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar

Meu amor juro por Deus
Me sinto incendiar


(...)"

Poema de Vinicius de Morais, cantado por Tom Jobim e Muicha

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Astrum 2009

Abre amanhã, no Vaticano, a exposição sobre Galileu.
Há 400 anos atrás, os poderosos da época, que se consideravam guardiões dos segredos do conhecimento, condenaram Galileu Galilei, pela audácia de afirmar a sua descoberta do heliocentrismo.
A novidade e a lógica - a evidência - foram consideradas perigosas e, como tal, extirpadas.
Galileu na humildade da sua sabedoria, teve de ceder perante a Autoridade da época

"Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas - parece-me que estou a vê-las - ,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal e qual
conforme suas eminências desejavam, e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal."
António Gedeão, Poema para Galileu

Em 1992 (!) a Igreja reconheceu o erro da condenação de Galileu e homenageia-o agora, com uma exposição que se anuncia como muito completa, para assinalar o Ano da Astronomia.

Galileu morreu sem ser aceite pelos «aceitadores de verdades» da época; sabendo que tinha razão e tendo de aceitar a estupidez instituída e modeladora do mundo, os que utilizam o Poder na sua auto-manutenção, disparando 'a matar' sobre todo e qualquer movimento do Conhecimento. Porque viviam no medo, no medo de que alguém tivesse conhecimento suficiente para perceber a insustentabilidade racional da sua Autoridade, no medo que os impedia de tentar Compreender, de poder ter o prazer de aprender, de se entregar ao diálogo profícuo, da troca de saberes...pois, se eles não tinham para a troca... se não consideravam ser possível viver na segurança de nunca estar certo, de saber que o Conhecimento é um processo interminável.

Gedeão descreve Galileu como um homem misericordioso perante a ignorância feita instituição. Será que era assim? Esperemos que sim, que ele tenha podido desfrutar das suas certezas, sem se angustiar com o atraso irremediável a que a civilização se vota a si mesma ao deixar-se chefiar por aqueles que lhe oferecem o conforto e segurança de uma Verdade Eterna.

"Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos.
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade."
António Gedeão, Poema para Galileu

Afinal, o que quereria Gedeão dizer? Que a busca do saber é uma missão tormentosa? Que os desígnios divinos explicam os diferentes caminhos na terra? Que o conhecimento traz consigo a intranquilidade?
E de quem será o Reino dos Céus, afinal?
Porque o da Terra, ao que vem constando, pertence dos pobres de espírito!

400 Anos depois! Astrum 2009 ou a impossibilidade de sufocar para sempre o Conhecimento.

Branca de Neve e os Seis Indivíduos extremamente baixos

Uma criação Paraíso Filmes/ Banheira 2000.
Com a Branca a falar «brasileiro», claro. E adaptações tão inesperadas como um ananás envenenado, em vez da tradicional maçã...já muito vista.
Genial: Na RTP2, numa reposição de uma excelente criação de António Feio e José Pedro Gomes.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Poderá a arrogância integrar-se numa sintomatologia com origem nas características ambientais?

Cada vez

me sinto mais Dr. House.
Sem as competências de diagnóstico...só os sintomas, mesmo.

Serviço Cívico

era agora obrigá-los (no caso de ueiras, ubriga-los) a limpar os cartazesinhos todos. Ruas limpas e despoluídas visualmente, para nos esquecermos destas figuras...das deles, que nos obrigaram a vê-los e das nossas, que depois disso, ainda votámos em alguns.
O que vale é que o Natal 'tá p'ra chegar!

Autárquicas

Eleger um autarca que tem um processo na justiça...já é comum.
Eleger um que foi de facto condenado, já era de esperar.
Mas que o pessoal de Oeiras lhe perdoe que ele troque os 'o' pelo 'u' é que eu não compreendo.
Ele disse "fomos livremente sufragados pelos «ueirenses»" e referiu-se várias vezes a «ueiras», o que parece não incomodar ninguém.
Não é estranho?

domingo, 11 de outubro de 2009

Temos de concordar

que o S. Pedro também não está a ajudar muito.
Um dia assim? Francamente!
Apetece muitas coisas...e votar, não está entre as primeiras da lista.
E, no entanto, nunca tinha visto fila para votar nesta minha nova terra muito mais pequena que a antiga.
Ou será que eu já «enpequenei» de tal forma que chamo agora «fila» ao que antes consideraria um grupito de pessoas?
É que nós mudamos conforme o sítio onde estamos: Se dantes era aqui a terra que me parecia pequena, agora é sempre Lisboa que me parece muito grande!...

sábado, 10 de outubro de 2009

Outonal

"Mais uma vez é preciso
reaprender o outono -
todos nós regressamos ao teu
inesgotável rosto
Emergem do asfalto aquelas
inacreditáveis crianças
e tudo incorrigivelmente principia
Já na rua se não cruzam
olhos como armas
Recebe-nos de novo o coração

E sabe deus a minha humana mão"

Ruy Belo (1933-1978)

Colhido em Poemário Assírio & Alvim 2006

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

As últimas!

É muito difícil, numa terra pequenita, em que quase toda a gente se conhece, sair à rua no último dia de campanha para as autárquicas.
Creio que fiz umas boas gincanas nas ruas do centro da cidade, mas consegui evitar todas as caravanas e comitivas, onde havia sempre - sem falha - algum elemento conhecido.
À noite, vou pôr a televisão bem alta, para não ouvir as buzinas «campanhísticas».
Que inferno! Nunca estive tão desmotivada para a política! E não sei como resolver isto!

José Mayer

Começou uma nova novela brasileira com José Mayer como protagonista.
Eu comecei a ver.
Não vou dizer que foi por ele ser o protagonista...mas também não é um facto sem qualquer relevância, reconheço.
Hoje, de tarde, enquanto esperava que chamassem o meu nome num consultório médico, vi, numa reposição de «Mulheres Apaixonadas», uma cena romântica em que J. Mayer assumia o papel de «homem perfeito»: bonito, galante, carinhoso, com a palavra e os gestos certos.
E dei comigo a pensar: Como será José Mayer a sério? Que dirá ele, na intimidade, quando não tem um guião para se guiar? Será que o peso de todas as personagens «perfeitas» que tem interpretado, não inibem o homem, a sério, na intimidade, em que será tão só um homem? Ou será que ele absorveu as personagens de tal maneira que as usa como seu guião pessoal?
Será possível a um homem que interpreta aqueles papeis, depois, ser, simplesmente um homem?
Será que é possível, na realidade, superar aquelas personagens? Será que alguém espera que ele o faça? Será possível ser ele só?
Bem...por alguma coisa ele é escolhido para aqueles papeis. Pois se até eu - que me tenho na conta de ser superior a estas coisas - estou para aqui a «agalinhar» desta maneira!...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"Anjo não tem sexo mas tem asas, o que não chega a ser uma compensação"

Najjar Jr. Desaforismos

E vem-nos à memória uma frase já lida

Hoje de tarde senti-me sozinha numa sala cheia de gente que falava ruidosamente.
Regressei a casa e liguei a televisão. Estão a dar as notícias da campanha eleitoral.
E lembrei-me que Najjar Jr. diz que "Muita gente fala sem pensar por falta de opção"

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

História (residual) de um tempo livre na Escola de Hoje e considerações anacrónicas sobre a mesma

Ele estava ali sozinho; olhava ocasioalmente para o telemóvel, mas, na maior parte do tempo, estava com o olhar parado, preso em qualquer coisa que não era visível.
Passei para o bar...fui à papelaria...demorei-me a conversar com a funcionária...e cada vez me intrigava mais a presença daquele aluno, numa sala quase vazia, sem uma explicação perceptível.
Por fim, interpelei-o: "Então rapaz? Aqui sozinho...onde estão os outros?"
"É que eu não tenho visual..."
"Ah, por causa da música, não é?" Ele acenou afirmativamente "Então e...ir à biblioteca?...fazer qualquer coisa?..."
"Não, obrigado. Estou bem assim."
E estava. Era um facto. A única que estava incomodada era eu.
E continuo incomodada. Então, tanta palhaçada para ocuparmos os meninos nos tempos livres, não podem estar desocupados, não podem estar livres, têm de estar sempre ocupados, mesmo que a babysitter se sinta ridícula e ultrajada por a obrigarem a fazer um trabalho sem sentido e, de repente, por causa da educação artística - a qual aplaudo vivamente, pois o país precisa de artistas, precisa de sonhar, cada vez mais - aquele menino fica assim...à mercê da ociosidade?
Mas, por favor, não digam nada a ninguém. Pois está bem de ver que se aquele jovem tem uma hora livre a culpa deve ser dos malvados dos professores, que não perceberam a existência de um vazio. Terão de remediar isso! Com mais horas de substituição. Com actividades de projectos...de quê? Não interessa. Projectos. Porque é preciso saber fazer projectos. Mesmo que da treta, do nada. Mas uma pessoa que sabe fazer um projecto é muito mais pessoa. Mais pessoa humana, talvez.
Estranho. Bizarro, mesmo, esta situação, num país que jurou preencher todos os tempos dos seus jovens para não os deixar decidir nada, nem tempo para pensar, para brincar, para sonhar. Rapidamente e em força a ocupar todos os tempos deste jovens para que tenham muitas horas de preenchimento de tarefas. Muitas horas que anulam as horas de aprendizagem que se faz sem planos, nem currículos, nem avaliações. Que se faz sem rede, vivendo.
Fantástico como o rapaz se acomodava bem a não fazer nada! Mas, se calhar também é isso que faz falta. Só que estava sozinho e não me parece que fosse possível aprender nada assim. Talvez ele não queira aprender nada. Talvez a atitude verdadeiramente original neste país enquadrado e formatado pela terapia ocupacional da treta seja mesmo a recusa da aprendizagem embrulhada em conteúdos e servida em tempos lectivos. A favor da verdadeira aprendizagem: a da vida. Que, talvez os nossos governantes ensinadores não saibam, mas pode mesmo ser vivida, dia a dia, sem programação rigorosa - uma aventura de surpresas. Cheia de perigos, sem dúvida, mas, por isso mesmo, tão aliciante.
Palavras anacrónicas, estas. Remetem para um tempo em que a sala de convívio era isso mesmo, em que a falta de um professor implicava um acto consciente de decidir o que fazer com aquela hora. Tão bom: decidir o que fazer com um furo. Decidir, pensar, exercitar o direito à individualidade. Porque no fundo o que nos poderia distinguir era o sentido das decisões que tomávamos.
Talvez seja isso mesmo que se quer evitar: o direito à diferença, à decisão, à vida consciente, ao perigo constante que obrigava os pais a educarem os filhos e a tomarem parte activa no seu crescimento, a sentirem-se, também, autores, dessas obras de arte únicas que eram as pessoas, cada uma das pessoas. Antes da massificação que nos sufoca - Essa é a verdadeira asfixia democrática: a submersão pela mediocridade indiferenciada das massas.
Felizmente ainda não desenvolveram a tecnologia a ponto de nos limparem as memórias. Assim, posso sempre manter - e divulgar - resquícios de memória de outros tempos, que, de facto, existiram.

Saudade

A melhor palavra para evocar a embaixadora do Fado, que se tornou a única mulher com túmulo no Panteão Nacional.
Dez anos depois: Amália, para sempre!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ritmos Tradicionais
















































Agora sim. Depois deste fim de semana magnífico, em que mergulhei nos ritmos da terra, fiz as vindimas do meu verão, encerrei o tempo de descansar de que abdiquei este ano.


Agora sim. Depois destes dias em que fui mimada, em que não me importei de comer e respirar tudo muito puro, em que bebi golos de água fresca e fotografei flores...só porque sim, porque me apeteceu, sem pressa, sem razão racional, sem tarefas a cumprir...



Agora sim. Estou pronta para voltar à escola, de alma e coração, como antigamente, em Outubro.

Foi num 7 de Outubro que entrei para a escola pela primeira vez; foi num 7 de Outubro que entrei para a Universidade pela primeira vez.


Este ano posso voltar a seis.


Amanhã lá estarei: de alma e coração lavado, agradecida por este fim de semana, em que alguns comemoraram os 99 anos da Implantação da República e outros simplesmente «estiveram de feriado» sem nem sequer querer saber porquê. Tantas vidas desperdiçadas, porque ignoradas pelos muitos que as não honram!
Também são ritmos tradicionais da História: o sacrifício e o esquecimento...




99 Anos: "Deixou-me Deus viver pra isto!"

A República Portuguesa compõe os seios desnudados e retira o barrete frígio. Está cansada de agitar a bandeira e de sorrir para o povo que tutela há quase um século!...
Senta-se um pouco no sofá a ver o serviço noticioso de um canal não estatal. Quer ver como a homenageiam; considera que merece saber o que dizem do serviço que tem prestado ao longo do tempo.
Primeiro não entende muito bem a brincadeira entre o Presidente da República e o Primeiro-Ministro que, ao que parece, encetaram uma disputa de popularidade.
C.S. - Vês? Tenho casa cheia. O Povo gosta mais de mim! Onde é que se está bem? É em Belém!
J.S. - República boa é na Câmara de Lisboa! Posso ter menos gente, menos bandas, menos palmas e menos beijinhos, mas eu é que estou com o espírito da República.
Ouve com atenção os inquéritos de rua. Afinal foi sempre para as pessoas que ela existiu:
"- Se gostava de viver aqui no Palácio de Belém? Então é que eu era uma rainha!"
Boquiaberta, a República Portuguesa estava ainda a recuperar-se desta confusão entre regimes políticos, quando passa a reportagem dos monárquicos que davam vivas ao Presidente da República.
Atónita, exausta, já nem se apercebeu da senhora que interpretava a simbologia dos castelos presentes na bandeira nacional como respeitante "aos nossos governantes anarquistas"...
Por essas alturas já estava no site do e-Bay a saber se era possível trocar a bandeira por um taco de baseball, para zurzir o povo: 99 anos e eles ainda não perceberam nada! Francamente!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ligações engenhosas

A herança é como a astrologia: depende do seu ascendente.

George Najjar Jr., Desaforismos

Gaivota

"se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse"

Amália (Hoje, Ontem, Sempre)

Dia da Música

"Music was my first love
and it will be my last
Music of the future
and music of the past"


John Miles

(escrito de memória, espero que esteja certo...)