quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Finados

- Este ano temos mais um morto, hem?
- Quem?...
- O feriado! Finou-se...
Palhaços!

domingo, 27 de outubro de 2013

O Diabo tem uma capa com que tapa e outra com que destapa, diz-se, mas eu acho que é a mesma capa, em movimentos contraditórios...vá-se lá saber...mas que o gato escondido tem frequentemente o rabo de fora, tem.

sábado, 19 de outubro de 2013

Conforme

Tenho uma amiga nova no Facebook. Uma colega mais velha, que se reformou muito desiludida com tudo o que lhe/nos fizeram nos últimos tempos do seu trabalho. É uma pessoa que considero intelectualmente ativa e válida, uma professora que lê, que se mantém atualizada, que intervém, que se sente cada vez mais triste e ludibriada pela política, precisamente porque pensa e não aceita sem reservas as patranhas que os políticos e os jornalistas nos tentam "enfiar pelos olhos dentro". (E não vale a pena acrescentar o adjetivo de "maus" a políticos e jornalistas, porque neste momento considero ser essa a regra e assinalarei apenas a exceção se surgir).
Esta minha amiga por via dos seus interesses e dos dos filhos que educou é muito atenta a questões de literatura e cultura, das quais não podemos desligar as da política, porque determinam as outras, as que nos interessam.
E, de repente, entram-me pelo Facebook dentro notícias de que me tinha alheado. Por vezes precisamos de um abanão. Eu precisava de voltar a estar atenta a estas coisas. Evito os noticiários porque me agridem, me entristecem e me ofendem. Num país que tento ajudar a educar há tantos anos é muito triste constatar o nível tão baixo de cultura que nos vendem e que nós compramos. E eu decidi não comprar.
Por respeito aos meus alunos que me fazem perguntas, ouço diariamente as notícias no rádio e ao fim do dia, numa pequena volta que faço para exercitar as pernas, demoro-me um pouco em frente à banca dos jornais. Mas, verdade seja dita, há muito tempo que lá não entrava. Entrei ontem para comprar o JL e verificar na entrevista de José Mattoso que sou uma privilegiada por ter apanhado uma época de licenciatura em História em que tudo estava a acontecer. Parece que li a Identificação de um País assim que acabou de sair; e também os Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros; e o Portugal Medieval e - embora não esteja relacionado - lembrei-me de África, o Macaco e o Homem, que foi traduzido para português uma semana antes do teste de Pré-História e que teve de ser comprado e lido de imediato, pois tornou-se o tema do teste.
Foi uma sorte! Melhor só teria sido ter tido idade para participar conscientemente no 25 de Abril, mas teria depois uma desilusão. Eu tive um curso de História muito bom! Uma Faculdade de Letras ao rubro a afirmar que a História é uma construção do presente e que agora podíamos fazer à História as perguntas que quiséssemos, sem medo. Interrogar era a palavra de ordem. Procurar os outros para nos encontrarmos. E decidir. Poder decidir. Querer decidir. Decidir.
De alguma maneira havia um país anterior que convivia connosco: o dos nossos pais e avós. Apesar do entusiasmo que sentiam e da esperança que lhes saltava dos olhos eram mais comedidos, cautelosos, temerosos...ou, se calhar (sei-o agora) sábios, pois compreendiam que o entusiasmo ia esfriar e que as novidades iam ser enfiadas em formas anteriores, apenas pintadas com cores mais garridas.
Esse país era a minha avó e o seu verbo imperativo "Conformar".
A minha família foi atingida por desgraças enormes muito cedo. A minha avó perdeu o seu único filho. E teve de se conformar. Este era um verbo que ela usava frequentemente. "Temos de nos conformar com a vida".
Esta expressão de resignação sempre me irritou e entristeceu. Funcionava como um balde de água fria no meu entusiasmo juvenil.
Os olhos da minha avó ficavam baços quando ela dizia "Temos de nos conformar", até a sua postura mudava. Era todo um peso do destino que lhe assentava nos ombros quando ela se conformava, quando ela entrava na forma que o destino lhe atribuía.
Ao ler as notícias de tudo o que estamos a passar enquanto país, enquanto comunidade humilhada por um bando de bandalhos que se sente bem-falante e que pretende invadir a História do futuro (como tão peremptoriamente afirmou o rasteiro Relvas ao fingir que não estava a ser varrido do Governo) voltou com toda a força o verbo "Conformar". É o que estamos todos a fazer: estamos a conformar-nos. Ficamos com os olhos baços, curvamos as costas e desculpamo-los dizendo "Eles não poderiam fazer outra coisa: é a troika que manda" ou "Os anteriores ainda fizeram pior" ou, de uma forma definitiva: "Não podemos fazer nada".
O verbo "Conformar" invadiu-me toda outra vez, com a consequente irritação que me provoca. Será que as formas não somos nós? Será que mais uma vez tivemos um país em que a mentalidade das pessoas não acompanhou o progresso? É tão mais fácil ser mandado! A Democracia dá muito trabalho. Se nos conformarmos e vivermos as nossas vidinhas, de preferência com pouco, que para mais não fomos feitos, talvez consigamos levar o barco a bom porto e sofrer bem para ganhar o céu, que o inferno está aqui e não o conseguimos desfazer.
É disto que somos feitos? De conformismo?

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Chove tanto lá fora!

Está uma noite boa para estarmos aqui as três enroscadas...
Eu estou só a terminar um teste, para ter o fim de semana verdadeiramente dedicado à minha nova habitação. Vamos começar a embalar os livros. E são tantos, meu Deus!
Elas, que devem ter um sistema de trabalho mais rápido que eu, parecem despachadas de todo e qualquer compromisso e já estão ali, enroscadas uma na outra, a desafiar-me para me juntar a elas.
Boa noite!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Preparativos

Pouco a pouco vai-se aproximando o tempo da mudança.

Hoje foi tempo de encomendar os aquecedores, que o Inverno chegará lesto.

Depois de amanhã será o dia de equipar as varandas com proteções para evitar voos picados das gatas para o pátio.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

...

- Boa tarde. Estou a telefonar por causa daquele trabalho em minha casa, que o senhor até já fez o orçamento...Lembra-se? Tinha-me pedido para esperar porque foi operado de surpresa e não pôde trabalhar durante este tempo...
- Lembro perfeitamente. E estava a pensar telefonar-lhe...Mas ontem recebi um telefonema...Da médica...parece que tenho de ir fazer quimioterapia...e eu não sei bem como é...parece que é duro!
- Ai, valha-me Deus! Pronto, deixe lá o trabalho. Depois pensa nisso...ou até me recomenda outra pessoa, como sabe o que é para fazer...Agora pense na sua saúde. Não há nada mais importante. Pense na sua saúde!
- Não tenho feito outra coisa. Quem me dera poder pensar menos nela...

domingo, 13 de outubro de 2013

Diz-se

que Clarice Lispector terá dito

"Estou cansada da rotina de me ser".

Às vezes...