sábado, 28 de janeiro de 2017

«Muralidade»

Uma conhecida minha (amiga de Facebook) colocou online a informação que acabara de receber a notícia da morte da mãe.
Achei tão despudorado que não consegui sequer escrever nada.
Afixar num mural a morte da mãe...há coisas que me fazem muita confusão.

Ecos encantados

Quando acordei hoje de manhã já era de tarde. O tempo pardo, enevoado, paralisado na neblina, convidava ao arrasto da vida numa cadência calma, preguiçosa, mandriona...
Enqaunto espreitava o tempo, o jardim, as árvores quase nuas e os passeantes apaixonados que ignoram as invernias, ouvi o som do encantador de tesouras. Há quanto tempo não ouvia esse som! Ritmado, lento, chuvoso, segundo a tradição popular.
Perdi-me nas esquinas da memória do tempo em que que aos fins-de-semana de Inverno se ouvia o som do encantador de tesouras. E a minha mãe dizia: «Vai chover: anda aí o amola tesouras e navalhas.» Lembro-me sobretudo de ele consertar chapéus de chuva, mas a minha mãe referia-se-lhe sempre como o «Amola tesouras e navalhas», com um sotaque espanholado, pois o senhor viera da Galiza há muito tempo...
Enquanto recordava tudo isto compreendi que tinha sido apenas uma vez que ouvira o som...que daquela janela raramente se ouvem os sons da rua...que em tanto tempo nesta terra nunca tinha ouvido tal som...que essa era uma recordação da terra onde eu vivi a infância e adolescência...Que eu não podia realmente ter ouvido tal som!
Compreendi então que fora apenas um eco da minha memória.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Durante a noite

fui num tapete voador até Viena e dancei graciosamente uma valsa com um vestido branco que me realçava os ombros e o pescoço.
Acordei antes de reconhecer o par.