sexta-feira, 24 de junho de 2011

Diálogos Improváveis e, no entanto, reais

"Professora - Olha, menina: tens o ténis desapertado.
Jovem - Já está assim há umas duas horas...
Professora - E estás a bater algum recorde?
Jovem - Quero ver se não o aperto até ao fim do dia."

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Lisboa, 22/06/2011

No Metro, entre o Campo Grande e Picoas, os dois velhotes iam conversando. Mais exactamente um explicava ao outro, de forma comentada, a situação ocorrida na Assembleia da República, com a eleição do Presidente. O outro ouvia, atento, quase reverente.
Narrativa completa, era preciso terminá-la de forma adequada; um remate:
"- Mas a senhora que foi eleita ontem é uma mulher."

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Somos um país tão asadinho!

Cansada e enfastiada com uma série de coisas, como já é de esperar no final de ano lectivo, assim que entreguei o último teste classificado, aparelhei o corcel e parti por aí.
Na época em que todos têm GPS eu comprei um mapa em papel, menos intrusivo na minha viagem. Parando de vez em quando lá observava direcções e completava as coordenadas com uma consulta a algum autótone, porque o país ainda é feito de pessoas. Encontrei muitas, nos tractores a lavrar os campos ou a andar de bicicleta.
Desviei-me com gosto da rota inicial, procurando o «país das setas castanhas», ao som de rádios locais, pois que me cansei de fornecer um qualquer vizinho com as antenas de rádio que me roubava frequentemente.
Com a marcha ao ritmo de «Somos nós», impedida de beber cerveja por causa da sua interferência na condução, segui a seta castanha de Montemor-o-Velho, para descobrir um magnífico castelo, que me colocou na rota da formação do torrão pátrio, regressei à estrada, espraiei-me nas areais da Figueira da Foz, invocando a história dos Descobrimentos numa feira de velharias em Buarcos, com o areal em fundo, oferecendo-se escandalosamente ao sol.
Já era tarde quando cheguei ao Luso. As termas só estavam marcadas para o dia seguinte e desta vez não percorri a mata, centrando-me mais no exercício em torno do complexo do lago.
Com a mágoa do fim do fim de semana fiz ainda uma paragem na Batalha, para homenagear a dinastia de Aviz e adiei por mais um tempo voltar a ouvir noticiários, cheios das troikas e baldroikas em que estamos envolvidos.
Volto com os olhos cheios de sol, os ouvidos atapetados pelos cantos dos pássaros e a alma cheia de mar, por onde me apetece navegar, em fuga mansa do presente. Mergulho pois nas páginas dos livros de História, onde o passado já está depurado de muitas das confusões, desilusões e encontrões que cada presente foi tendo.
Desta vez não tirei uma única fotografia. A retina será o meu álbum de recurso, quando precisar de me lembrar que somos um país muito asadinho.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

"a solidão costura
fios plenos de vazio
entre nós"

colhido em Minimínimos
Diz-me que estás bem
e não me perguntes
a razão da minha pergunta;
pergunta-me como estou
para te responder «bem»
e poder acreditar na palavra

domingo, 12 de junho de 2011

Santo António

De Pádua ou de Lisboa?
Em S. Martinho do Porto tinha ar de se sentir em casa.

sábado, 11 de junho de 2011

Declaração de Compatibilidade

Informo que o novo visual do blogue está de acordo com todo um conjunto de roupa e acessórios adquirido com vista à época balnear desta escrivaninha.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Filosofia?!? Técnica, talvez...

"Frequentemente sentia a falta da vida lá fora. Do ruído, da agitação, do desafio constante que era tentar ensinar filosofia a jovens: a essência da filosofia.
A Ordem dava-lhe agora tudo o que precisava. O resguardo do mundo, na fase inicial de desorientação, salvou-o de um problema mais grave. A reclusão, a oração, mas sobretudo a existência de uma vida ritmada e sem muitas perguntas, permitiu-lhe a calma de voltar a acreditar que era possível colocar os pensamentos em ordem. De evitar um mal maior. Não queria ingressar no calvário dos anti-depressivos e das consultas a psicólogos e psiquiatras que muitos colegas relatavam. Queria acreditar que ainda era forte, que conseguiria, sozinho, recompor-se…
Pensava muitas vezes na forma como tudo acontecera. Na escalada de acontecimentos, de impactos negativos na vida pessoal e profissional que o tinham conduzido a um mal-estar constante, a um arrastar-se pelas tarefas do dia-a-dia. Sabia que não poderia encontrar um motivo único. Tinha sido sem dúvida um entrelaçar de diversos factores: o divórcio, a doença da mãe, a progressiva estupidificação que via no ensino, nas notícias, na política, no país…A incapacidade de se render ao recuo dos contextos que deveriam ser de cultura, de informação, de acção. O calvário da burocracia já não era compensado pelo prazer de leccionar. Assustava-o perceber que os jovens já surgiam formatados pelas novas ditaduras: da quantificação, da falsa objectividade, do facilitismo, da desculpabilização.
Queria escrever sobre isso, queria conseguir perceber – e, por vezes, a melhor forma era deixar fluir os pensamentos numa folha de papel – procurar analisar o alcance de tantas pequenas imbecilidades que juncaram o seu dia-a-dia até o conduzir ao desespero…Mas ainda não conseguia. Nunca antes de tentar reflectir o que tudo aquilo causara dentro de si próprio, de como, quando e porquê, sentira que ia quebrar. Talvez fosse mais fácil não procurar tantas respostas, aceitar, simplesmente, arrumar, seguir em frente, mas ele não era quem era sem a filosofia, a sua filosofia; e ela não o deixava parar de interrogar. Por vezes cria que a filosofia era a sua condenação, outras vezes acreditava que ela era a sua salvação. Fosse como fosse seria sempre o caminho: o caminho que o levara até ali e o caminho que o conduziria a qualquer outro lugar.
Hoje era um daqueles dias, em que estava assim, a meditar ou a divagar em silêncio, incapaz de se concentrar numa tarefa concreta, de terminar uma das muitas orações em que já tentara encontrar consolo e rumo.
Levantou-se, por fim. Não valia a pena continuar. Queria muito voltar a escrever!
Passou a mão pelas lombadas dos livros e dos cadernos, como quem faz uma festa no rosto de quem ama…
Reparou num papel que se insinuava entre dois volumes. Puxou-o, desdobrou-o e não conseguiu evitar um sorriso. A letra irregular devolveu-lhe a «gota de água» que ditou a decisão de «sair do mundo» para sobreviver. Assinado por um Tiago, estava a comunicação sobre a escolha do trabalho de Filosofia de 10º ano: O trabalho k vou fazer é sobre aquele grego: o Happy Curu "

Só pode ser cansaço

que me levou a ocupar este feriado com coisas como escovar a gata, virar a roupa que está a secar no estendal e, até, ver um pedaço de filme em que os protagonistas eram uns esquilos que cantavam...
Bem, agora resolvi ligar o computador, para voltar a escrever aqui, depois desta semana tão. tão ocupada. Mas - deve ser do cansaço - não me ocorre mais nada para partilhar que esta inércia e a sucessão de tarefas invulgares e algo assustadoras.
Bom feriado!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

"Eta semaninha importante!"

É, pois! Muito importante, esta semana.
Se para alguns é a última semana (como para os 9º anos, por exemplo), para outros é o início de muitas outras semanas...

domingo, 5 de junho de 2011

Lá fui

Sou eleitora desta terra há uma dúzia de anos. Nunca tinha visto tanta gente a votar. E nas mesas de voto estavam jovens (alguns dos quais foram meus alunos) e isso deixou-me muito satisfeita. Não sei de «que lado» estão, mas o facto de estarem a participar é um sinal de esperança para a nossa democracia, para o nosso país.

Eleições

"Na situação em que o país se encontra, votar não é apenas um direito: é um dever" diz ali o Presidente da República à porta da sua câmara de voto.
Mas algum dia votar deixou de ser um dever?!?...
Como sempre fico chocada com as afirmações «apoucadas» dos políticos portugueses.

sábado, 4 de junho de 2011

Hoje apercebi-me da passagem do tempo

do tempo que já passou desde que votei a primeira vez.
Com um entusiasmo e um empenho que adoraria ter agora, preparei-me criteriosamente para votar em consciência.
Amanhã é por tenacidade e em homenagem a outros tempos que vou até lá, talvez a seguir ao almoço, para adicionar à saída o atractivo do café.
Eu e a nossa democracia estamos velhas. E ambas perdemos qualidades.

Já passa da meia-noite

Reflictamos pois...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Palavras de Campanha Eleitoral

Desapareceram as «sessões de esclarecimento» das campanhas eleitorais, sumiram-se os «comícios», instalaram-se as «arruadas».
Por acaso, daquilo que eu gostava mais era das «sessões de esclarecimento», sem filiação política, fazer aquilo que é mesmo necessário antes de votar: esclarecer, clarear posições, reflectir, decidir.
Que pena! Já não há «sessões de esclarecimento», apenas «arruadas» e quase sempre próximas. Não deixa de ser curioso que, com um número contido de partidos arruadeiros, se desloquem quase sempre na mesma mancha geográfica. Coincidências? Há quem diga que não existem...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Últimas aulas de 9º ano,

hoje, sobre os problemas do mundo actual:
"Quando vires um homem com fome, não lhe dês um peixe: ensina-o a pescar"(Provérbio chinês)
Espero que todos os meninos e meninas que vou deixar, agora, sejam bons pescadores no futuro. Eu espero tê-los ensinado a pescar Esperança na História.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Entre Programas

"A leopard cannot change its spots" traduzido para português como "Quem sai aos seus não degenera", na publicidade de uma qualquer série do AXN, chamou-me a atenção.
Quando tentei procurar no Google a frase, foi-me revelada como um provérbio inglês, presente numa citação bíblica:  "Can the Ethiopian change his skin, or the leopard his spots? then may ye also do good, that are accustomed to do evil." Jeremiah 13:23 (King James Version)

Não conheço equivalente em provérbios portugueses. Aliás, acho que não temos leopardos nos nossos provérbios...Como será então a nossa frase bíblica?

Nada que a net não resolva: "pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas malhas? então podereis também vós fazer o bem, habituados que estais a fazer o mal."

(Mas tem gostinho brasileiro, não tem? O leopardo português não usa malhas...pintas: o leopardo português, se o houvesse, seria "um pintas")