sábado, 31 de janeiro de 2009

Paixão

Assim que nos encarámos eu soube! Não sei como é que soube, mas…senti em mim que tinha começado algo…que não era um sentimento só meu…que poderia acontecer…
A minha primeira reacção foi de medo. Estuguei o passo e afastei-me dele, sem nem sequer olhar para trás. Sentia-me perseguida e assustada mas nem sabia definir por quê.
Mas eu já vivi histórias assim! Nos dias seguintes a imagem do nosso encontro encheu-me o tempo e tirou-me a tranquilidade. Sabia que tinha de tomar uma decisão: esquecê-lo ou enfrentá-lo. Uma das duas; mas terminar aquele tormento, aquela situação sem futuro.
Duas semanas depois não havia mais retorno. Era o momento.
Ainda hesitei um pouco no início da rua, mas foi um momento pequeno, sem consequências. Avancei resolutamente na sua direcção: os dados estavam lançados!
Ele ainda lá estava. Discretamente, a um canto, mas eu juraria que ele se esticou quando me viu chegar. Quando nos encarámos de novo eu soube que tinha tomado a decisão certa e entrei na loja.
Nem sei se deveria descrever isto...de tão íntimo, mas…a sensação do tecido a roçar os meus pulsos, a gola a afagar-me o pescoço, o abraço selado pelos botões com ar imperial. Decididamente, tínhamos sido feitos um para o outro!
Agora desfilamos por aí exibindo o nosso amor. Ocasionalmente com mais alguns acessórios: o chapéu preto ou as luvas cinzentas, fruto de outra paixão ainda muito recente, mas pouco mais - que o meu novo amor não se mistura com qualquer coisa!
E a satisfação que eu tenho a imaginar as rugas, as pontas e os refegos que ele terá feito com outras que o experimentaram, que ousaram pensar em conquistá-lo…não, ele esperou por mim. Este casaco sabia que tinha de ser meu! Estou tão apaixonada, que quero anuncia-lo despudoradamente a quem quiser saber!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Aromas

Na estação da Amadora cheirava a erva-doce.
Fiz toda a viagem de comboio a lembrar-me das castanhas que a minha mãe cozia, frequentemente, durante o Inverno.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Rigor

"- Professor: como podemos distinguir os cogumelos comestíveis dos que não são comestíveis?
- Na realidade, todos os cogumelos são comestíveis; alguns apenas como última refeição."

sábado, 24 de janeiro de 2009

Adaptações muito nossas

Acabadinha de receber por e-mail...
Irresistível!

A adaptação portuguesa do lema de Obama:

YES! WEEK END!

Casamento por conveniência

Carolina "Almoçadeira", (assim apelidada por todos os dia interpelar os amigos com a frase "E se fôssemos almoçar aquele restaurante?...") e Sinfrónio "Esplanadeiro" (assim conhecido por preferir sempre uma esplanada, mesmo quando o tempo se apresentava chuvoso ou frio) encontraram-se um dia...a almoçar, numa esplanada.
E foi um momento só! Foi quanto bastou para que os olhares de Sinfrónio e Carolina se cruzassem e as suas almas e corpos se desejassem, com aquela certeza e aquela urgência que não permite muitos raciocínios nem argumentações.
Desde aí, é vê-los pelas esplanadas da cidade a olharem-se amorosamente, ignorando o mundo que gira à sua volta.
Carolina costuma preferir ficar à sombra do chapéu de sol, primeiro só por ela, depois também por causa do bébé e Sinfrónio tem sempre o cuidado de escolher um lugar para todos que permita respeitar isso, mas manter-se à luz do sol que o alimenta e lhe dá energia.
A simbiose é completa: um verdadeiro casamento por conveniência!
Estarão a pensar "Não deveria ser um casamento por amor?" Pois aí é que está! Eu nunca percebi porque é que um casamento por amor difere de um casamento por conveniência - para mim o amor é bastante conveniente num casamento, parece-me mesmo um ingrediente essencial para que o casamento não seja um inconveniente na vida do casal.
Estas questões das palavras sempre me intrigam. Prefiro achar que um casamento por conveniência é aquele, como o de Sinfrónio e Carolina, em que os seus desejos, tiques e manias que incomodavam outros, se tornaram os atractivos para uma relação...muito conveniente para ambos.

I wish

"I wish that I was in your arms
Like that spanish guitar
And you would play me through the night
till the dawn
I wish youd hold me in your arms
Like that spanish guitar
All night long
all night long
Id be your song
Id be your song"

Tony Braxton

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Hoje escrevi uma carta!

Primeiro foi a procura do suporte para a minha missiva. Olhei desconsolada para as grandes folhas de papel A4 do tabuleiro da impressora. Não, definitivamente não. E foi aí que me dei conta de há quanto tempo não escrevo uma carta. Não é um bilhete rápido e passageiro, nem os mails com que passei a comunicar com toda a gente. É uma carta mesmo; daquelas, escritas à mão, feitas da solidariedade do pensamento com o deslizar da ponta da esferográfica no papel, feitas de tanto cuidado que obrigam à sua repetição se houver erros. Uma carta sem 'delete', nem 'insert', uma carta escrita e pensada como um todo, como uma obra única e irrepetível que nos vai representar junto de outra pessoa.
Fui comprar papel de carta. Trouxe a última caixinha. Um envelope grande com 10 folhas de carta, com motivos femininos - uma secretária com rosas amarelas...
Sentei-me a escrever.
A solenidade era tanta que penso que até fiz um esforço para ter as costas mais direitas e desenhar bem a letra...como antigamente...quando tudo começava nos cadernos de duas linhas!
A prosa fluiu rápida que as saudades eram muitas e as novidades em cataduta.
Por fim as despedidas, a assinatura...o fecho do envelope e a viagem até à estação de correios.
Depois é o ficar à espera. Essa espera que se perdeu com o imediatismo das comunicações actuais.
A minha carta só vai chegar ao destino cerca de 15 dias depois de eu a ter enviado. Mas nesse dia eu vou estar lá, longe e perto da pessoa a quem escrevi...como antigamente.
Tudo isto - que me encheu o dia - me fez recordar um texto que li a propósito das cartas e que não resisto a reproduzir aqui em parte:
"(...)Passava-se tudo para o papel. As emoções, as indecisões, as notícias, as felicitações, os desejos, a paixão, a saudade...E, à medida que a tinta avançava na folha, imaginava-se, à distância, a outra pessoa a receber a carta e a ler o que tínhamos escrito.
Escrever tem um gosto próprio e único. Escrever é criar ligações com a folha que está à frente, é construir afinidade com os nossos pensamentos e intenções, e é, sobretudo, estender a nossa intimidade a quem escrevemos, a quem nos vai receber, a quem nós queremos chegar.
(...) Escrever é partir e chegar ao mesmo tempo."
(Ana Margarida Oliveira e Joaquim Cannas, Admirável Mundo, Texto Ed./RFM, 2004, p.5 )
Que saudades!

Vocês Sabem Lá!

"Vocês sabem lá
a saudade de alguém que está perto,
é mais, é pior
do que a sede que dá no deserto!"

Letra: Jerónimo Bragança
Música: Nóbrega e Sousa

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

STOMP no Casino Lisboa

Um espectáculo sem palavras, mas que tem muito que se lhe diga!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Resolução

Entrei numa loja e encontrei um pijama com a inscrição "I wanna be adored!".
Gostei. Comprei.
Resolvi informar desta minha resolução o mundo, que não me vê de pijama.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Semblante

"A Conferência já ultrapassara a duração prevista e o orador já estava a repetir-se. O meu tempo de atenção tinha definitivamente terminado e procurei concentrar-me em qualquer coisa para não começar a bocejar.
Olhei em volta. Algumas caras conhecidas, muitas desconhecidas.
Concentrei-me particularmente num homem que estava sentado a algumas cadeiras de distância. Alto, deveria estar no meio dos 50, vestia de negro, o que contrastava com o cabelo grisalho, que estava meticulosamente esticado, como se procurasse contrariar a sua natureza que se notava encaracolada e rebelde. A boca era bem desenhada, mas tinha os lábios crispados, como se estivesse muito, muito contrariado...diria, irritado. As linhas do rosto magro deixavam notar que tinha os maxilares cerrados com força.
Impressionou-me a sua figura...não...as suas feições...não...o seu semblante, é isso, uma palavra que uso muito pouco, mas que, de repente, parecia ser a única adequada para descrever o que me impressionava no homem: bonito, sem dúvida, uma figura elegante, mas com um semblante tão austero, tão crispado que impressionava. Parecia que tinha sobre si o peso de decisões muito importantes. Daquelas de vida ou de morte.
Imaginei-o um juiz. Não. Demasiado vulgar. Ele tinha porte de um General ou de um Rei...de um Imperador. Estava já a imagina-lo de túnica branca, ou com um manto púrpura, um ceptro na mão...ou uma coroa de louros...não, o nariz era demasiado rectilíneo para um Imperador...
Ele deve ter notado o meu olhar, porque de súbito virou-se para mim e encarou-me. Tinha uns olhos muito, muito escuros e uma ruga cavada entre as sobrancelhas...
Desviei o olhar. Fingi rabiscar concentrada no meu caderno, mas sentia o olhar dele cravado em mim, como se estivesse zangado, como se quisesse saber porque é que eu o tinha estado a observar, a prescrutar tão intensamente.
Num movimento de defesa, puxei o cabelo para o rosto, para lhe ocultar o meu semblante, porque...sei lá, ele poderia até pensar em descrever-me num qualquer blogue. Senti um arrepio. Que horror! Tentei afastar o pensamento, mas, pelo sim pelo não, mantive o rosto escondido pelos cabelos e os olhos baixos. Nunca se sabe; ele há gente para tudo!..."

(Des)ilusão

"- Desculpe eu estar a chorar. - desculpei-me envergonhada das lágrimas que corriam - Mas eu ...sofri uma grande desilusão!
- Chore! Chore tudo o que quiser. Tem todo o direito e faz-lhe bem - fez uma pausa e adoptou um tom muito sério - Mas quando conseguir, pense num aspecto de tudo isto que agora não está a ver: só sofreu uma desilusão porque foi capaz de ter uma ilusão. E isso é maravilhoso! Saber que a vida ainda não lhe tirou a capacidade de ter ilusões, de se iludir, de sonhar, de se entregar a um sonho ou a uma ilusão. Essa capacidade de entrega é só sua. É uma conquista sua. Procure não a perder! Mantenha a capacidade de ter ilusões (ainda que desconfie, um pouco, que lá mais para a frente se podem tornar em desilusões). Não há nada melhor! Ter ilusões...Ora aí está uma coisa de que eu tenho saudades!
Olhei-a por momentos, os seus cabelos brancos, as suas rugas... e depois redobrei o choro, que me parecia agora mais consolador."

Volto a este episódio várias vezes na vida e sempre encontro conforto na recordação destas palavras.

Agora...

Se eu soubesse o que sei hoje...

Vertigem

Quando a mota passou por mim, naquela sensação de moscardo, fiquei a contemplar as costas do motard e a pensar na mulher que lhe terá negado o prazer de o acompanhar, naquela exibição de amor e companheirismo, que são dois corpos abraçados, a passear pelo mundo. Como eu te neguei a ti.
Batendo o pé, nas minhas convicções, do veículo das "pessoas normais", sem compreender o que tu querias dizer, o que tu me oferecias...a mágoa que levavas ao partir sozinho na tua mota.
E eu, fiquei acompanhada das minhas certezas, que são tão grandes e tão fortes, que dão para ocupar os outros quatro lugares do meu carro.
A vida passa por nós numa vertigem tão rápida como a mota que já desapareceu numa curva da estrada, lá mais à frente. Para nos deixar com as sombras das recordações.
Há quem diga que recordar também é viver...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Elegância

"-Olá, D. Perpétua! Nem a conhecia...Está tão elegante com esse chapéu!
- Muito obrigada, D. Rosalinda.
- Fica-lhe muito bem.
- Muito obrigada. É por causa do frio, sempre protege...
- Mas é uma linda peça de «toillete» também.
- É, eu gosto. Tenho vários.
- Mas não fica bem a toda a gente! Eu tenho muita pena. A mim não me fica bem. Uma vez gastei um dinheirão numa «capeline» para um casamento e estou horrível nas fotografias.
- Eu ainda assim...Tenho chapéus, boinas, gorros...
- Mas é porque tem rosto para isso. Tem sorte... Ficam-lhe bem... E gosta, claro...
- Gosto, gosto. Eu até costumo dizer: «na cabeça gosto de tudo, menos cornos». Mas o meu marido que não me escuta?!"

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Criancices

Hoje, quando estendia a roupa aproveitando o sol, veio-me à lembrança uma "criancice", que prova que eu era uma criança atenta às coisas da escola, mas que as sobrevalorizava um pouco.
Aquilo de que eu me lembrei foi que ficava muito aborrecida quando via a minha mãe estender roupa num dia de sol (num de chuva não era muito comum, confesso, mas isto tem uma lógica) depois de me terem explicado na escola o ciclo da água.
Eu compreendi perfeitamente que a chuva acontece quando as nuvens estão cheias de água e que elas se formam com a água que evapora da Terra em direcção ao céu. Ora, eu lembrava-me claramente que na imagem (desenho e não fotografia, note-se) havia uma senhora a estender a roupa e a água evaporava da roupa para se ir acumular nas nuvens! (penso que também havia rios e outras coisas, mas essas não havia lá em casa).
Portanto (reparem no pensamento lógico da petiza!) quando a minha mãe estendia roupa num dia de sol ia contribuir para que no dia a seguir estivesse a chover (era "tiro e queda" estão a ver?) e eu não queria. Preferia o sol.
Nunca perdoei à minha mãe estender roupa em dias de sol! Que desmancha prazeres! Porque tinha ela de ir provocar chuva num dia tão lindo?!?
[Eu não sei se toda a gente tem a sensação de que era parva quando criança, mas eu sinto-o muitas vezes]
Foi com um sorriso que acabei de estender a roupa ao sol: afinal parece que é uma tradição de família!

sábado, 10 de janeiro de 2009

Céu de Janeiro

Só os artistas conseguem explicar assim o mundo que todos vemos e sentimos...

"O coração das estrelas
Arde no peito do céu
São biliões de velas
Em ermidas e capelas
Que alguém um dia acendeu

E uns dizem que foi Deus
Que acordou para ver as horas
Numa noite de Janeiro
E ligou um candeeiro
De estrelas e auroras

Ursas, cisnes e leões
Sírios, centauros, dragões
Fazem as constelações

Outros dizem que a matéria
Estava presa no nada
E explodiu num big bang
Espalhou-se como o sangue
Fez a noite constelada

Mas há outra explicação
Que não é menos exacta
As estrelas são avós
Vogando em trenós de prata
Lá em cima a velar por nós

Ursas, cisnes e leões
Sírios, centauros, dragões
Fazem as constelações"


C. Tê/R. Veloso, A Explicação das Estrelas, Cabeças no Ar, 2002

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Desamparo

Dêem-me as palavras que quiserem:
Palavras cantadas, sofridas, doridas;
Palavras sussurradas ou cuspidas com raiva.
Dêem-me palavras alegres, sorridas, vividas,
ou tristes, agrilhoadas a toda uma vida.
Dêem-me todas as palavras que quiserem.
Embalo-me nelas, esgrimo com elas,
acompanho-as na alegria ou no sofrimento.
Alimento-me delas, talvez.
Mas não me deixem sozinha com um silêncio.

Fico desamparada face a um silêncio:
significará desprezo, ruptura, indiferença.
Poderá mesmo não significar nada.
Poderá?...
Diz-me o que quiseres,
mas não me deixes do lado de cá do silêncio!

Silêncio

Um olhar ou uma imagem podem dizer mais que mil palavras (diz-se).
E um silêncio? Poderá estar cheio de palavras?

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Ontem

Hoje foi Dia de Reis, mesmo para os que não são monárquicos e não têm telemóveis da tmn
Em Espanha dão-se e recebem-se prendas (invocando as oferendas ao Menino Jesus), em Portugal come-se romã com vinho do Porto para assegurar prosperidade económica para o ano inteiro.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Rentrée 2

"A professora não queria pensar muito nisso, mas vinha-lhe frequentemente à cabeça o resultado matinal da balança que acusava mais 4 Kg que antes do Natal.
Não era o caso que ela desse muita importância a isso, mas...ultimamente os Kg que chegavam iam-se instalando com ares de proprietários com empréstimos a 25 anos, pelo menos. Parecia-lhe já que a auto-designação de «cheinha» estava a ficar obsoleta, sobretudo desde que a sociedade em geral estava atacada de «bulimia cerebral».
Tentou encontrar alegria no regresso à escola. Estava entusiasmada com o trabalho que preparara para a primeira aula do período: uma apresentação de várias pinturas antigas (dera-lhe muito gozo a selecção das imagens e a sua coordenação com uma «banda sonora» variada, adequada aos diferentes grupos de imagens) para introduzir uma discussão sobre o carácter informativo e documental da arte.
Entrou na sala de professores procurando evidenciar boa-disposição: - Então, pessoal, tiveram boas prendas no sapatinho?
- Olha, qualquer dia não caibo é nos sapatinhos! Estas férias só serviram para engordar! - o coro de exclamações e observações em torno da colega que falara provaram-lhe que o tema das prendas estava destronado em função da costumeira conversa sobre dietas, quilos, calorias e outras coisas muito pouco consentâneas com o «templo de saber» que ela outrora considerara a escola.
- Que galinhas! - pensou - E eu que estava disposta a comunicar-lhes os livros que recebi neste Natal. Quase a declarar-lhes a alegria que me deu saber que, este ano, várias pessoas gastaram tempo em livrarias a pensar no meu gosto, a ler sinopses e a decidir o presente adequado a mim, a mim! Avancemos: esta malta não merece...a minha conversa.
A aula correu bem. Foi reconfortante ver os alunos atentos à sequência de imagens. A professora sentiu-se mesmo satisfeita a contemplar o resultado do seu trabalho na época das Festas.
- Bem, uma vez que a apresentação ocupou a aula quase toda, a discussão sobre o tema fica para a próxima aula...mas, há alguma questão que queiram colocar já?
Um aluno no meio da sala pôs o dedo no ar: - «S'tôra», porque é que as mulheres antigamente eram todas gordas?
Ao mesmo tempo que o toque de campaínha de saída (abençoada - pensaria mais tarde) a professora ouviu-se dizer: - Porque os homens tinham bom gosto!"

Da Liberdade como Princípio

"É o uso da liberdade que nos leva à necessidade de optar e esta à impossibilidade de ser neutros."

Paulo Freire, 1992, in Educação e Participação Comunitária

domingo, 4 de janeiro de 2009

Rentrée

Não gosto de estrangeirismos. Por norma não os utilizo e tento sempre “corrigir” quem os usa com um sinónimo nacional, mas…por muito que me custe há sempre uma excepção, um momento em que quebramos a nossa coerência monolítica, ou em que temos que reconhecer que, afinal, os outros têm mais razão que nós.
E eu hoje, dei comigo, em mais do que uma ocasião, a desejar “boa rentrée” aos amigos que amanhã recomeçam a sua rotina.
Procurei “desejar outra coisa qualquer” mas nada encaixava na questão:
- Boa reentrada, seria a tradução lógica. Tentem lá dizer: aquele “e” repetido enrola-se na garganta e não tem um som nada agradável. Acho mesmo que esticamos um pouco o pescoço a dizer aquilo – sinto-me um ganso e não gosto do efeito.
- Bom regresso às aulas! Afinal estou entre professores, o regresso ao trabalho é também o regresso às aulas. Não…não fica nada bem. Tem o sabor de uma campanha do Modelo e Continente para comprar o material escolar. Não é o espírito. O “regresso às aulas” é o início do ano lectivo, depois das férias (agora foi só uma interrupção lectiva”).
Sobra a rentrée. E fica lá tão bem! A rentrée refere-se a uma época e os períodos lectivos são épocas , não há outra hipótese.
Ainda por cima, este ano esta expressão serve para todos os trabalhadores, pois o feriado à quinta-feira convidava a uma ponte a que poucos resistiram e surge, de facto, como o início de uma nova época (não muito auspiciosa, pelas expressões faciais dos condenados com quem convivi hoje à tarde).
Por isso, por muito que me custe, o que eu quero desejar a quem me visita por aqui, é: boa rentrée!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Contagem Crescente

Olhem: um Ano Novo, inteirinho, por estrear. 'Bora aproveitar?
Vamos tentar, com muito empenho, ser felizes em 2009!