terça-feira, 31 de março de 2009

Regressos

Chegar a casa, após uma viagem, abrir a caixa do correio, atulhada...
Distribuir o conteúdo em montinhos, segundo o teor.
Reduzidos a dois: publicidade e contas para pagar!

É daquelas coisas...

Se eu pudesse, todas as prendas que dou às pessoas que gosto (eventualmente, por dever ou imposições sociais, também dou prendas a pessoas de que não gosto ou de que só gosto moderadamente, mas essas não contam para este comentário) seriam viagens.

sexta-feira, 20 de março de 2009

António Borges Coelho, 80 anos, Historiador, Professor de História, Escritor

"Os alunos foram tudo para mim, mesmo quando me contestaram. Eu sempre gostei da contestação, quando há contestação há vida, há criação e não o recurso à sebenta ou ao silêncio."

Entrevista in Tempo Livre (Revista do Inatel), nº 202, Março de 2009, p. 27

quinta-feira, 19 de março de 2009

Um pouco de humor

Para aliviar o clima - que eu não tenho muita paciência para lamechices (muito menos para as minhas) - aqui fica um poema, dedicado a todos os carecas. Ouvi eu este poema, dito pelo José Fanha, numa feira do livro. É do nosso João de Deus - o mesmo da Cartilha Maternal, sim - que viveu entre 1830 e 1896.

Também vai bem no Dia do Pai, porque há muitos pais carecas e outros que "estão carecas de ser pais".
Então:

"Sobrenome verdadeiro,
O de António Calado,
Porque ninguém mais matreiro,
Mais sonso, mais disfarçado!
Namorou um ano inteiro
A prima do Alcobia,
Sempre tão bem penteado,
Que me afirmou ela um dia:
- Não tem na cabeça um pêlo,
E nem pela fantasia
Me passou que tal cabelo
Fosse cabelo postiço!
Afinal passa o derriço,
Chega a noite do noivado,
E naquele reboliço
Despegou-se-lhe o tapisso
E adormeceu de cansado.
Ela, que acordou primeiro,
Apalpa-o pelo toutiço,
Acha pelado… roliço…
E diz-lhe assim de mansinho
Abanando o companheiro:
- Oh Antoninho, Antoninho!
Pois que maneiras são essas?
Olha que estás às avessas…
Tens o cú no travesseiro!"

O Careca, João de Deus

Pai

Também só com três letrinhas
se escreve a palavra Pai
é daquelas palavras minhas
donde a saudade não sai

Dia do Pai

Quando eu tinha Pai não havia dia do pai...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Maltrapilha

Nos dias que antecedem uma viagem ando sempre tão maltrapilha!...
Visto só as roupas mais velhas e de que não gosto muito. Deve-se ao facto de querer ter toda a roupa de que gosto em condições (lavadinha e passadinha) para poder escolher o que colocar na mala.
E depois nunca levo tudo o que tenho e depois levo sempre mais do que consigo vestir.
Tenho de reconhecer que tenho mais características da espécie do que as que gosto de confessar!...
(se não tiver cuidado, ainda olho para o armário cheio de roupa e digo que não tenho nada para vestir. Essa só teve piada quando dita pelo Arnold Swazzenegger naquela comédia em que ele engravida e passa a comportar-se como uma mulher...)

segunda-feira, 16 de março de 2009

Lusitana Paixão

Ficar assim, na semi-obscuridade, só à luz cor-de-laranja que o pequeno candeeiro irradia do canto da sala...
Deixar a música de Carlos Paredes invadir tudo, num tropel de cordas e de dedos, que vão massajando o meu corpo e a minha alma, empurrando o cansaço para lá e tornando possível o recomeço do trabalho, da labuta...semelhante à faina do povo português; que estes sons sempre invocam em mim as imagens que irromperam por todo o lado, nos «Verdes Anos» da Democracia.
Quem me dera saber tocar assim!
Que orgulho de ser Portuguesa...como a guitarra!

quinta-feira, 12 de março de 2009

Educar para a Desobediência

"A escola actual deveria educar para a «desobediência», no sentido em que deve estimular nos alunos o desenvolvimento de pensamento crítico, defendeu ontem Álvaro Laborinho Lúcio. «Numa sociedade em que se pretenda que seja um instrumento de criatividade, a escola deve ser também um instrumento para o desenvolvimento económico, cidadania e democracia», afirmou o ex-ministro da Justiça"
Diário de Notícias de ontem, pág. 10

Está tal e qual, copiadinho, a notícia do jornal.
E não vou comentar. Só queria comunicar.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Namoro Angolano

Com tanto namoro dos empresários portugueses a Angola, lembrei-me de um outro namoro, bamboleante, ritmado, genuinamente angolano.
Desconhecia o autor do poema da música, que tantas vezes trauteio, sempre associada a Sérgio Godinho.
Descobri um poeta angolano: Viriato da Cruz.
Com ele preenchi um arquivo, no meu novo espaço: salvo-seja-arquivodetextos
Dá para ir por aqui (estou a começar a perceber estas coisas da internet, fiz um link aqui ao lado: procurem).
É um espaço para guardar os textos com que eu, por vezes, gosto de namorar.

"Mandei-lhe uma carta

em papel perfumado

e com letra bonita

dizia ela tinha

um sorriso luminoso

tão triste e gaiato

como o sol de Novembro

brincando de artista

nas acácias floridas

na fímbria do mar


Sua pele macia

era suma-uma

sua pele macia

cheirando a rosas

seus seios laranja

laranja do Loge



eu mandei-lhe essa carta

e ela disse que não"




Namoro; Poema de Viriato da Cruz, Cantado por Sérgio Godinho

Conversa assimétrica

"- Olá filha!
- Olá mãe - disse, afastando um pouco o telefone da orelha. Estava a ficar impossível falar normalmente com ela à medida que a surdez avançava. Ela não nos ouvia e gritava tanto que nós ouviamo-la demais.
- Telefonei-te ontem, mas não estavas.
- Fui fazer Tai-Chi
- Santinha! Foste onde?
- Fui começar a ter aulas de Tai-chi
- Santinha! Tu estás constipada? Tens de ter cuidado. Assim que vêem sol despem-se logo. As noites ainda estão frias. Mas afinal foste onde?
- Ao ginásio! - gritei, em desespero
- Ah! Lá está! Suaste e não te agasalhaste quando saiste. Para a próxima veste um agasalho, porque quando o corpo esfria é o pior."

O Professor e a Palavra

Ontem resolvi experimentar a classe de Tai-Chi. Apresentei-me ao Professor (um rapaz mais novo que eu) e informei que era a primeira vez que contactava com a Arte.
Simpático, acolheu-me bem, e informou-me que a aula ia mesmo ser para principiantes, pois havia outros além de mim. Logo nos apresentámos. Começámos os exercícios. Aquela leveza, aquele fluir no ar...gostei da sensação e deixei-me ir, procurando aliviar «os stresses» e sentir-me leve.
De repente ouço o meu nome, seguido de "Muito Bem! Por vezes é difícil...mas vejo que está a captar tudo muto bem."
Senti-me uma criança. O coração acelerou, creio até que corei um bocadinho...
Voltei para casa a pensar no poder da palavra de um Professor.
Não sei se vou fazer Tai-Chi, ainda é cedo para saber, mas sei que aquele Professor sabe o poder da palavra positiva e sei que - mesmo na fase do creme anti-rugas - quando somos alunos, aguardamos sempre um julgamento do Professor.
Se todos os Professores soubessem o poder das palavras positivas...

De acordo com o Tempo

Quando eu passei, o velhote atirou-me:
"Então, menina? Como estamos de esperança nesta linda manhã de Primavera?"
E eu não pude evitar um grande sorriso...aumentando-lhe a esperança, de acordo com a manhã de Primavera.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Os ritmos da Terra

Hoje de manhã, no café:
"- Então? Não demoraste quase nada na Caixa?!?...
- Pois não...olha: a crise afecta tudo. A uma 2ª feira, de manhã, não haver bicha na Caixa Geral de Depósitos!...
- O pessoal também já está a querer começar a semear as batatas...
- Ah! Pois é. Não me tinha lembrado dessa..."

domingo, 8 de março de 2009

Mulhermente Falando

Hoje o mundo esteve muito mulherendo. Bem, infelizmente, não foi o mundo todo. Há ainda muitos locais em que as mulheres são ignoradas ou maltratadas e, aí, não tem havido "Dia da Mulher" que lhes valha. Vivem uma contínua "Noite da Mulher".

Mas, centrando-nos aqui no "nosso quintal", gostava de fazer alguns comentários sobre o que fui ouvindo no rádio durante o dia. O (ou a?) rádio ainda é a minha companhia preferida, habituada que fui - numa casa vivida por mulheres - a coordenar as jornadas de trabalho com uma "sombra de música e palavras" que ora parece invisível, ora conforta, sem se impôr com a força egoísta da imagem.

As reflexões centram-se então sobre as observações ao Dia da Mulher. Ouvi, de facto, três aspectos diferentes: que ainda existe muita violência doméstica, que somos o país (suponho que da Europa) que tem mais mulheres nas forças armadas, em todas funções incluindo as que envolvem participação em cenários de guerra e que temos de aumentar o nº de mulheres na política, vindo à baila aquela questão das cotas.

Se a violência doméstica me preocupa - e já escrevi por aqui sobre isso -, os números de mulheres nas forças armadas e na política deixam-me muito orgulhosa. Embora creia que seria incapaz de abraçar uma carreira nas forças militares não deixo de apreciar a coragem e determinação das mulheres que enveredaram por carreiras desde sempre associadas a atributos masculinos. Da mesma maneira fico muito orgulhosa que a maioria das mulheres não se interesse pela política que temos.
Embora as generalizações sejam sempre falsas e perigosas, eu estou convencida que as mulheres não estão na política porque não querem! Não acredito que as mulheres que possm desempenhar papeis na política o estejam impedidas de fazer por uma questão de falta de oportunidade. Temos mulheres colocadas em lugares bem difíceis e úteis como na justiça, na administração de empresas, no sector financeiro, etc. E não me parece que essas gostassem de ser recrutadas para a política por uma questão de preenchimento de cotas!

Todos os anos se fala desta questão acentuando a necessidade de aumentar a participação das mulheres na política. Talvez fosse bom que, no próximo ano, perguntassem às mulheres que têm oportunidade de escolher porque é que não estão lá.

(Às vezes sinto-me um génio! Como é que eu tenho estas ideias tão difíceis, tão inacessíveis a outros espíritos? Será que é por ser mulher?)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ana Bola e Força!

Quem não tem 'nails' não toca guitarra.

Reencontrar Palavras

Não sei que idade tinha quando o li.
Sei que foi na escola, mas não consigo situar o ano, a turma...
Era um dos textos do livro de leitura. Marcou-me muito.
E é engraçado pensar porque é que as coisas nos marcam...A professora deu a mesma aula para todos, o mesmo manual deve ter sido lido por milhares de criancinhas da minha idade da altura, pois...a todos que tenho interrogado, o texto "não diz nada".
Até que perguntei a alguém que já ensinava quando eu ainda só aprendia.
E lá o encontrei. Lá o reencontrei. Descobri que o sabia quase de cor; só não sabia o título e o autor, porque na infância não deveria ainda pensar que isso era importante.
Não se podem abraçar as palavras, mas se pudessem eu tinha-as abraçado e beijado, tal era o meu contentamento e a minha emoção por este reencontro, por esta viagem às palavras que me foram estruturando, que fizeram eco, que deixaram marca...que certamente também são responsáveis por eu gostar tanto de palavras e por tentar escrevê-las, procurá-las, amá-las, honrá-las.
Se o autor ainda fosse vivo gostaria de lhe dizer quanto o texto dele me marcou.
Ensaiei pois uma habilidade nova que foi criar, aqui ao lado, uma hiperligação (um 'link' menina!) para que o texto fique sempre aqui, pertinho e acessível, a quem quiser partilhar comigo este reencontro, este abraço às palavras de quem tão bem escrevia e tão bem pensava.
O texto é "O Vagabundo na Esplanada", de Manuel da Fonseca, publicado em 1973, em Tempo de Solidão.
Espero que o 'link' (ó pra mim tão internética!) funcione e que gostem tanto do texto como eu, que o procurei durante anos, para agora o partilhar aqui, neste enlevo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Obrigada João!

Ele chamou-me (pelo nome!), atravessou a rua, deu-me dois beijinhos, perguntou-me como estava.
Quando lhe perguntei o que me queria disse-me: "Cumprimenta-la."
E eu senti-me muito bem avaliada, Sra. Ministra.

Não se iludam: eles andam aí!...

Num dos «separadores» da SICNotícias, ouve-se, com uma carismática «voz off» (em simultâneo com imagens bem terríveis do passado) esta frase:
"Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir que as coisas passadas se tornaram impossíveis."
Fui à procura do autor e lá encontrei, no Citador, a frase, o seu autor e a obra em que se insere:
Gilbert Chesterton, 'O Que Há de Errado com o Mundo'
Sei que o aviso se destina a cativar audiências, mas, por mim, agradeço, subscrevo e passo a quem estiver interessado.

segunda-feira, 2 de março de 2009

domingo, 1 de março de 2009

I wish II

"Podes vir chorar no meu peito
Longe de tudo o que é mau
Que eu vou estar sempre ao teu lado
No meu cavalo de pau"

Cavaleiro Andante, Rui Veloso/Carlos Tê

Plano Nacional de Leitura

"De que nos vale esta pureza
Sem ler fica-se pederneira
Agita-se a solidão cá no fundo
Fica-se sentado à soleira
A ouvir os ruídos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira

Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem"

A Gente Não Lê; Carlos Tê / Rui Veloso

Felicidade em partículas I

Chegar a casa e comer uma tangerina...docinha...