domingo, 31 de janeiro de 2010

Participação; União; Coesão...

Comemora-se o 31 de Janeiro de 1891, que poderia ter sido a proclamação da República...mas não foi...logo...

"Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!

-Agora não, que é hora do almoço...
-Agora não, que é hora do jantar...
-Agora não, que eu acho que não posso...
-Amanhã vou trabalhar...

Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos de vencer!

-Agora não, que me dói a barriga...
-Agora não, dizem que vai chover...
-Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...

Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, e é esta a direcção!

-Agora não, que falta um impresso...
-Agora não, que o meu pai não quer...
-Agora não, que há engarrafamentos...
-Vão sem mim, que eu vou lá ter..."


Deolinda, Movimento Perpétuo Associativo, composição de Pedro da Silva Martins

sábado, 30 de janeiro de 2010

Falta de coragem

"I'm here! What are your other two wishes"
Era assim a frase (espero que o meu inglês não tenha nenhum erro) que me encantou numa t-shirt, numa loja do Rossio.
Adorei-a! Devia tê-la trazido, mas duvidei que tivesse coragem para a vestir.
Se fosse um íman de frigorífico tinha comprado...
Mas era o máximo e resolvi guardar aqui as suas palavras.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

De tanto brilhar, ensurdeceu.

"O aluno tomou a palavra, feliz por ser o primeiro a interpelar os colegas que terminavam de apresentar o trabalho à turma. Tinha de ser ele! Ele tinha de ser sempre a estrela, sem compreender que, na maior parte das suas intervenções/exibições, o brilho não correspondia ao papel que queria para si.
- Podem amostrar outra vez...
- Mostrar! - interrompeu correctivamente a professora, com ar aborrecido - Já te disse que é o verbo mostrar...
- Pois...- parou um bocadinho como se tivesse sido encandeado, de noite, pelos faróis de um carro, enquanto atravessava a passadeira a correr - Podem mostrar outra vez - falava lentamente e a olhar para a professora, com ar vencedor, antes de aumentar de novo o ritmo: porque eu não vi da primeira vez qu'amostraram.
Todos se riram. E ele também! Porque, fosse lá o que fosse que tinha dito, era o centro das atenções de todos naquela sala."

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Os outros somos nós, pois se pensarmos de outra forma...quem somos?

"Quando os nazis venceram os comunistas fiquei em silêncio; eu não era um comunista.
Então eles vieram e levaram os os sociais-democratas, e continuei em silêncio; eu não era um social-democrata.
Quando eles assumiram o sindicato, eu não protestei; eu não era um sindicalista.
Quando eles buscaram os judeus, continuei em silêncio; eu não era um judeu.
Quando eles me escolheram, já não havia ninguém que pudesse protestar."


Martin Niemöller (14 de janeiro de 1892 - 6 de março de 1984)

AUSCHWITZ (65 anos)

Para lá do que é compreensível.
E no entanto foi possível. Os factos o demonstram.
Só uma Memória Viva poderá evitar que se apague...que se repita.
Lembrar; Chorar; Homenagear...manter a memória sempre alerta.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

RTPM

Cheguei a casa cansada, mas precisava, antes de cair - literalmente - no sofá, de imprimir algumas coisas para as aulas de amanhã de manhã.
Liguei a televisão na RTP1, eram cerca de 20 h, sempre ouviria as notícias.
Haiti, acidente na A4, imagens chocantes...aviso aos telespectadores e «cá vai disto» imagens para toda a família ficar chocada e irmos todos criando uma resistência - que se reveste de indiferença - ao horror, à morte, à dor...(quase invocava o Albarrâ, agora...)
Sei que só estou a ouvir isto tudo porque a estante me separa do acesso à televisão, me impede olhar as imagens e o cabo da impressora me retém deste lado...sem energia para, sequer, ir desligar o aparelho.
A determinada altura os meus sentidos bloqueiam a percepção àquilo tudo e, só passado algum tempo, volto a tomar atenção: desta vez é uma reportagem sobre «o pequeno Saúl», que se «notabilizara» por cantar, em versão infantil, as ordinarices de Quim Barreiros, outro notável da Nação. A pobre criança foi afinal explorada pela família que o deixou na penúria (14 € na conta!) e ele lá continua, com um ar ordinareco mas honesto, a cantar as suas brejeirices que vão encantando plateias. Filmado junto das peixeiras da Fiqueira da Foz, ficou atestado no serviço noticioso, que era um rapaz trabalhador e merecedor de apreço.
Quase logo a seguir surge uma «reportagem profunda» sobre o terço que Cristiano Ronaldo usa sempre ao pescoço. E que é feito de plástico! Um modesto terço, feito numa fabriqueta familiar dos arredores de Fátima. Lá estavam todas as produtoras de terços, orgulhosas, fiéis e empreendedoras: estão até a pensar em começar a comercializar a Nossa Senhora com cores mais modernas...azul forte, cor-de-rosa...
Chega! Levanto-me da cadeira e vou verificar que não estava numa emissão da RTPMemória, mas sim da RTPMesmo.
Fátima, Futebol e Música Pimba: a «nova trilogia»? Conta-me como foi e já não é, por favor!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Extravagâncias Caseiras

"Depois liga o rádio p'rá onda média
Ansiosamente remexe o botão
Em busca daquela força
Que às vezes vem numa canção

E se passarem a janis joplin
Fica acessa num repente
Põe-se a dançar em frente ao espelho
E sobe a saia acima do joelho

E vai cantando no quarto-de-banho
Aproveitando a ressonância
A vizinhança acha estranho
E até comenta a extravagância"


extracto de Balada da Fiandeira, letra de Carlos Tê, música de Rui Veloso

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Nos últimos dias dos Saldos

"Loja e mulher. O que Deus uniu, o homem não separa"
Georges Najjar Jr., Desaforismos

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

No Ano da Biodiversidade

"A unanimidade me lembra uma revoada de patos"
Georges Najjar Jr., Desaforismos

domingo, 17 de janeiro de 2010

Separador de Tempos

Tenho saudades de ler nos transportes públicos, às vezes, sofregamente, entre paragens, quase «travando com os pés» o metro ou o comboio para poder ler, até ao fim, aquele capítulo, aquele parágrafo.
As viagens de transportes – entre a capital e os subúrbios - eram também uma espécie de separador entre o dia e a noite (ou a noite e o dia, claro), um espaço de reorganização que perdi quando me mudei para um mundo mais pequeno.
Ganhei muitas outras coisas – como chegar a casa rapidamente – melhor: vir a casa, num instantinho, entre tarefas diferentes, todas muito perto. Mas há sempre coisas que se perdem, quando ganhamos outras…
Por isso, este fim-de-semana, quando guardei a escova de dentes e o pijama no saco, quando corri o fecho, dei as voltas na chave da casa e fechei o porta-bagagens, havia uma certa excitação em tudo o que fazia.
Uma viagem – ainda por cima por caminhos conhecidos – ia proporcionar-me um espaço que há muito não tinha.
Foi um tempo importante de me relacionar com muitas ideias que por aqui vão pululando: organizar, relativizar, priorizar, acalmar pequenas ideias irrequietas que, por serem ainda muito jovens, não têm a calma de se colocar no seu lugar, saltitam constantemente, não deixando ver os prós e os contras, outras que de tão rejeitadas, ameaçam desistir, envoltas numa falta de auto-estima que não merecem…Ouvir as músicas inteiras, analisar as letras, algumas que calam cá fundo. Saber que estou presa na viagem, no cumprimento de um roteiro físico, mas que isso me dá tempo para me renovar interiormente: uma viagem é sempre um separador de dias, de tempos, uma quebra na rotina, um momento revigorante.
Sentimentos de culpa à parte, os livros fechados no apartamento, até ao meu regresso, um regresso que se quer renovado. Uma boa parte da ânsia de partir, prende-se com a vontade de chegar...diferente.
Acabou-se o fim-de-semana, separador de dias, de tempos, organizador de ideias e projectos no dossier colorido da vida.

sábado, 16 de janeiro de 2010

"As pessoas que odeiam gatos, só podem ter sido ratos noutra vida."

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Se nunca tivesses existido, poderias, então, ser eterno.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"Eu gostava de criar homepages, mas não sei o que elas comem!"

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Estratégia Temporal

"É a queixa do milénio: não tenho tempo para ter tempo. (...)
Encontrar o nosso próprio ritmo, a nossa medida, (...) é um trunfo. Fazer isto é fazer uma finta ao tempo., sabendo usá-lo com a nossa inteligência. O tempo não tem estratégias, só consegue avançar sempre da mesma forma e sempre com a mesma pressa. A nós cabe-nos a admirável agilidade de o fazer render, de o usar, porque ele não cede um segundo."


Oliveira, A.M. e Cannas, J., O Ritmo da Vida in Admirável Mundo, p. 59
"Viva perigosamente: Faça pipoca de panela aberta!"

domingo, 10 de janeiro de 2010

Um auto-retrato

"Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso frequento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinquenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinquenta anos, mas tudo bem).
(...)
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho, ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais de nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda."
Antonio Prata, do texto "Bar Ruim é lindo, bicho"(2004), publicado na Antologia de Crônicas, Boa Companhia

sábado, 9 de janeiro de 2010

Palavras de Esperança em Tempo de Crise

"Ninguém que se entusiasme com o seu trabalho
tem algo a temer na vida"

Samuel Goldwyn (1879-1974) - Produtor de Cinema

Apanhada nas Palavras

Andava aqui eu à volta dos regimes de propriedade medieval: Honras, Coutos, Alódios e Reguengos - que sempre vou relacionando com actuais nomes de terras - quando leio a seguinte descrição:
"O couto – do latim «cautum», que significa «segurança» - era um privilégio outorgado a um território ou a um simples local, que assim ficava excluído da jurisdição régia. O «marco de couto», ou «lugar de couto», tanto podia ser uma casa ou uma simples porta, um acidente do terreno ou um curso de água, etc., que o fugitivo devia alcançar para se encontrar ao abrigo da justiça do rei." (Cocheril, Dom Maur, Alcobaça, Abadia Cisterciense de Portugal, p. 27)
E lembrei-me do jogo da apanhada. Lembram-se? Havia um lugar que era salvo, onde não nos podiam apanhar, quando lá chegávamos gritávamos: Coito!
Era demasiado semelhante para não ter uma relação! E lá fui eu à procura dela:
"Todos os outros jogadores terão de fugir do «apanhador», dentro de um determinado recinto, existindo no entanto um local previamente determinado, designado por «coito», dentro do qual os jogadores não podem ser apanhados."(Pereira, Patrícia, Brincar com Tradições, p. 26, Município de São Bras de Alportel)
A condição de alcançar um determinado local e ficar a salvo era mesmo demasiado similar para não ter a mesma origem. Continuando...
No dicionário online priberam, lá estava esclarecido que "Coito" pode ter como significado "o mesmo que couto", que "Couto" significa "Asilo, Refúgio" e que "Acoitar" é uma palavra antiga, que significa "dar couto ou guarida"
Pessoalmente, lembro-me desta última como sentido de esconder, de dar cobertura a algo de ilegal, de cumplicidade...o que também não está fora do contexto.
E pronto: foi uma viagem interessante de ligações entre palavras, esquecidas, estudadas, brincadas e nunca dantes pensadas. Mas, como sempre, uma viagem fascinante de descoberta entre as palavras, a sua evolução, os seus significados. E, além do mais,inesperada: Uma pausa para brincar...à apanhada das palavras!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ambientes


Dia de Reis

Creio que pela primeira vez na minha vida (desde que me lembro), no Dia de Reis, não comi Romã com vinho do Porto.
A minha mãe sempre insistia nesta tradição, para que, durante todo o ano, houvesse dinheiro.
Talvez por isso, sempre associei os baguinhos da romã a pequenas moedas, ou até, pepitas de um ouro vermelho, um ouro só meu, que um dia iria descobrir numa mina...
Talvez entre numa casa de jogo até ao fim da semana, tentando a sorte de um ano em que não fiz o ritual do dinheiro...
Quem sabe?...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

De tempos a tempos

"Seja não-moderno por um dia apenas e
veja quanta eternidade há em si."

Rainer Maria Rilke
(colhido em fábulas incompletas)

Prendas de Historiadores

"Ganhei muitas flores no aniversário. E um binóculo da Ângela, que vive de pesquisas históricas. Só mesmo uma historiadora para ter uma idéia dessas. Os historiadores gostam de ver tudo de perto. Principalmente fatos distantes."
Mario Pratta, Minhas Tudo, 2001

domingo, 3 de janeiro de 2010

Heróis para todas as idades

Avatar e Sherlock Holmes foram os dois filmes que vi nestas Festas. Ambos fantasias; ambos com heróis; ambos interessantes.
Mas descobri que gosto mais de sonhar com homens que não tenham cauda nem orelhas em bico. Sei lá, apesar das suas heroicidades serem também inverosímeis têm uma certa de dose de possibilidade sonhada, que os tornam, para mim, mais apetecíveis. Talvez por me conseguir imaginar a rodar numa carruagem nas antigas ruas de Londres e não me conseguir imaginar a voar num dragão cor de laranja...
A imaginação e a equação de possibilidades, mesmo de sonho, também têm a ver com a idade. Creio que, em relação à ficção científica, me fiquei pela Guerra das Estrelas...mas Sherlocks podem vir mais!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

E saudamo-lo com Esperança e Cautela...


(Quino, Toda a Mafalda, Pub. Dom Quixote, 1989)

que a experiência já nos vai ensinando alguma coisa.

Atraímos o Ano Novo com doces e falas mansas...


A nossa mesa para a Festa