quinta-feira, 30 de abril de 2020

O Homem pensa porque tem mãos

Anaxágoras, filósofo grego (c. 500 a.C.- c. 428 a.C.)

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Das muitas coisas que venho vendo, lendo e ouvindo - como todos nós neste tempo de confinamento - ficou-me a martelar na cabeça uma grande questão que alguém colocou. Era mais ou menos assim: Porque é que as pessoas (a maioria das pessoas) tem tanto medo de morrer se a maioria não gosta da vida que tem, não vive, só existe ou nunca reflectiu ou encontrou um sentido para a vida?

domingo, 26 de abril de 2020

Com um beijinho a dor passa

Lembram-se? As mães diziam estas coisas. E nós pensávamos que era só amor. Mas, se calhar, não era:
"Recentemente,  descobriu-se que a saliva contém também um forte analgésico chamado opiorfina. É seis vezes mais potente que a morfina, embora o tenhamos em doses muito pequenas, motivo pelo qual não andamos sempre pedrados nem escapamos à dor quando mordemos o interior da bochecha ou queimamos a língua."  in Bryson, Bill, O Corpo: Um guia para ocupantes, p.129.

sábado, 25 de abril de 2020

E se as coisas fossem o contrário do que são? Ou do que parecem ser...
E se tudo o que sabemos não fosse real?

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Um dos grandes dilemas da nossa vida em sociedade é querermos ser inovadores e aceites pelos outros.

O génio de Darwin

"Em 1872, treze anos depois de publicar The Origin of Species, Darwin apresentou outra obra de referência, The Expression of the Emotions in Man and Animals, que analisava as expressões de uma forma razoável e sem preconceitos. O livro foi revolucionário, não só por ser sensato, mas por observar que certas expressões pareciam ser comuns a todos os povos. Era uma afirmação muito mais ousada do que nos pode parecer hoje, porque sublinhava a convicção de Darwin de que todas as pessoas, independentemente da raça, partilhavam uma herança comum, o que era um pensamento muito revolucionário em 1872."
Bryson, Bill, O Corpo: um guia para ocupantes, (p. 102)


sexta-feira, 17 de abril de 2020

Geomancia

Hoje aprendi, de facto, uma palavra nova. Estava num livro de carácter místico que estou a ler. De início pensei que seria a interpretação dos sinais da terra e não estava muito longe. Segundo o Priberam é então um substantivo feminino que significa a adivinhação por meio de figuras traçadas no solo. Assim, sem mais. Achei pouco. E é na wikipédia que encontro que a origem da palavra é grega, que a arte da geomancia se praticava com muita frequência em África e na Europa até ao final da Idade Média tendo sido proibido no Renascimento e que esta arte divinatória se refere aos desenhor formados por punhados de terra ou pedras atirados sobre uma superfície (um pouco como lançar os búzios) ou à interpretação de formações naturais, geológicas.
Em blogues, sobretudo brasileiros, há desenvolvimentos bem mais apurados, fazendo a ligação desta arte divinatória com a astrologia, falando de 12 figuras geomânticas e situando historicamente a origem desta arte no mundo islâmico, que a terá passado à Europa, que a terá levado para a América através do tráfico negreiro e - eu bem sabia! - está presente em práticas como o brasileiro candomblé.
http://acaminhodacasa.blogspot.com/2015/03/geomancia.html Nesta fonte relaciona esta arte com textos de Carl Jung e com sociedades secretas, mas confesso que não tive o interesse necessário para me debruçar a sério sobre o assunto.
Aqui fica, pois, a descoberta e as fontes para quem mais quiser saber.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Hoje não me apetece escrever, raciocinar. Hoje só estou. E estou muito bem.

terça-feira, 14 de abril de 2020

Saturação

Saciedade; acto ou efeito de saturar

Saturar: Saciar; Encher; Fartar

JÁ CHEGA!

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Ignaz Semmelweis (1/7/1818-13/8/1865)


"Quando revejo o passado, só posso dissipar a tristeza que me invade imaginando o futuro feliz em que a infecção será banida...A convicção de que esse momento deve chegar inevitavelmente mais cedo ou mais tarde alegrará o momento de minha morte."

Este médico, reconhecido hoje como pioneiro dos cuidados de higiene, foi ridicularizado pelos seus pares, caiu em desgraça e acabou por morrer num manicómio, com apenas 47 anos, por insistir em que lavar as mãos antes de tratar os doentes podia salvar vidas.
Não será só a mim que isto parece irónico agora, pois não?

domingo, 12 de abril de 2020

Páscoa antes da Páscoa

A palavra Páscoa é anterior ao Cristianismo e por isso àquilo que, normalmente, nos habituamos a  celebrar na Páscoa.
Segundo o dicionário a palavra tem origem no hebraico "Pesach" e no latim "Pascha".
A Pesach é uma celebração judaica que evoca a saída do povo hebreu do Egipto. É celebrada no 14º dia da lua de Março; logo, uma festa móvel.
A Páscoa é a celebração cristã que assinala a ressurreição de Cristo. Ocorre no primeiro domingo depois da lua cheia que marca o equinócio da Primavera. Esta decisão e a fixação do calendário litúrgico provêm do Concílio de Niceia, no ano 325, adaptada depois na adopção do calendário gregoriano em 1582.
A palavra anglosaxónica "Easter" parece ter origem nos cultos pagãos que assinalavam o início da Primavera e da renovação da Natureza, cultos esses dedicados pelos povos germânicos à deusa da fertilidade Eostre ou Ishtar.
Em qualquer dos casos é sempre o assinalar de um momento dramático de abandono e renovação, de recomeço, de balanços, de transformação.
Na escola, as avaliações da Páscoa são também a época do balanço e a última oportunidade para mudar comportamentos.
A Páscoa é então, em diferentes filiações, sempre, uma oportunidade.
De que forma é aproveitada, é uma coisa nossa, de cada um de nós.
Esta Páscoa será para muitos (e é o meu caso) uma Páscoa muito diferente: uma Páscoa em isolamento. Uma oportunidade acrescida de reflexão sobre o momento.
Para mim, mais que para todos os outros, assinala o dia em que nasci. Não necessariamente a data, pois, sendo uma celebração móvel, raramente voltou a fixar-se na mesma data, mas tem sempre o sabor de celebração pessoal e gosto de pensar que também de uma mudança muito particular (uma oportunidade?) na minha família.
Um dia, há vários anos, uma anciã soube que eu tinha nascido num domingo de Páscoa. Olhou-me fundo nos olhos e disse "Que lindo dia para nascer." Disse-o de uma forma suave, mas profunda, acentuando um sentido espiritual para o facto. Desde então sinto-me ainda mais especial!

domingo, 5 de abril de 2020

Âmbar

Desde o filme Parque Jurássico que o âmbar me fascina. Confesso que já gostava da palavra, mas não sabia bem o que ela representava. No filme, o âmbar é uma pedra que encima a bengala do capitalista dono do parque e é nessa gema que se guarda o DNA do dinossauro, salvo erro, num mosquito fossilizado.
Creio que na altura em que vi o filme fui ver de onde vinha o âmbar e fiquei estupefacta com aquilo que encontrei, pois o âmbar era afinal, uma substância animal, que provinha de um qualquer sítio anatómico das baleias.

Ontem comecei a ler um livro novo: Amazónia, de James Rollins e numa das páginas que li surgiu, já não sei a propósito de quê, uma referência a âmbar. E foi assim que eu decidi que âmbar seria a palavra de hoje.

Lá vou eu à procura do que é, de facto, o âmbar, mas desta vez aventurei-me em páginas explicativas sobre a substância e não só no Dicionário. E encontro que é uma resina fossilizada, o que me parece bem mais de acordo com o contexto da floresta amazónica. Mas...eu tinha a certeza de uma relação com as baleias. E há, de facto. Mas é um outro tipo de âmbar: o âmbar cinzento, uma substância animal, proveniente dos cachalotes, usada já muito raramente (devido às leis de protecção dos cachalotes como espécie em perigo de extinção) sobretudo na perfumaria ou ainda no Oriente como especiaria. Esta substância esteve associada a rituais cerimoniais na Antiguidade e, actualmente, ainda é acreditada como afrodisíaco.
O âmbar que eu procurava é então uma resina produzida por árvores muito antigas que sofreu processos de fossilização de milhares de anos e que frequentemente encerra no seu interior seres vivos contemporâneos, o que se tem revelado muito útil para o estudo de formas de vida primitivas. Este âmbar provém sobretudo da região do Mar Báltico e é usado em decoração e joalharia,. atingindo preços muito altos e sendo alvo de muitas falsificações (como, por exemplo, introdução de falsos insectos no seu interior) ou seja, os insectos não são falsos, a sua localização no âmbar é que o é.
As fontes para estes dados foram sobretudo estas:
http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=7&cid=92676&bl=1&viewall=true.
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%82mbar_cinza

Como as pesquisas são piores que as conversas e as cerejas, encontro referências a que a mais espectacular utilização maciça de âmbar foi um quarto de Frederico I, Imperador da Prússia, no início do séc. XVIII.
Este quarto foi depois oferecido (fantástico, não é?) ao Czar russo Pedro I, mudado várias vezes de lugar e desaparecido do Palácio de Catarina, em S. Petersburgo, durante a ocupação alemã da 2ª guerra mundial.
Se para história fantástica já lhe bastava, o quarto foi reconstituído e inaugurado ao público, na Rússia, em 2003, mas ainda decorrem pesquisas sobre hipóteses de esconderijos do verdadeiro Quarto ou Câmara de Âmbar, considerada em tempos a 8ª Maravilha do Mundo.

Mais referências a este assunto em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2mara_de_%C3%82mbar
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2012/07/o-misterioso-roubo-da-sala-de-ambar.html?spref=fb&fbclid=IwAR3BUmFHRR-WbF-31y30Uwd_eCIc6Dmw65w17bgVlsesIapLy4fPmFpeQYY

sábado, 4 de abril de 2020

Preceito

Hoje estive a passar a ferro.
Com esmero e a lembrar-me das palavras da minha mãe e da minha avó a propósito daquela actividade: cada peça tem o seu preceito. Todas as coisas na casa têm o seu preceito.
Outra coisa em que era empregue o conceito de preceito era no bordado: embora pudesse estar muito bonito pela frente era no avesso que se via se a bordadeira fazia as coisas com preceito.
Por vezes a palavra era dita no plural. Por isso posso dizer que hoje foi um dia "com todos os preceitos".

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Infausto

Terminei o 3º volume das Histórias das Mil e Uma Noites.
Achei este volume um pouco aborrecido. A última história era uma desgraceira de fazer chorar as pedrinhas da calçada e looonnngaaa.
Mas enfim, sobretudo quando um livro tem continuação, eu sou uma leitora estóica, disciplinada, acreditando que melhores páginas virão.
Concentrei-me assim em pormenores, à medida que avançava sobre as páginas de uma história desinteressante. Aí acabei por concentrar-me na vincada ideia de desigualdade que passa em todas as histórias que fizeram parte deste manancial de narrativas. Pelo menos até esta altura da minha leitura: a obra completa está, nesta edição do jornal Expresso, dividida em 8 pequenos volumes. Todos os personagens são escalonados conforme a sua dignidade (dignidade atribuída por nascimento ou pela preferência de alguém muito importante) e mesmo os escravos são diferentes entre si devido ao lugar de preferência que ocupam para com o seu amo ou ama. Aliás esta palavra "amo", no sentido de senhor, também sempre me soa a histórias do maravilhoso, como o Gato das Botas: o meu amo, o Marquês de Carabás!
Já quase no fim da narrativa impõe-se-me esta palavra: infausto. Muito bem aplicada devido ao destino infelicíssimo dos dois amantes e de muitos dos que com eles privavam, esta palavra soou-me a novidade. Rebusquei na memória. Não. Nunca tinha visto esta palavra. Fausto, sim. Como descritivo de ambientes fantásticos, como título de obra e como nome próprio. Mas nunca me tinha ocorrido que existiria a sua negação.
Lá fui ao palavrório de serviço e os sinónimos são: não fausto, infeliz, funesto.
Funesto, sim, descreveria bem todo o destino dos amantes. Seria o que eu escolheria do léxico que possuía. E também para descrever todo aquele ambiente social de hierarquias, medos e crenças de uma dignidade maior atribuída aos bem nascidos, que se conhece mesmo quando a tentam disfarçar. É de facto a negação do mundo que conheço e advogo: cada ser se distingue por aquilo que constrói a partir das suas condições específicas. Mas - acredito eu - nascemos todos iguais. Na minha opinião (que muito tenho discutido com alguns que advogam a monarquia como sistema político) ninguém é mais importante que outro quando nasce.E também quero acreditar que todos somos livres. Embora aí já coloque algumas reticências por aquilo que vou vendo e conhecendo. Muitos não somos livres: pelo contexto socioeconómico e pelas amarras que outros nos constroem por vezes, demasiadas vezes. Quero no entanto acreditar que, potencialmente, todos somos livres, ou seja acredito que todos carregamos em nós a possibilidade da acção rumo à liberdade. [Isto não me saiu muito bem: tenho de trabalhar melhor esta ideia].
Reparo agora que também o computador não reconhece a palavra infausto. Já aprendemos ambos hoje qualquer coisa.