quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

And the Oscar goes to

8º ano: Calvin, reformador suiço
9º ano: Stalone, governante soviético

Os testes são, definitivamente, cultura de massas.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Labirinto

"Labirinto ou não foi nada
...
Talvez houvesse uma flor
aberta na tua mão.
Podia ter sido amor,
e foi apenas traição.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua. . .
Ai de mim, que nem pressinto
a cor dos ombros da Lua!

Talvez houvesse a passagem
de uma estrela no teu rosto.
Era quase uma viagem:
foi apenas um desgosto.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua...
Só o fantasma do instinto
na cinza do céu flutua.

Tens agora a mão fechada;
no rosto, nenhum fulgor.
Não foi nada, não foi nada:
podia ter sido amor."


David Mourão-Ferreira

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Não

"Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.

Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...

Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...

Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?"


Álvaro de Campos

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Fim do dia

de uma segunda-feira. E eu estafadinha de todo, que os testes parecem crescer em tamanho e em disparates.

A porta da escola aproximava-se como saída tentadora, mas os testes que pesavam na mala lembram-me que a caneta vermelha estava ontem quase a acabar.

- Boa tarde, D. Teresa. Venda-me aí uma caneta vermelha, daquelas que o Ministério nos havia de pagar que é material de desgaste do trabalho que pagamos com o nosso ordenado.

- Professora: é das mais baratas?

- Baratas? Que nojo! Prefiro moscas.

E lá sorrimos e rimos, que a tristeza (que um dia destes ficará incrustada) não melhora em nada o nosso ambiente de trabalho.

Com a caneta Barata, desligo a televisão para que se não ouça nem uma Mosca e recomeço, cada vez com menos alento, o calvário dos testes.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A chuva invadiu o tempo e o domingo vai pingando...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Obrigada, José Luis!


 Espero que goste deste tema (e seu novo visual) como eu.

Outra Vez S. Valentim

Hoje, com o amor a escorrer pelas paredes dos ambientes adolescentes, com vendas de chupa-chupas em forma de corações... vermelhos, com puxadores de lojas em forma de corações...vermelhos, o poema só podia ser de amor. Com toda a confusão e incoerência inerente, que Joaquim Pessoa tão bem exprime.

AMO-TE POR TODAS AS RAZÕES E MAIS UMA 

"Por todas as razões e mais uma. Esta é a resposta que costumo dar-te quando me perguntas por que razão te amo. Porque nunca existe apenas uma razão para amar alguém. Porque não pode haver nem há só uma razão para te amar.
 Amo-te porque me fascinas e porque me libertas e porque fazes sentir-me bem. E porque me surpreendes e porque me sufocas e porque enches a minha alma de mar e o meu espírito de sol e o meu corpo de fadiga. E porque me confundes e porque me enfureces e porque me iluminas e porque me deslumbras.
 Amo-te porque quero amar-te e porque tenho necessidade de te amar e porque amar-te é uma aventura. Amo-te porque sim mas também porque não e, quem sabe, porque talvez. E por todas as razões que sei e pelas que não sei e por aquelas que nunca virei a conhecer. E porque te conheço e porque me conheço. E porque te adivinho. Estas são todas as razões.
 Mas há mais uma: porque não pode existir outra como tu."

JOAQUIM PESSOA, in ANO COMUM (Litexa, 2011), Dia 231

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Videos

Continuando as minhas batalhas com as mudanças tecnológicas, agora compreendi que não consigo ir buscar videos ao Youtube e coloca-los aqui de forma visível. Eu faço o mesmo que fazia antigamente (estou com ar de desespero!).

Se alguém me puder ajudar, eu ficaria eternamente grata.

Parabéns a Você!

E que alegria deve ser para um brasileiro fazer anos no Carnaval!

Martinho da vila celebrou os 75 anos desfilando com a Escola de Vila Isabel no Sambódrono.

75 anos bem vividos e bem cantados...

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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A Caixa Negra

- Mas não pode recuperar os números? Os contactos...
- Assim como está não. Vamos ver se uma reparação do aparelho resolve o problema. Mas, desculpe, os contactos estavam guardados no cartão ou no telemóvel?
- Então o cartão não está no telemóvel?
- Sim - disse ele com aquele ar pedagógico-condescendente que me faz perder as estribeiras - Mas existe a memória do cartão e existe a memória do telemóvel...
Fez uma pausa que eu aproveitei para falar sobretudo comigo: - E existia a minha memória que não era má ideia se não tivesse deixado de a usar.
- E pode (deve, se me permite) ir fazendo backups periódicos.
Pumba! A utilização de expressões em americanês é a segunda gota de água num copo que transbordou à primeira.
- Bem - interrompi com a mão levantada em sinal de que não queria ouvir mais nada - resumindo: se quiser telefonar nos próximos dias tenho de comprar outro telemóvel, mas posso mandar arranjar esse, não? Ele está na garantia.
- Claro, mas na Nokia.
- E porque não aqui?
- Porque lá é que eles sabem dizer se podem ou não recuperar os dados e se vale a pena consertar o telemóvel [ele não deve ter dito consertar, já ninguém diz consertar].
- E onde fica isso?
- Sabe onde é o hospital?
- Não. Não sei nada. Fiz 20 Km para vir à loja que me indicaram e agora tenho de saber onde é o hospital para arranjar o telemóvel? Não deve ser difícil de descobrir, eu estou quase a ter um ataque de nervos.
A outra funcionária, mais velha, aproximou-se com um ar sério e protetor. Percebi que não podia falar alto, porque estamos numa sociedade politicamente correta em que quem perde as estribeiras não tem nível.
Comprado o novo telemóvel porque - e isto ainda me irritou mais contra mim mesma - não posso estar sem telemóvel - meto-me no carro e furo Leiria inteira para ir a uma loja específica da Nokia para saber se aquilo tem arranjo. "Talvez...pode vir amanhã que já deve estar arranjado." "Amanhã? Amanhã não posso. Agora só devo voltar daqui a uns 3 dias." Estranham. As pessoas querem tudo para ontem à tarde.Depois de registar a morada sorriu: "Ah, já percebi. Claro que não pode vir nos próximos dias que a paródia carnavalesca lá pela terra à boa. Pode vir quando quiser: Bom Carnaval!"
E eu com um ar muito para lá do Palhaço Rico a suspirar pelo tempo em que os nº de telefone estavam escritos num caderninho dividido por letras e o telefone era preto, vetusto, robusto e fixo à parede no centro do corredor.
E porque não assento os nº no caderno? Sei lá! Não sei mais nada. Sei que temos a vida presa dentro de caixinhas negras que nos ensombram os dias quando não funcionam.
Agora tenho de ir ler o manual do outro coiso, porque não tem as mesmas opções do anterior. E é 'touch', porque parece mal dizer é toca-me e eu cada vez estou mais cheia de não-me-toques...
E os toques! Nem sei como é que isto toca. Oh, não! Vou ter que passar por todo aquele calvário de ouvir mil e um toques para escolher um.
Odeio esta sociedade tecnológica.
Estou mascarada de antiquada. E que bem entrei no papel!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Um Carnaval

«Vem ao baile das palavras
Que se beijam desenlaçam
Palavras que ficam passam
Como a chuva nas vidraças

...
Vem ao baile, oh tens que vir
E perder-te nos espelhos
Há outros muito mais velhos
Que ainda sabem sorrir.» 
 
Alexandre O’ Neill 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

E de repente

apetecia-me estar em Barcelona, no Parque Guell...

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Lembrava-se dele e, por amor, ainda que pensasse
em serpente, diria apenas arabesco; e esconderia
na saia a mordedura quente, a ferida, a marca
de todos os enganos, faria quase tudo


por amor: daria o sono e o sangue, a casa e a alegria,
e guardaria calados os fantasmas do medo, que são
os donos das maiores verdades. Já de outra vez mentira


e por amor haveria de sentar-se à mesa dele
e negar que o amava, porque amá-lo era um engano
ainda maior do que mentir-lhe. E, por amor, punha-se


a desenhar o tempo como uma linha tonta, sempre
a cair da folha, a prolongar o desencontro.
E fazia estrelas, ainda que pensasse em cruzes;
arabescos, ainda que só se lembrasse de serpentes.


Maria do Rosário Pedreira