Para te visitar
esquecerei a terra
e apagarei as estrelas.
E irei pelos teus olhos,
até o mundo voltar a ter princípio.
Mia Couto
Do poema "Anseios",
no livro "Tradutor de Chuvas. Lisboa. Caminho."
Será que as palavras ficam presas no tempo? Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil? Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?... Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto. Por puro prazer!
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Dez dias depois
continuo sem tempo...a guardar as palavras nas dobras do adiamento, onde se vão amalgamando, amachucando, barafundando, perdendo sentido.
(suspiro)
(suspiro)
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
domingo, 5 de janeiro de 2014
Pergunta-me
Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto
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sábado, 4 de janeiro de 2014
Congeminações sobre congelações
Com estas coisas da tecnologia os tempos, os ritmos, as tradições estão cada vez mais fluídas.
Acabei agora mesmo de ver o concerto de Ano Novo, de dia 1 de Janeiro, em Viena de Áustria.
Ainda não tinha tido tempo de ver o concerto que adoro. Uma tradição do dia 1 (ou talvez já não) e um sonho que acalento de um dia lá estar, ao vivo e a cores. Por vezes é uma emoção tão forte que me sinto lá...
Mas o que foi mesmo estranho foi o senhor da locução que, preso no tempo, me desejou boa tarde e um bom ano, neste 1º dia de 2014.
Estranho. Nem chego a saber se é bom poder fintar o tempo assim. A sensação que tenho é que somos cada vez mais escravos do tempo, essa entidade que parece esfumar-se por aí. Se dantes se parava porque não se podia perder o programa, agora deixa de se ter pretexto para parar porque se pode ver o programa em qualquer altura. Como é que eu me sinto sempre defraudada? Não era para sermos mais felizes e termos mais tempo para nós?
Podendo congelar o tempo assim...parece que fico perdida...
E, a propósito, de técnicas, tecnologias e de congelar o tempo: a Julie Andrews, que estava a ver o concerto, está quase igual a como era no filme A Música no Coração. Estranho...muito estranho.
Acabei agora mesmo de ver o concerto de Ano Novo, de dia 1 de Janeiro, em Viena de Áustria.
Ainda não tinha tido tempo de ver o concerto que adoro. Uma tradição do dia 1 (ou talvez já não) e um sonho que acalento de um dia lá estar, ao vivo e a cores. Por vezes é uma emoção tão forte que me sinto lá...
Mas o que foi mesmo estranho foi o senhor da locução que, preso no tempo, me desejou boa tarde e um bom ano, neste 1º dia de 2014.
Estranho. Nem chego a saber se é bom poder fintar o tempo assim. A sensação que tenho é que somos cada vez mais escravos do tempo, essa entidade que parece esfumar-se por aí. Se dantes se parava porque não se podia perder o programa, agora deixa de se ter pretexto para parar porque se pode ver o programa em qualquer altura. Como é que eu me sinto sempre defraudada? Não era para sermos mais felizes e termos mais tempo para nós?
Podendo congelar o tempo assim...parece que fico perdida...
E, a propósito, de técnicas, tecnologias e de congelar o tempo: a Julie Andrews, que estava a ver o concerto, está quase igual a como era no filme A Música no Coração. Estranho...muito estranho.
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Tradições
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
As últimas
- Foi, foi. Os pais casaram no final do ano, porque o ano a seguir era bissexto e dava azar!
- Os anos bissextos dão azar?
- Essa nunca tinha ouvido...
-Este ano foi bissexto?
- Foi não, ainda é. Está quase a acabar, mas ainda não acabou.
- Sim, pois. Mas é bissexto?
- Não é não. Se fosse acabava a 32 de Dezembro!
- Os anos bissextos dão azar?
- Essa nunca tinha ouvido...
-Este ano foi bissexto?
- Foi não, ainda é. Está quase a acabar, mas ainda não acabou.
- Sim, pois. Mas é bissexto?
- Não é não. Se fosse acabava a 32 de Dezembro!
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