quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Alvaiade

Ontem estreei uns ténis brancos. Branquinhos, branquinhos, como eu gosto. Mas logo olhei para eles com tristeza pensando “Não vão manter-se assim por muito tempo. Depois vão ficar «branco-sujo», o que já não tem graça nenhuma e depois terei de comprar outros branquinhos, branquinhos.”


Depois lembrei-me do tempo em que se usava «na minha ginástica» uns sapatinhos brancos – entre os ténis e as sapatilhas das bailarinas – que contrastavam com o maillô preto da Associação Académica da Amadora, com que eu abria orgulhosamente o desfile da «minha classe». Foi há muito tempo. Tinha eu aí uns cinco aninhos e era uma criança engraçadinha e que gostava de dar nas vistas; ficava, pois, bem na abertura.

Tinha então de ter os meus ténis muito branquinhos e a minha avó cuidava bem disso. Quando achava que os ténis estavam a ficar «encardidos» (como ela dizia) punha-os num banho «de leite e alvaiade». E lá recuperavam eles, dignos da menina da abertura do desfile!

Nunca soube o que era alvaiade, mas é sem dúvida uma palavra que faz parte da minha vida, de um pedacinho recôndito desportivo que se iluminou agora.

E lá fui eu à procura para guardar: Alvaiade é então uma palavra que vem do árabe (almentar, meu caro Watson!) e que designa um pigmento branco. Existe “alvaiade de chumbo”, que é um hidroxicarbonato de chumbo, tóxico, branco, usado em pintura a óleo e “alvaiade de zinco”, um óxido de zinco, branco, usado em farmácia e em pintura como substituto do alvaiade de chumbo. Deveria ser este último. Será que ainda existe?



O que é certo é que antigamente as avós, mães e outros seres extraordinários formados em economia doméstica, se aplicavam a reciclar, recuperar e dar nova vida às coisas para evitar comprar novo. Talvez seja desses ensinamentos que estamos a precisar para poupar o planeta e a economia, para sobreviver de forma mais ecológica (ou se calhar só lógica) a esta crise da sociedade de consumo. Mais uma vez é na História – nas soluções que o homem já outrora encontrou para os seus problemas – que devemos procurar os caminhos do futuro. Eles estão lá!

domingo, 25 de setembro de 2011

sábado, 24 de setembro de 2011

«- Eh pá! Na Idade Média havia muitas feiras medievais!»

exclamou o R. ao observar o mapa das feiras medievais portuguesas que consta do manual de História.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A esquizofrenia

pela uniformização é a tentativa desesperada - e receio que bem sucedida - de apagar a originalidade, a individualidade, a qualidade acima da média.
Será inveja, medo ou só insegurança? Mas, com as novas tecnologias e os rebanhos virtuais, está a medrar a um ritmo assustador.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Inédito?

Manoel de Oliveira registou ontem 80 anos sobre a estreia do seu primeiro filme. Tinha ele 22 anos. Começou cedo, de facto, mas...80 anos depois ainda continua.
Deviam convidá-lo para substituir o coelhinho das pilhas Duracell!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ensinar História

"O passado é um lugar estranho; lá fazem as coisas de outra maneira."
L.P.Hartley

domingo, 18 de setembro de 2011

sábado, 17 de setembro de 2011

E a paixão não se quantifica...

Os miúdos já chegaram!
Depois daqueles tempos horríveis, desesperantes, assustadores, em que procuramos enquadrar tudo em quadradinhos e matamos a espontaneidade pelo tédio da previsibilidade infinita, os garotos entraram na escola.
Quarta-feira a vida voltou ao espaço lavado de água, mas bafiento de ideias que é uma escola em período não lectivo.
(O que francamente me custa é como quase toda aquela gente parece acreditar na doutrina da Santa Grelha! Como se antes de haver grelhas o ensino não fosse válido. Como se tivéssemos que provar à exaustão cada atitude que tomamos...como se em tribunal estivéssemos a justificar actos).
Os que já eram meus alunos saudaram-me com alegria e os novos mantiveram uma expressão acesa de expectativa durante toda a apresentação.
Devolveram-me a esperança. Mostraram-me que afinal há um caminho.
Hoje arrumei as grelhas todas numa pasta pronta a disparar em situação de emergência e dediquei-me a ler um livro, algo de novo para ensinar que a História é um caminho constante.
Portugal; o Pioneiro da Globalização - A Herança das Descobertas, um respeitável livro de muitas páginas, escrito or Jorge Nascimento Rodrigues e Tessaleno Devezas, editado pelo Centro Atlântico, que me foi oferecido por um estrangeiro a quem, de visita a Portugal, tentei explicar o carácter excepcional dos nossos descobrimentos, que sempre considerei «a abertura ao mundo percursora da globalização» e que agora assim era reconhecida pelos estudiosos.
Confesso que tenho um bocadinho de inveja do título: gostava de ter sido eu a escrever aquilo!
Afinal é uma perspectiva muito económica - que eu não escreveria - mas parece-me um bom estudo.
No entanto trago-o aqui para registar palavras de esperança, de gratidão, que me provam que a docência é uma coisa pessoal incapaz de ficar presa em grelhas estanques de resultados matemáticos: a docência é sobretudo um trabalho humanista, de relações e interacções entre seres humanos, de um valor incomensurável e, por isso, impossível de registar em grelha quadriculada, asséptica, acabada no curto espaço de um período lectivo. Os efeitos do ensino, os resultados da docência, são tão difusos e tão vastos que se tornam incomensuráveis, mas que se reflectem na sociedade frequentemente sem que disso se tenha consciência.
Um dos autores do livro regista um tributo a alguém que, sem talvez ter disso a «prova», é responsável pelo seu percurso, pela sua contribuição para a cultura portuguesa, num estudo que mereceu o apoio de diversas entidades de gabarito internacional. E escreve assim:
"O autor Jorge Nascimento Rodrigues expressa, também, a título pessoal, a sua enorme dívida para com José Gonçalves, já falecido, um Professor de História de excepção, que, no princípio dos anos 1960, no Liceu de Leiria, motivou centenas de alunos para a paixão por esta disciplina essencial (...)" (p.12) 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Presente de Mestre

"Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!"


Clarice Lispector

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Eu quero viver uma vida «desgrelhada»!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Desabafo

Se era para ter tantas reuniões, tinha tirado o curso de troika, não de professora!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Apreensão de chifres de rinoceronte

negam a expressão "Não vale a ponta de um corno".