sábado, 31 de janeiro de 2015

"- Professora: estamos a ler Mia Couto. E não é uma mulher!"

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A Turma

A gente foi criado no ermo igual ser pedra.
Nossa voz tinha nível de fonte.
A gente passeava nas origens.
Bernardo conversava pedrinhas com as rãs de tarde.
Sebastião fez um martelo de pregar água na parede.
A gente não sabia botar comportamento
nas palavras.
Para nós obedecer a desordem das falas
infantis gerava mais poesia do que obedecer as regras gramaticais.
Bernardo fez um ferro de engomar gelo.
Eu gostava das águas indormidas.
A gente queria encontrar a raiz das palavras.
Vimos um afeto de aves no olhar de Bernardo.
Logo vimos um sapo com olhar de árvore!
Ele queria mudar a Natureza?
Vimos depois um lagarto de olhos garços
beijar as pernas da Manhã!
Ele queria mudar a Natureza?
Mas o que nós queríamos é que a nossa
palavra poemasse.


Manoel de Barros (1916-2014)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A Lista Vermelha das palavras em vias de extinção

Preocupa-me o desaparecimento de certas palavras. A palavra “labrosta”, por exemplo, vocábulo tão salutar com que a minha mãe chegou a brindar as minhas maneiras à mesa (“És um labrosta!”), sinónimo de pessoa “labrega”, “grosseira”, “rústica”, “campónia” ou “camponesa”, e que raramente se ouve.
Proponho que se soltem palavras desusadas por aí, como quem solta animais de cativeiro na natureza, para ver se pegam. Porque é que em vez de uma “sopa camponesa” não podemos ter um “creme de labrosta”? Até soa a coisa de prestígio.
Há palavras que se encontram numa situação crítica. Algumas só sobrevivem graças a provérbios ou expressões idiomáticas, que funcionam como última reserva, santuário, onde essas palavras ainda encontram espaço para respirar. Palavras como “albardar” ou “bugalho” estão confinadas a ditados populares como “Albarda-se o burro à vontade do dono” ou “Confundir alhos com bugalhos”. Há que reavivar estas palavras. Nem que seja nos contextos mais improváveis. Se um dos significados de “bugalho” é “conta grande do rosário”, o senhor padre que diga a meio do terço: “Irmãos, vamos agora rezar o bugalho.”
Felizmente que ainda ninguém se lembrou de actualizar os provérbios, porque senão seria uma desgraça. Lá se ia um magote de palavras. Além disso, era ridículo. O que é que íamos dizer, “Atafulha-se o porta-bagagens à vontade do dono”? Era uma hecatombe. Não só para as palavras e para os provérbios, como para todo um imaginário antigo, muitas vezes rural, que assim seria varrido da nossa memória. É urgente incentivar a utilização de provérbios e nunca pensar em actualizá-los para coisa palermas como: “Os cães ladram e a autocaravana passa”, “Em casa de informático, Windows XP” (do original “Em casa de ferreiro, espeto de pau”) ou “Ainda a fila vai no Viaduto Duarte Pacheco”, com a respectiva versão para o Norte, “Ainda a fila vai no Nó de Francos” (do original “Ainda a procissão vai no adro”).
Talvez devêssemos publicar a Lista Vermelha das Palavras, tal como a UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) faz com as espécies de animais, plantas e fungos. Classifiquem-se as palavras por ordem decrescente de ameaça de extinção, como “Em Perigo Crítico”, “Em Perigo” ou “Em Cadilhos”, no caso das mais periclitantes. Refira-se, a título de curiosidade, que a antiga designação da categoria “Em Cadilhos” era “Vulnerável”. Mas alterou-se por uma questão de rigor científico, como é, aliás, fácil de comprovar pela frase exemplificativa: “É fundamental proteger o tigre-de-sumatra, por ser uma espécie em perigo crítico, mas também é preciso atenção ao tubarão-branco, que está em cadilhos.”
Assim, com base numa análise empírica rigorosa, que respeita os critérios que me deram na real gana, eis alguns exemplos de palavras ameaçadas das várias categorias:
Em Perigo Crítico – Labrosta, alvíssaras, tropa-fandanga
Em Perigo – Calhordas, bambúrrio, abrenúncio, escanifobético
Em Cadilhos – Serigaita, sorrelfa, estroina, pilantra
Também pude atestar a raridade de alguns termos pelo corrector ortográfico do processador de texto, que não identifica palavras como “tropa-fandanga”. Sugere-me “contrapropaganda” em troca, porque deve gostar da sonoridade, acha que é parecido. “Ai eles fizeram propaganda? Então nós vamos fazer tropa-fandanga!”
Para que se perceba a gravidade da situação de algumas palavras, termino com uma citação de um artigo, originalmente sobre biodiversidade, com uma ligeira modificação da minha parte:


«Recentes estudos revelam surpreendentes taxas de declínio ou quase extinção de insultos como “calhordas”, “labrosta” ou “safardana” e confirmam a importância deste tipo de injúrias para as populações. Além disso, e de forma mais ampla, estes estudos demonstram que, se não formos capazes de acabar ou reverter o ritmo da perda de “calhordas”, por exemplo, isso poderá ter consequências dramáticas para os ecossistemas linguísticos ou, pior ainda, poderá significar a opção por insultos desprovidos de interesse.»

Gonçalo Puga, 27.01.2015

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Poder-se-ia dizer os mesmo da Escola...

POEMA XLII

*JOAQUIM PESSOA*

A cidade é um mar de mágoa,
toda a gente traz agarrada ao rosto e aos gestos
uma tristeza grande, uma espécie de
certificado dos tempos que correm, como que
a dizer "eu vivo agora e aqui, eu sou de cá,
por favor não me confundam."
A cidade é um pasmo, um marasmo, um sarcasmo,
presente em cada ato. Já ninguém acredita 
naquela cidade que nos envolvia e com a qual nos
envolvíamos, esperando alguma coisa, um raiozinho
de sol, uma nesga de felicidade nem que fosse
por uma hora, nem que fosse uma 
ilusão apenas.

Agora já ninguém se ilude.
A cidade já não tem essa magia, esse fulgor
que nos fazia levantar um pouco os pés do chão,
que nos empurrava para conviver nas praças e nos cafés
com uma alegria silenciosa e reconfortante que explodia
nas conversas, nas disputas e nos pontos de vista.
Num tempo de aquecimento global a cidade esfria,
esfria-nos, não nos incendeia, não nos enlouquece,
não nos dispensa sequer atenção e muito menos
nos empresta aquelas imprecisas asas que nos ajudavam 
a esquadrilhar avenidas porque não cabiam abertas 
nas travessas e nos becos, essas asas das quais
nada já resta senão uma dor nas costas.
Alguns jardins restam, mas que resta dos jardins onde
um suave e rasteiro entusiasmo cacarejava, onde as 
flores mais belas eram livros e beijos, e beijos e livros
enchiam de sabedoria aqueles que da ternura
faziam bancos de jardim?

Que é da música misteriosa que abraçava a cidade,
que é dos músicos que esticavam tanto o sonho
que com ele faziam cordas para os instrumentos,
que é das palavras que vestiam e despiam a cidade e nos
despiam e vestiam quando a cidade amachucava a noite?
Que é feito do mar atrás da porta, que é feito do cheiro
das laranjas, e por que é que as estátuas de solidão que
só havia nos molhes estão agora distribuídas pelos
passeios, pelas esquinas, colocadas no metro, 
nos autocarros, nos escritórios, nos hotéis, 
nos armazéns? 

A minha cidade morreu. A tua cidade morreu.
Mataram a cidade. Matámos a cidade. Aquela luz
que a cobria de oiro, que a inundava de cor e de glória,
é agora uma verdade pegajosa que nos sacode e violenta,
uma pedra arrefecida que nos vai transformando 
o coração numa casa vazia, uma ampla casa vazia
sem tranquilidade, sem juventude e sem amor.
A cidade, esta cidade, é dos pássaros, dos pombos e dos
cães. E daqueles que discursam e em nada acreditam,
daqueles que nos fazem crer ter as mãos cheias de 
estrelas, mas que não passam de níqueis cintilantes
cujo valor facial é o da traição.

A cidade agora habita em nós.
Como um problema a resolver. Como
uma obrigação de nos darmos à realidade destruída,
confuso costume de aldrabar a bondade,
de remediar os estragos da indiferença, de escolher
o melhor de todos os olhares para tentar o que já 
não é possível. A cidade cerca-nos de recordações,
é a capital imperturbável de uma existência que tivemos
cheia de sonhos e metáforas. Já não há na cidade
tabacarias nem floristas porque fumar obrigatoriamente
mata e as flores são um fracasso ligado à coragem
que um dia tivemos.

A cidade recorre agora a nós,
a este bando de espectadores impotentes,
de hóspedes malcriados que esperam ainda recompensa
pela inconsciência e pela deserção. E é possível
que ao chamamento em vão respondamos todos com
a aparência, a falsidade e a promiscuidade do costume,
ensaiada noutras conversas, noutras práticas,
noutros gabinetes estrategicamente fora da cidade,
fora da realidade, fora dessa causa que continua 
a mesma, a das ideias, a da beleza e a da vontade,
e o que resta da luz e da magia continue a definhar,
onde o amor anda de joelhos à procura de qualquer coisa
que não sabe o que é nem vai nunca encontrar
e que já poucos de nós se lembram
do que pode ser.

in O POUCO É PARA ONTEM

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

No filme, a médica legista falava com a morta que deveria dissecar daí a pouco, como se ela, na realidade, a pudesse ouvir.
Que disparate, pensei.
Depois, refletindo um pouco melhor, percebi que eu fiz o mesmo durante a tarde com colegas na sala de professores, que revelaram o mesmo grau de compreensão da morta do filme.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Fábula da Fábula

Era uma vez
Uma fábula famosa, 
Alimentícia 
E moralizadora, 
Que, em verso e prosa, 
Toda gente 
Inteligente, 
Prudente 
E sabedora 
Repetia 
Aos filhos, 
Aos netos 
E aos bisnetos. 
À base duns insectos, 
De que não vale a pena fixar o nome, 
A fábula garantia 
Que quem cantava 
Morria 
De fome. 

E realmente… 
Simplesmente, 
Enquanto a fábula contava, 
Um demónio secreto segredava 
Ao ouvido secreto 
De cada criatura 
Que quem não cantava 
Morria de fartura.


Miguel Torga (1907-1995)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

[AGORA QUE SINTO AMOR]

Agora que sinto amor
Tenho interesse no que cheira.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver.



Alberto Caeiro in O Pastor Amoroso23-7-1930

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

69

"a história é infinita. podemos interceptá-la em qualquer ponto. era uma vez uma cidade onde os habitantes sabiam tanto do sofrimento humano que quando acordavam deitavam-se logo."

Ana Hatherly in 63 Tisanas 

domingo, 18 de janeiro de 2015

Neste dia, em 1984, Portugal e o Mundo perderam o Poeta José Carlos Ary dos Santos

ORIGINAL É O POETA
Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutro pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse um abismo
e faz um filho ás palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever um sismo.
Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte faz
devorar um jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.
Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce á rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.
Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.
Ary dos Santos
Guardemos as suas palavras e a memória da força com que as dizia.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Paroles, Paroles

C'est étrange
Je ne sais pas ce qui m'arrive ce soir
Je te regarde comme pour la première fois
Encore des mots toujours des mots
Les mêmes mots
Je ne sais plus comme te dire
Rien que des mots
Mais tu es cette belle histoire d'amour
Que je ne cesserai jamais de lire
Des mots faciles des mots fragiles
C'était trop beau
Tu es d'hier et de demain
Bien trop beau
De toujours ma seule vérité
Mais c'est fini le temps des rêves
Les souvenirs se fanent aussi
Quand on les oublie
Tu es comme le vent qui fait chanter les violons
Et emporte au loin le parfum des roses
Caramels, bonbons et chocolats
Par moments, je ne te comprends pas
Merci, pas pour moi
Mais tu peux bien les offrir à une autre
Qui aime le vent et le parfum des roses
Moi, les mots tendres enrobés de douceur
Se posent sur ma bouche mais jamais sur mon coeur
Une parole encore
Paroles, paroles, paroles
Écoute-moi
Paroles, paroles, paroles
Je t'en prie
Paroles, paroles, paroles
Je te jure
Paroles, paroles, paroles, paroles, paroles
Encore des paroles que tu sèmes au vent
Voilà mon destin te parler
Te parler comme la première fois
Encore des mots toujours des mots
Les mêmes mots
Comme j'aimerais que tu me comprennes
Rien que des mots
Que tu m'écoutes au moins une fois
Des mots magiques des mots tactiques
Qui sonnent faux
Tu es mon rêve défendu
Oui, tellement faux
Mon seul tourment et mon unique espérance
Rien ne t'arrête quand tu commences
Si tu savais comme j'ai envie
D'un peu de silence
Tu es pour moi la seule musique
Qui fit danser les étoiles sur les dunes
Caramels, bonbons et chocolats
Si tu n'existais pas déjà je t'inventerais
Merci, pas pour moi
Mais tu peux bien les ouvrir à une autre
Qui aime les étoiles sur les dunes
Moi, les mots tendres enrobés de douceur
Se posent sur ma bouche mais jamais sur mon coeur
Encore un mot juste une parole
Paroles, paroles, paroles
Écoute-moi
Paroles, paroles, paroles
Je t'en prie
Paroles, paroles, paroles
Je te jure
Paroles, paroles, paroles, paroles, paroles
Encore des paroles que tu sèmes au vent
Que tu es belle
Paroles, paroles, paroles
Que tu est belle
Paroles, paroles, paroles
Que tu es belle
Paroles, paroles, paroles
Que tu es belle
Paroles, paroles, paroles, paroles, paroles
Encore des paroles que tu sèmes au vent


Alain Delon & Dalida

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Intolerâncias linguísticas

Cada vez estou pior! Não suporto, não suporto os erros que pessoas alegadamente instruídas cometem a toda a hora. Professores, farmacêuticos, jornalistas, licenciados nas mais variadas áreas. Pessoas que beneficiaram de uma educação superior não poderiam ter abraçado tão levianamente a carreira do crime, assassinando, cada vez com mais mestria, a língua portuguesa, uma e outra vez e outra e outra...Aprendi nos filmes de crimes do canal AXN que quando se desferem facadas desnecessárias na vítima é uma questão pessoal: o que lhes terá feito de tão grave a língua portuguesa?

Para ilustrar esta minha mágoa apenas os dois episódios mais recentes:

Ontem liguei para a empresa operadora do meu telemóvel e falei com um assistente com uma voz linda, muito simpático e que me garantiu - várias vezes! - que encontraria um tarifário que fosse de encontro às minhas necessidades, o que eu achei, literalmente, chocante.

Todos os medicamentos que estou a tomar para debelar a crise de gripe que me prende em casa são tomados "apos a refeição", segundo prescrição escrita a caneta pela licenciada em farmácia que me vendeu os medicamentos.

Apos isto o que fazer? Ir de encontro à maioria? Pode ser doloroso e será, certamente, inglório.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

"Não há ninguém que possa ajudar-me!" disse a personagem do filme.
Fiquei a pensar: Não há expressão mais completa do desespero!

domingo, 11 de janeiro de 2015

Recantiga, Miguel Araújo

http://youtu.be/ycXLbzBvqAo?list=PLLffhkhpkwQU6XNnfc2dLbySgQJZoH2Lw

E era as folhas espalhadas, muito recalcadas do correr do ano
A recolherem uma a uma por entre a caruma de volta ao ramo
E era à noite a trovoada que encheu na enxurrada aquela poça morta
De repente, em ricochete, a refazer-se em sete nuvens gota a gota
Era de repente o rio, num só rodopio a subir o monte
A correr contra a corrente assim de trás para a frente a voltar à fonte
Um monte de cartas espalhadas des-desmoronando-se todo em castelo
E era linha duma vida sendo recolhida de volta ao novelo
Era aquelas coisas tontas, as afrontas que eu digo e que me arrependo
A voltarem para mim como se assim tivessem remendo
E era eu, um passarinho caído no ninho à espera do fim
E eras tu, até que enfim, a voltar para mim

sábado, 10 de janeiro de 2015

Do SPA para a Livraria: assim começou o meu dia...(até rima!)
E ainda bem que os óleos essenciais ainda vão libertando algum aroma para me recordar desse princípio auspicioso, agora que aqui estou, mergulhada num trabalho que parece infindável, a um sábado à noite.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Ditados e Ditames

"(...) A Velha Esperança está convencida de que não morrerá nunca. Em mil novecentos e noventa e dois sobreviveu a um massacre. (...) »Veio uma tropa fandanga, uma malta de arruaceiros bem armados, muito bebidos, entraram pela casa à força e espancaram toda a gente. O comandante quis saber como se chamava a velha. Ela disse-lhe, Esperança Job Sapalalo, patrão, e ele riu-se. Troçou, a Esperança é a última a morrer. Alinharam o dirigente e a família no quintal da casa e fuzilaram-nos. Quando chegou a vez da Velha Esperança não havia mais balas. O que te salvou, gritou-lhe o comandante, foi a logística. O nosso problema há-de ser sempre a logística. Depois mandou-a embora. Agora ela julga-se imune à morte. Talvez seja.»"

Agualusa, José Eduardo, O Vendedor de Passados, pp. 22-23

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

"(...) Disse-lhe que tinha um amigo, fotógrafo como ela, e que, como ela, vivera muitos anos no estrangeiro e regressara há pouco ao país. Um fotógrafo de guerra. Não gostaria de o conhecer?
«Um fotógrafo de guerra?» Ângela olhou-o horrorizada: «Que tem isso a ver comigo?! Nem sequer sei se sou fotógrafa. Eu colecciono luz.»"

Agualusa, José Eduardo, O Vendedor de Passados, pp. 71-72

domingo, 4 de janeiro de 2015

Se eu pudesse dar-te aquilo que não tenho
e que fora de mim jamais se encontra
Se eu pudesse dar-te aquilo com que sonhas
e o que só por mim poderá ter sonhado

Se eu pudesse dar-te o sopro que me foge
e que fora de mim jamais se encontra
Se eu pudesse dar-te aquilo que descubro
e descobrir-te o que de mim se esconde

Então serias aquele que existe
e o que só por mim poderá ter sonhado.

ANA HATHERLY, in A IDADE DA ESCRITA (Ed. Tema, 1998)

sábado, 3 de janeiro de 2015

Tempo de balanços

Mas se a balança é a mulher do balanço informo já que eu não me abalanço a tentar fazer um balanço com a balança.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Chegou!

Tal como eu estava à espera.
Agarrou-me pela cintura, beijou-me longamente, deu-me a certeza que vão ser 365 dias nem sempre fáceis, mas com a certeza do apoio do Amor que me rodeia.

Feliz 2015!