"Para mim a grande revolução é ir às raízes, reconhecê-las e dizer o que essas raízes significam na atualidade. (...) [A partir das raízes] dialogar com os desafios que se vão apresentando. (...) Ou seja, não há contradição entre ser revolucionário e ir às raízes. Creio mesmo que a maneira de fazer verdadeiras mudanças é seguir a nossa identidade. Por exemplo, o diálogo inter-religioso: não se pode dialogar se não fizer parte da nossa identidade (...) e descobrir a identidade é ir às fontes. Nunca se pode dar um passo na vida se ele não vier de trás. Ou seja é preciso saber de onde venho, que apelido tenho, apelido cultural, ou religioso.
(...)
No centro de todo o sistema económico tem de estar o homem. O homem e a mulher. E tudo deveria estar ao serviço do homem, mas agora no centro está o dinheiro. O deus dinheiro.(...) E por esse afã de querer mais, de ter mais, toda a economia se move descartando - é curioso...Há uma cultura de descarte.Descartam-se as crianças, ou porque se descarta a natalidade (...) descartam-se os velhos. Já não servem, não produzem. É uma classe passiva. E ao descartar as crianças e os velhos, descarta-se o futuro de um povo, porque eles são o futuro de um povo.As crianças são os que vão dar continuidade e os velhos porque são quem nos dá a sabedoria, são os que têm a memória desse povo e têm de a transmitir às crianças. (...)
E a par disto este pensamento único, que nos tiar a a riqueza da diversidade de pensamento e por isso de um diálogo entre as pessoas.
E uma globalização mal compreendida. Uma globalização bem compreendida é uma riqueza. E uma globalização mal compreendida para mim é uma esfera, em que todos os pontos são iguais, todos equidistantes do centro, portanto, é anulada toda a individualidade. Uma globalização que enriqueça é como um poliedro: todos unidos,, mas cada qual conservando as suas particularidades, a sua riqueza, a sua identidade.
E isto não acontece.
Por isso o pensamento único é um sistema económico mau, e digo que é de idolatria porque sacrifica o homem em favor do ídolo dinheiro, não é?"
Entrevista de Henrique Cymmerman ao Papa Francisco, 17 de Junho de 2014, Sic Notícias
Será que as palavras ficam presas no tempo? Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil? Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?... Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto. Por puro prazer!
segunda-feira, 23 de junho de 2014
domingo, 22 de junho de 2014
Em Congresso
"Lembram-se do processo de democratização das escolas? - a conferencista fez uma pausa para criar mais impacto na audiência.
Mais depressa do que pude pensar, disse: Ponho-lhe flores na lápide todos os dias.
De acordo com o país progressivamente cinzentudo em que nos vamos retornando, ninguém se riu, ninguém disse nada...
E a conferencista prosseguiu a sua prédica."
Mais depressa do que pude pensar, disse: Ponho-lhe flores na lápide todos os dias.
De acordo com o país progressivamente cinzentudo em que nos vamos retornando, ninguém se riu, ninguém disse nada...
E a conferencista prosseguiu a sua prédica."
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sábado, 14 de junho de 2014
As havaianas
são a maior invenção do Homem, após a roda.
Verão!
Verão!
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sábado, 7 de junho de 2014
Tempo de despedidas
Últimas aulas da disciplina de História de 9º ano. Para muitos as últimas aulas da disciplina de História na vida (mas não as últimas lições da História, assim espero).
Concentramo-nos nas páginas do manual que levantam mais questões e preocupações do que fornecem respostas. Chamo-lhes à atenção para os desenvolvimentos da Ciência, da Técnica e da Tecnologia que têm de ser geridos com muito cuidado, para as questões éticas que os limites, ou falta deles, num tal desenvolvimento levantam. Até onde podemos ir? Até onde devemos ir? A quem podemos e devemos entregar todas estas imensas possibilidades.
"-A clonagem, por exemplo. Estão a ver a ovelha Dolly, que todos conhecem. A clonagem levanta muitos problemas. Será possível/desejável clonar seres humanos? - pausa - Imaginem o perigo de possibilidades como estas em mãos erradas: imaginem, por exemplo, se um homem como Hitler dispusesse destas possibilidades de clonagem."
Gerou-se um momento dramático. Todos eles tinham trabalhado o tema do Holocausto e pareciam naquele momento sentir o peso daquela herança sobre os ombros.
Era isso mesmo que eu queria. Que eles - que irão agora começar a escolher as suas profissões - tivessem a noção da responsabilidade do uso do conhecimento.
O ambiente pesado da sala foi interrompido pelo N, aluno da última fila: "- Acha mesmo que ele conseguiria fazer um exército só de ovelhas?"
A explosão de risos que se seguiu limpou o drama da sala e transportou-nos para a alegria que marcara a maioria das nossas aulas e que marcava agora os desejos de felicidade com que me despedia deles.
Ficou só por falar que, por detrás do optimismo com que lhes assinalo sempre o progresso que vimos atingindo, está o desespero desse desenvolvimento ter ainda muitas limitações...não ter conseguido, por exemplo, a cura para o cancro que este ano venceu o Diogo, colega desta turma.
As despedidas deixam-me cada vez mais triste!
Concentramo-nos nas páginas do manual que levantam mais questões e preocupações do que fornecem respostas. Chamo-lhes à atenção para os desenvolvimentos da Ciência, da Técnica e da Tecnologia que têm de ser geridos com muito cuidado, para as questões éticas que os limites, ou falta deles, num tal desenvolvimento levantam. Até onde podemos ir? Até onde devemos ir? A quem podemos e devemos entregar todas estas imensas possibilidades.
"-A clonagem, por exemplo. Estão a ver a ovelha Dolly, que todos conhecem. A clonagem levanta muitos problemas. Será possível/desejável clonar seres humanos? - pausa - Imaginem o perigo de possibilidades como estas em mãos erradas: imaginem, por exemplo, se um homem como Hitler dispusesse destas possibilidades de clonagem."
Gerou-se um momento dramático. Todos eles tinham trabalhado o tema do Holocausto e pareciam naquele momento sentir o peso daquela herança sobre os ombros.
Era isso mesmo que eu queria. Que eles - que irão agora começar a escolher as suas profissões - tivessem a noção da responsabilidade do uso do conhecimento.
O ambiente pesado da sala foi interrompido pelo N, aluno da última fila: "- Acha mesmo que ele conseguiria fazer um exército só de ovelhas?"
A explosão de risos que se seguiu limpou o drama da sala e transportou-nos para a alegria que marcara a maioria das nossas aulas e que marcava agora os desejos de felicidade com que me despedia deles.
Ficou só por falar que, por detrás do optimismo com que lhes assinalo sempre o progresso que vimos atingindo, está o desespero desse desenvolvimento ter ainda muitas limitações...não ter conseguido, por exemplo, a cura para o cancro que este ano venceu o Diogo, colega desta turma.
As despedidas deixam-me cada vez mais triste!
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domingo, 1 de junho de 2014
Dia Mundial da Criança
Há muitos anos atrás fui ao Jardim Zoológico num grupo organizado e depois desenhámos os animais e a nós próprios com lápis de cera.
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