domingo, 18 de abril de 2010

Como as Cerejas

As músicas são como as palavras e as palavras são como as cerejas...
Andando em busca do Mendes (do Carlos Mendes) não consegui encontrar O Menino de sua Mãe, mas (re)encontrei a melhor sátira às telenovelas que eu conheço.
E não resisti: «palavra puxa grunhido», de música em música, terminei no Só Nós Três, maravilhada, como sempre que os vejo e ouço!



Esta letra não consegui encontrar e - como é bom de (ou)ver - não me atrevi a tentar copiá-la de ouvido.

3 comentários:

Ninguém.pt disse...

Inigualáveis! Em tudo: como poetas, como compositores, como intérpretes, como cidadãos comprometidos.

As telenovelas, essas estão também inigualáveis: em cretinice, em publicidade encapotada, como veículos de um viver tipo "cada um se safa a si próprio, se preciso for pisando o próximo"...
Veiculam o pior de cada um dos "valores" do nosso tempo: "beleza", juventude, riqueza, sucesso – "justificando" todos os meios para os alcançar.

Enfim, falta apenas saber porque choram as pedras da calçada... Será da chuva que lhes cai em cima?

(Estou a brincar, não preciso de saber nada!)

Escrivaninha disse...

As escrivaninhas são móveis complexos, cheios de recantos e difíceis de limpar por completo...sempre fica um pozinho numa qualquer gavetinha...
Talvez seja também da chuva, sim...
«Depois da tempestade vem a Bonança» (que era uma companhia de seguros!)
Valha-nos isso: a capacidade de (pre)ver o céu claro para lá das nuvens.

Ninguém.pt disse...


Canção excêntrica


Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
projeto-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
— saudosa do que não faço,
— do que faço, arrependida.


Cecília Meireles

Afinal somos todos muito complexos, temos todos algum pó por sacudir, mas o importante é que não alimentemos as aranhas que tecem suas teias na nossa inteligência...