crescia, crescia,
grito vermelho, num campo qualquer.
Como ela, somos livres
somos livres, de crescer
Uma criança dizia, dizia:
«Quando for grande,
não vou combater».
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer"
Música e letra de Ermelinda Duarte
Caminhava eu por S. Martinho do Porto, quando esta papoila me saltou ao caminho e me relembrou que eu sou livre de crescer e de dizer. Mas colocou-me uma pergunta a que eu não sei responder: O que é feito da Ermelinda Duarte, de quem conheço esta música - como toda a gente - mas de quem nada mais sei?
(Não se dão alvíssaras, mas agradece-se antecipadamente os possíveis esclarecimentos).
14 comentários:
Também não sei nada sobre a Ermelinda Duarte, a actriz que virou famosa como cantora com esse poema que é um hino à liberdade, ao mesmo tempo que faz um resumo da tristeza que foi quebrada pela revolução:
«fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero»
Quanto às papoilas, é a minha flor preferida. Tem uma delicadeza tal, aparenta uma fragilidade tamanha, mas nasce e renasce tanto nos sítios mais improváveis e inóspitos como no meio dos campos de flores.
Em todos os lados se destaca pela cor.
Há uma lenda que relata que Júpiter
transformou em papoila um jovem pastor que costumava imitar o canto do galo cada vez que via as ninfas nuas a tomar banho...
Deixou de se ouvir, mas continua bem posicionado, enfeitando os decotes das damas...
(Essa síntese, rapaz, essa síntese!...)
Não sabia da sua preferência, Mestre. Assim ainda fico mais feliz por ter fotografado a papoila.
Para mim é de facto a flor que encarna a liberdade, porque não se encontra «domesticada» à venda em floristas ou em vasos. Surge assim, inopinadamente, onde lhe apetece.
Não sabia da lenda...podemos considerar então que Júpiter comprou o silêncio do pastor? :-)
Os deuses gregos e romanos eram tão parecidos connosco!...
Como a papoila, todos devíamos nascer assim: selvagens!
Nasce selvagem
Mais do que a um país
Que a uma família ou geração
Mais do que a um passado
Que a uma história ou tradição
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Mais do que a um patrão
Que a uma rotina ou profissão
Mais do que a um partido
Que a uma equipa ou religião
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Vive selvagem
E para ti serás alguém
Nesta viagem
Quando alguém nasce,
Nasce selvagem
Não é de ninguém
Miguel Ângelo
O problema: não ser de ninguém é muito mais trabalhoso! Cadê os culpados?
A curiosidade levou-me a pesquisar na net pela Ermelinda Duarte e parece que lhe deu um eclipse quase total...
A única referência que encontrei foi esta:
«Ermelinda Duarte passou a dedicar-se mais à dobragem de filmes de desenhos animados para crianças do que a cantar ou a compor música. Entre as dobragens contam-se, além de muitos outros filmes, "A bela e o monstro", "Animaniacs", "Obras e manobras"...»
De facto, no site de "A bela e o monstro" (http://desenhosanimadospt.blogspot.com/2009/02/bela-e-o-monstro.html), na personagem "Sra. Samovar", lá aparece o nome da artista a quem devemos a história da gaivota que empolgou todo o mundo – até as crianças a cantavam.
Contudo, se algum dos imensos leitores escrivanísticos ajudar a saciar-nos esta curiosidade, eu agradeço antecipadamente.
Vá lá «imensos leitores»: não sejam tímidos! Quem sabe a própria Ermelinda Duarte não está por aí a ler-nos e queira dar-nos «um ar de sua graça»...
A esperança é o que nos salva!:-)
Mas então não era a fé?
Ou é rotativo?
Soninhos cor-de-rosa carregado, cor de papoila vista à transparência contra um céu com a gaivota da liberdade trazendo no bico notícias da Ermelinda.
Truz-truz! Ainda acordada?
É que me esqueci de comentar uma coisa a propósito da última escrivaninhadela.
A Menina Escrivaninha já aqui escreveu que havia imensa gente espreitando o blogue à espera não sei de quê.
Por que razão ninguém comenta, critica comentários ou critica as críticas aos comentários?
E a dúvida que me assalta: será que haver um intrometido que escreve demasiadas vezes demasiado afasta todos os outros comentadores?
Se assim for, passo a escrever apenas hai-kais...
Me sossegue, Escrivaninha, me sossegue, me diga que não estou afastando todos os fãs!
Pode estar descansado, Mestre. O espaço é aberto a todos os que quiserem escrever.
Não serão «imensos», mas, por vezes (ainda ontem isso aconteceu) sei de pessoas que lêem, mas que nunca escreveram comentários.
Fica aqui então um apelo a todos os que passam por aqui para que comentem. Para eu não passar por me «estar a armar» a dizer que tenho leitores e para o Mestre não pensar que afugenta outros comentadores.
Sonhos felizes para todos! (Ena, parecia uma candidata a miss a pedir a paz no mundo!:-)
Já vou dormir um pouco melhor, mais descansado...
Há dias, muitos!, que me questionava – e agora estou expectante e confiante numa avalanche de interruptores (que interrompam, claro...) para o que parece ser uma espécie de desgarrada a dois.
Embora não seja o meu estilo preferido, desgarradas são mais divertidas quando o público participa.
(Quanto a cantar, o meu estilo preferido é o melhor: o calado.)
Durma bem, miss Escrivaninha!
telegrama lacónico para dizer que leio stop nem sempre comento stop não sei da ermelinda stop não gosto muito de papoilas vírgula embora delas se extraia ópio stop desconfio que a gaivota que voava voava já aterrou stop
Obrigada, jl, por não me deixar passar por fanfarrona: os leitores existem!
Credo, cruzes!
Longe de mim lançar a mais pequena suspeita sobre a existência de imensos leitores!... (Até porque já "conheci" alguns e sei que até respondem quando citados directamente.)
O que eu questionei foi se eles não se estariam a sentir inibidos pela presença de um estranho incapaz de síntese.
Porque bem gostaria que o diálogo diário – que aprecio muito! – passasse a, por exemplo, heptálogo...
Hepta Logo, então! :-)
Basta ser pobre no ter, não há que ser no pedir...
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