Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
domingo, 30 de maio de 2010
Domingo
Içar a vela e regressar a casa por mar, com escala no Brasil.
Pois que foram dar a coxa à Caparica, e mostrar um palmo de seio dourado, chega a hora de comer para quem fica, sai a sandes do farnel que está ao lado.
Já cansadas sonham corpos de atleta quando a tarde de domingo chega ao fim, o Tarzan já não existe, é uma treta, mesmo com pozinhos de prilimpimpim.
Voltam doidas e doridas, maltratadas, e nas calças trazem areia na bainha, nas bochechas o sol deu-lhes bofetadas e na saca vem a Praia da Rainha.
Autocarro, fim de tarde, mostra o passe, e da ponte vê-se o rio que as vê passar. O domingo faz de conta que é disfarce para quem passa uma semana a trabalhar.
Vir pra casa para as famílias que as esperam é perder independência e liberdade, pra semana vão fazer o que fizeram, entretanto ficam cheias de saudade.
O domingo continua prà semana, folhetim de quem da praia volta só. C'o cansaço já não janta e vai prà cama e o sal arranha um corpo ainda em chama. Prà semana outro domingo de solidó.
(Não encontrei referência ao autor desta letra de uma canção de Paulo de Carvalho. Não sei se conhece, não encontrei o vídeo mas, se quiser, posso enviar-lhe a música.)
Assim que li as primeiras palavras ouvi logo a voz do Paulo de Carvalho: a nossa memória é uma coisa extraordinária!
É uma canção que sempre me divertiu.
Por acaso conhece, dele, uma assim:
"Pela estrada fora, eu vou tão contente, passo pelos buracos como toda a gente. Salto, pulo e corro, dou cabo de mim, mas se tiver sorte, vou chegar ao fim"
3 comentários:
Domingo na praia
Pois que foram dar a coxa à Caparica,
e mostrar um palmo de seio dourado, chega a hora de comer para quem fica,
sai a sandes do farnel que está ao lado.
Já cansadas sonham corpos de atleta
quando a tarde de domingo chega ao fim,
o Tarzan já não existe, é uma treta,
mesmo com pozinhos de prilimpimpim.
Voltam doidas e doridas, maltratadas,
e nas calças trazem areia na bainha,
nas bochechas o sol deu-lhes bofetadas
e na saca vem a Praia da Rainha.
Autocarro, fim de tarde, mostra o passe,
e da ponte vê-se o rio que as vê passar.
O domingo faz de conta que é disfarce
para quem passa uma semana a trabalhar.
Vir pra casa para as famílias que as esperam
é perder independência e liberdade,
pra semana vão fazer o que fizeram,
entretanto ficam cheias de saudade.
O domingo continua prà semana,
folhetim de quem da praia volta só.
C'o cansaço já não janta e vai prà cama
e o sal arranha um corpo ainda em chama.
Prà semana outro domingo de solidó.
(Não encontrei referência ao autor desta letra de uma canção de Paulo de Carvalho. Não sei se conhece, não encontrei o vídeo mas, se quiser, posso enviar-lhe a música.)
Ah, esta conheço muito bem!
Assim que li as primeiras palavras ouvi logo a voz do Paulo de Carvalho: a nossa memória é uma coisa extraordinária!
É uma canção que sempre me divertiu.
Por acaso conhece, dele, uma assim:
"Pela estrada fora, eu vou tão contente,
passo pelos buracos como toda a gente.
Salto, pulo e corro, dou cabo de mim,
mas se tiver sorte, vou chegar ao fim"
Canto-a muitas vezes ao volante.
Não conheço essa! Tenho quase a certeza de que nunca a ouvi.
De resto, acho que não se aplica a Portugal... Buracos?! Deve ser um qualquer país atrasados da Europa.
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