Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
Ser como o rio que flui silencioso no meio da noite. Não temer as trevas da noite. Se há estrelas no céu, reflecti-las. E se os céus se pejam de nuvens – Como o rio, as nuvens são água – Reflecti-las também sem mágoa Nas profundidades tranquilas.
2 comentários:
Ser como o rio que flui
Ser como o rio que flui
silencioso no meio da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas no céu, reflecti-las.
E se os céus se pejam de nuvens
– Como o rio, as nuvens são água –
Reflecti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas.
Manoel Bandeira
Mea culpa
Não duvido que o mundo no seu eixo
Gire suspenso e volva em harmonia;
Que o homem suba e vá da noite ao dia,
E o homem vá subindo insecto o seixo.
Não chamo a Deus tirano, nem me queixo,
Nem chamo ao céu da vida noite fria;
Não chamo à existência hora sombria;
Acaso, à ordem; nem à lei desleixo.
A Natureza é minha mãe ainda...
É minha mãe... Ah, se eu à face linda
Não sei sorrir: se estou desesperado;
Se nada há que me aqueça esta frieza;
Se estou cheio de fel e de tristeza...
É de crer que só eu seja o culpado!
Antero de Quental
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