sexta-feira, 7 de maio de 2010

Castelo de Leiria - 1 de Maio de 2010


7 comentários:

Ninguém.pt disse...


Na praia lá da Boa Nova...


Na praia lá da Boa Nova, um dia,
Edifiquei (foi esse o grande mal)
Alto Castelo, o que é a fantasia,
Todo de lápis-lazúli e coral!

Naquelas redondezas não havia
Quem se gabasse dum domínio igual:
Oh Castelo tão alto! parecia
O território dum senhor feudal!

Um dia (não sei quando, nem sei donde)
Um vento seco do Deserto e spleen
Deitou por terra, ao pó que tudo esconde,

O meu condado, o meu condado, sim!
Porque eu já fui um poderoso Conde,
Naquela idade em que se é conde assim...


António Nobre

(Porque nunca relatam os poetas qualquer coisa assim: "sonhei ser um plebeu...". Até parece que todos sonhamos ser senhores.)

Ninguém.pt disse...

Esqueci de dizer (ou não tinha ainda os olhos bem abertos): a foto está muito catita, um enquadramento primoroso.

Parabéns!

Escrivaninha disse...

Devo dizer-lhe que poucos sonham não ser importantes.

Costumo fazer alguns exercícios de «imaginação histórica» com os meus alunos, em que eles escolhem uma personagem e escrevem ou falam como ela. Sempre são membros da nobreza ou do clero. À excepção de um rapazito, que se imaginava um escravo. Até eu refilei com ele! «Se é para imaginar, porque não sonhas mais alto?» «De certeza que eu não ia ser ninguém importante» respondeu-me seriamente. E eu fiquei preocupada com ele.

Sonhemos alto, pois então! (Já fui fazer o euromilhões, que esta semana há jackpot)

Só para esclarecer: Ainda não eram sete da manhã quando colocou aqui um poema? Deus o ebençoe, Mestre!

Escrivaninha disse...

Corrigenda: onde se lê «ebençoe» deve ler-se «abençoe»

Ninguém.pt disse...

Tinha que sair muito cedo e, certo de apenas voltar tarde, não quis deixar de comentar a bela foto.

Quanto aos sonhos, eu sonho um dia podermos contar à criançada: "Era uma vez um casal de reis, muito infelizes porque só sabiam governar oprimindo o seu povo […] Foram viver para a floresta, construíram uma cabana, começaram a cuidar das árvores, a colher frutos e cogumelos e foram muito felizes."

Que bom será quando todos acreditarem que ser grande e importante é amar e ser amado, não acha a Escrivaninha?

Escrivaninha disse...

Acabei de perceber que o meu blogue marcou o início e o fim do seu dia, como um papel de rebuçado, colorido e alaçarotado. E gostei da imagem. :-)

Quanto à sua história: Quem pensa assim já não precisa de grandeza, é grande por natureza.

Como diz o Pedro Abrunhosa numa das suas canções mais recentes: «Tu és um mundo com luz por dentro»

E os mundos com luz própria, iluminam sempre outros mundos mais sombrios. Bem-haja, Mestre!

Ninguém.pt disse...

É verdade, mas é-o diariamente: entre as minhas "tarefas" no mundo virtual está espreitar se a Escrivaninha guardou alguma palavra.

Quanto a grandeza, a semente só é verdadeiramente um milagre da natureza quando germina e se multiplica. Existir é uma inevitabilidade que em nada engrandece.

De todo o modo, obrigado pelas amáveis escrivaninhadelas!