Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
Devo dizer-lhe que poucos sonham não ser importantes.
Costumo fazer alguns exercícios de «imaginação histórica» com os meus alunos, em que eles escolhem uma personagem e escrevem ou falam como ela. Sempre são membros da nobreza ou do clero. À excepção de um rapazito, que se imaginava um escravo. Até eu refilei com ele! «Se é para imaginar, porque não sonhas mais alto?» «De certeza que eu não ia ser ninguém importante» respondeu-me seriamente. E eu fiquei preocupada com ele.
Sonhemos alto, pois então! (Já fui fazer o euromilhões, que esta semana há jackpot)
Só para esclarecer: Ainda não eram sete da manhã quando colocou aqui um poema? Deus o ebençoe, Mestre!
Tinha que sair muito cedo e, certo de apenas voltar tarde, não quis deixar de comentar a bela foto.
Quanto aos sonhos, eu sonho um dia podermos contar à criançada: "Era uma vez um casal de reis, muito infelizes porque só sabiam governar oprimindo o seu povo […] Foram viver para a floresta, construíram uma cabana, começaram a cuidar das árvores, a colher frutos e cogumelos e foram muito felizes."
Que bom será quando todos acreditarem que ser grande e importante é amar e ser amado, não acha a Escrivaninha?
É verdade, mas é-o diariamente: entre as minhas "tarefas" no mundo virtual está espreitar se a Escrivaninha guardou alguma palavra.
Quanto a grandeza, a semente só é verdadeiramente um milagre da natureza quando germina e se multiplica. Existir é uma inevitabilidade que em nada engrandece.
De todo o modo, obrigado pelas amáveis escrivaninhadelas!
7 comentários:
Na praia lá da Boa Nova...
Na praia lá da Boa Nova, um dia,
Edifiquei (foi esse o grande mal)
Alto Castelo, o que é a fantasia,
Todo de lápis-lazúli e coral!
Naquelas redondezas não havia
Quem se gabasse dum domínio igual:
Oh Castelo tão alto! parecia
O território dum senhor feudal!
Um dia (não sei quando, nem sei donde)
Um vento seco do Deserto e spleen
Deitou por terra, ao pó que tudo esconde,
O meu condado, o meu condado, sim!
Porque eu já fui um poderoso Conde,
Naquela idade em que se é conde assim...
António Nobre
(Porque nunca relatam os poetas qualquer coisa assim: "sonhei ser um plebeu...". Até parece que todos sonhamos ser senhores.)
Esqueci de dizer (ou não tinha ainda os olhos bem abertos): a foto está muito catita, um enquadramento primoroso.
Parabéns!
Devo dizer-lhe que poucos sonham não ser importantes.
Costumo fazer alguns exercícios de «imaginação histórica» com os meus alunos, em que eles escolhem uma personagem e escrevem ou falam como ela. Sempre são membros da nobreza ou do clero. À excepção de um rapazito, que se imaginava um escravo. Até eu refilei com ele! «Se é para imaginar, porque não sonhas mais alto?» «De certeza que eu não ia ser ninguém importante» respondeu-me seriamente. E eu fiquei preocupada com ele.
Sonhemos alto, pois então! (Já fui fazer o euromilhões, que esta semana há jackpot)
Só para esclarecer: Ainda não eram sete da manhã quando colocou aqui um poema? Deus o ebençoe, Mestre!
Corrigenda: onde se lê «ebençoe» deve ler-se «abençoe»
Tinha que sair muito cedo e, certo de apenas voltar tarde, não quis deixar de comentar a bela foto.
Quanto aos sonhos, eu sonho um dia podermos contar à criançada: "Era uma vez um casal de reis, muito infelizes porque só sabiam governar oprimindo o seu povo […] Foram viver para a floresta, construíram uma cabana, começaram a cuidar das árvores, a colher frutos e cogumelos e foram muito felizes."
Que bom será quando todos acreditarem que ser grande e importante é amar e ser amado, não acha a Escrivaninha?
Acabei de perceber que o meu blogue marcou o início e o fim do seu dia, como um papel de rebuçado, colorido e alaçarotado. E gostei da imagem. :-)
Quanto à sua história: Quem pensa assim já não precisa de grandeza, é grande por natureza.
Como diz o Pedro Abrunhosa numa das suas canções mais recentes: «Tu és um mundo com luz por dentro»
E os mundos com luz própria, iluminam sempre outros mundos mais sombrios. Bem-haja, Mestre!
É verdade, mas é-o diariamente: entre as minhas "tarefas" no mundo virtual está espreitar se a Escrivaninha guardou alguma palavra.
Quanto a grandeza, a semente só é verdadeiramente um milagre da natureza quando germina e se multiplica. Existir é uma inevitabilidade que em nada engrandece.
De todo o modo, obrigado pelas amáveis escrivaninhadelas!
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