Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
Mas, entretanto, recordo um hino à estupidez que o actual futebol representa. Depois de ler isto, ninguém de bom senso deveria ir a um campo ver semelhante coisa.
Rectângulo verde, meio de sombra meio de sol Vinte e dois em cuecas jogando futebol Correndo, saltando, ziguezagueando ao som dum apito Um homem magrito, também em cuecas E mais dois carecas com uma bandeira De cá para lá, de lá para cá Bola ao centro, bola fora. Fora o árbitro! E a multidão, lá do peão Gritava, berrava, gesticulava E a bola coitada, rolava no verde Rolava no pé, de cabeça em cabeça A bola não perde um minuto sequer Zumbindo no ar como um besoiro, Toda redonda, toda bonita Vestida de coiro. O árbitro corre, o árbitro apita O público grita Gooooolllllooooo! Bola nas redes Laranjadas, pirolitos, Asneiras, palavrões Damas frenéticas, gordas esqueléticas esganiçadas aos gritos. Todos à uma, todos ao um Ao árbitro roubam o apito Entra a guarda, entra a polícia Os cavalos a correr, os senhores a esconder Uma cabeça aqui, um pé acolá Ancas, coxas, pernas, pé, Cabeças no chão, cabeças de cavalo, Cavalos sem cabeça, com os pés no ar Fez-se em montão multidão. E uma dama excitada, que era casada Com um marinheiro distraído, No meio da bancada que estava à cunha, Tirou-lhe um olho, com a própria unha! À unha, à unha! Ânimos ao alto! E no fim, perdeu-se o campeonato!
Tóssan (assinava assim o António Fernando dos Santos)
E lá fui eu aumentar a cultura, porque me lembrava de ter tido conhecimento da morte do Tóssan, mas não tinha bem presente quem era. E gostei muito do que li!
5 comentários:
Ora aí estava uma excelente solução! Tenho dito,pois irrita-me a estupidez humana!
Eu voto nessa!
Mas, entretanto, recordo um hino à estupidez que o actual futebol representa. Depois de ler isto, ninguém de bom senso deveria ir a um campo ver semelhante coisa.
Ode ao futebol
Rectângulo verde, meio de sombra meio de sol
Vinte e dois em cuecas jogando futebol
Correndo, saltando, ziguezagueando ao som dum apito
Um homem magrito, também em cuecas
E mais dois carecas com uma bandeira
De cá para lá, de lá para cá
Bola ao centro, bola fora.
Fora o árbitro!
E a multidão, lá do peão
Gritava, berrava, gesticulava
E a bola coitada, rolava no verde
Rolava no pé, de cabeça em cabeça
A bola não perde um minuto sequer
Zumbindo no ar como um besoiro,
Toda redonda, toda bonita
Vestida de coiro.
O árbitro corre, o árbitro apita
O público grita
Gooooolllllooooo!
Bola nas redes
Laranjadas, pirolitos,
Asneiras, palavrões
Damas frenéticas, gordas esqueléticas
esganiçadas aos gritos.
Todos à uma, todos ao um
Ao árbitro roubam o apito
Entra a guarda, entra a polícia
Os cavalos a correr, os senhores a esconder
Uma cabeça aqui, um pé acolá
Ancas, coxas, pernas, pé,
Cabeças no chão, cabeças de cavalo,
Cavalos sem cabeça, com os pés no ar
Fez-se em montão multidão.
E uma dama excitada, que era casada
Com um marinheiro distraído,
No meio da bancada que estava à cunha,
Tirou-lhe um olho, com a própria unha!
À unha, à unha!
Ânimos ao alto!
E no fim, perdeu-se o campeonato!
Tóssan
(assinava assim o António Fernando dos Santos)
Rui: São as chamadas «afirmações definitivas». :-)
E lá fui eu aumentar a cultura, porque me lembrava de ter tido conhecimento da morte do Tóssan, mas não tinha bem presente quem era. E gostei muito do que li!
Ainda bem que trocamos necessidades de actualização!
Durma bem, sonhando com nuvens de algodão-doce cor-de-rosa!
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