Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
quarta-feira, 5 de maio de 2010
«Perfume de Mulher»
Crónicas de um passeio na Primavera, sem relógio nem telemóvel:
Sombra dos mortos, maldição dos vivos. Também nós... Também nós... E o sol recua. Apenas o teu rosto continua A sorrir como dantes, Liberdade! Liberdade do homem sobre a terra, Ou debaixo da terra. Liberdade! O não inconformado que se diz A Deus, à tirania, à eternidade.
Sepultos, insepultos, Vivos amortalhados, Passados e presentes cidadãos: Temos nas nossas mãos O terrível poder de recusar! E é essa flor que nunca desespera No jardim da perpétua primavera.
O título é mais uma referência cinematográfica: um grande filme com Al Pacino!
O Torga, sempre o Torga, que já vai sendo também - qualquer dia - o «meu» Torga. Mas tenho de confessar que não gostei da associação com a morte...talvez por ter sido muito castigada, quando era criança, a ver lindas flores serem encaminhadas para os cemitérios, enquanto, lá por casa, a cor dominante era o preto. E até tínhamos jarras e jarrões para as pôr (certamente não da dinastia Ming :-) Gosto de flores para celebrar a vida! E a Liberdade, claro, também...a perpétua Primavera. (Desculpe o desabafo. Hoje até estava a portar-me bem e a escrever pouco...).
Esse filme eu conheço, adoro o Al Pacino desde um antiquíssimo filme chamado "Espantalho" (salvo erro...). É um dos meus actores preferidos, juntamente com o Dustin Hoffman. Mas por ser título de filme não é menos "enguiático"...
Acho esse costume de oferecer flores aos mortos uma pobre compensação para o facto de raramente as oferecerem enquanto eles estão vivos...
(Pronto, lá me portei mal outra vez... Mas que quer, nem sendo Ming tenho a estética e a concisão dos chineses.)
Não sintetize, caro Amingo, que eu gosto de o «ouvir falar».
Em relação à questão das flores nos cemitérios, há apenas a salvaguardar que eu adoro visitar um cemitério no dia de Finados, mas só porque aí ele passa a assemelhar-se a um belíssimo jardim.
(Também adoro o Dustin Hoffman. Acho que sei o Tootsie de cor).
Obrigado, caríssimo móvel! Por isso eu também acho que quando escreve mais a Escrivaninha fica melhor na fotografia. Mas, a bem dizer, isso é apenas uma opiniãozita...
Já conhece os cemitérios da nova vaga? Acho que há um em Lisboa (Carnide?), que eu não conheço, mas o do Alto do Índio, no Feijó, Almada, é um encanto: relvado verde (até sobre algumas campas), regatos, árvores, sombras, pássaros, vida... Até dá gosto ir para lá ler um livro, por exemplo, ou ouvir música (as duas coisas, melhor ainda).
Quanto ao Hoffman, "Kramer contra Kramer" continua a ser o meu preferido, logo seguido de "Rain man – Encontro de irmãos" – ambos muito também pelos temas.
São dois filmes excepcionais, sem dúvida, mas eu «escangalho-me a rir», sempre, com o Tootsie. E acho que é muito mais difícil fazer rir com inteligência, do que fazer chorar; e então num país como o nosso, puxado ao fado lacrimejante!...
Hoje é a minha vez de lhe desejar sonhos felizes em palácios imperiais.
7 comentários:
Bem... Queria deixar aqui um poema, mas o título e as fotos, lindos!, assemelham-se muito a planos inclinados...
Como não uso sapatos antiderrapantes, aqui fica o "meu" Torga sobre outra flor – tão importante como as das fotos.
Flor da Liberdade
Sombra dos mortos, maldição dos vivos.
Também nós... Também nós... E o sol recua.
Apenas o teu rosto continua
A sorrir como dantes,
Liberdade!
Liberdade do homem sobre a terra,
Ou debaixo da terra.
Liberdade!
O não inconformado que se diz
A Deus, à tirania, à eternidade.
Sepultos, insepultos,
Vivos amortalhados,
Passados e presentes cidadãos:
Temos nas nossas mãos
O terrível poder de recusar!
E é essa flor que nunca desespera
No jardim da perpétua primavera.
Miguel Torga
O título é mais uma referência cinematográfica: um grande filme com Al Pacino!
O Torga, sempre o Torga, que já vai sendo também - qualquer dia - o «meu» Torga. Mas tenho de confessar que não gostei da associação com a morte...talvez por ter sido muito castigada, quando era criança, a ver lindas flores serem encaminhadas para os cemitérios, enquanto, lá por casa, a cor dominante era o preto. E até tínhamos jarras e jarrões para as pôr (certamente não da dinastia Ming :-)
Gosto de flores para celebrar a vida! E a Liberdade, claro, também...a perpétua Primavera.
(Desculpe o desabafo. Hoje até estava a portar-me bem e a escrever pouco...).
Ah, quando escreve muito está a portar-se mal?
Touché! Vou passar a sintetizar...
Esse filme eu conheço, adoro o Al Pacino desde um antiquíssimo filme chamado "Espantalho" (salvo erro...). É um dos meus actores preferidos, juntamente com o Dustin Hoffman.
Mas por ser título de filme não é menos "enguiático"...
Acho esse costume de oferecer flores aos mortos uma pobre compensação para o facto de raramente as oferecerem enquanto eles estão vivos...
(Pronto, lá me portei mal outra vez... Mas que quer, nem sendo Ming tenho a estética e a concisão dos chineses.)
Não sintetize, caro Amingo, que eu gosto de o «ouvir falar».
Em relação à questão das flores nos cemitérios, há apenas a salvaguardar que eu adoro visitar um cemitério no dia de Finados, mas só porque aí ele passa a assemelhar-se a um belíssimo jardim.
(Também adoro o Dustin Hoffman. Acho que sei o Tootsie de cor).
Obrigado, caríssimo móvel! Por isso eu também acho que quando escreve mais a Escrivaninha fica melhor na fotografia. Mas, a bem dizer, isso é apenas uma opiniãozita...
Já conhece os cemitérios da nova vaga? Acho que há um em Lisboa (Carnide?), que eu não conheço, mas o do Alto do Índio, no Feijó, Almada, é um encanto: relvado verde (até sobre algumas campas), regatos, árvores, sombras, pássaros, vida...
Até dá gosto ir para lá ler um livro, por exemplo, ou ouvir música (as duas coisas, melhor ainda).
Quanto ao Hoffman, "Kramer contra Kramer" continua a ser o meu preferido, logo seguido de "Rain man – Encontro de irmãos" – ambos muito também pelos temas.
Mais dado a dramas do que a comédias?...
São dois filmes excepcionais, sem dúvida, mas eu «escangalho-me a rir», sempre, com o Tootsie. E acho que é muito mais difícil fazer rir com inteligência, do que fazer chorar; e então num país como o nosso, puxado ao fado lacrimejante!...
Hoje é a minha vez de lhe desejar sonhos felizes em palácios imperiais.
Obrigado!
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