Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
Por detrás de cada flor há um homem de chapéu de coco e sobrolho carregado.
Podia estar à frente ou estar ao lado, mas não, está colocado exactamente por detrás da flor. Também não está escondido nem dissimulado, está dignamente especado por detrás da flor.
Abro as narinas para respirar o perfume da flor, não de repente (é claro) mas devagar, a pouco e pouco, com os olhos postos no chapéu de coco.
Ele ama-me. Defende-me com os seus carinhos, protege-me com o seu amor. Ele sabe que a flor pode ter espinhos, ou tem mesmo, ou já teve, ou pode vir a ter, e fica triste se me vê sofrer.
Transmito um pensamento à flor sem mover a cabeça e sem a olhar. De repente, como um cão cínico arreganho o dente e engulo-a sem mastigar.
António Gedeão
Quando vejo um tipo de chapéu de coco "defendendo-me" dos perigos, sempre me apetece transgredir...
O poema e o seu comentário remeteram-me para o filme "O Caso Thomas Crown". Conhece? Mistura homens de chapéu de coco, com transgressões e muita astúcia.
Eu gosto muito de cinema. Embora esteja cada vez mais difícil frequentar as salas guarnecidas com espaço próprio para o copo de coca-cola e a «manjedoura» de pipocas. Aqui pelos Oestes até há uns cinemas que têm intervalo para reabastecer.
Também gosto de cinema, mas a falta de intervalos, a falta de respeito dos que chegam tarde e o barulho da mastigação de "petiscos" vários, além do sorver da coca-cola pela palhinha – tudo isto me tem levado a ficar em casa a ler, por exemplo. Ah, e por último mas não como última razão, a falta de companhia...
Essa «última» é maleita de quem lê muito: levanta-se pouco os olhos do livro... Mas, por acaso, tenho sempre muito mais dificuldade em encontrar companhia para o teatro - é mais caro, há menos, nem toda a gente gosta...No entanto, como anunciava há pouco uma publicidade do Teatro Nacional D. Maria, é sempre «3D» (que agora está na moda).
7 comentários:
Em vez de cínico, poderia ser camuflado...
Poema da flor proibida
Por detrás de cada flor
há um homem de chapéu de coco e sobrolho carregado.
Podia estar à frente ou estar ao lado,
mas não, está colocado
exactamente por detrás da flor.
Também não está escondido nem dissimulado,
está dignamente especado
por detrás da flor.
Abro as narinas para respirar
o perfume da flor,
não de repente
(é claro) mas devagar,
a pouco e pouco,
com os olhos postos no chapéu de coco.
Ele ama-me. Defende-me com os seus carinhos,
protege-me com o seu amor.
Ele sabe que a flor pode ter espinhos,
ou tem mesmo,
ou já teve,
ou pode vir a ter,
e fica triste se me vê sofrer.
Transmito um pensamento à flor
sem mover a cabeça e sem a olhar.
De repente,
como um cão cínico arreganho o dente
e engulo-a sem mastigar.
António Gedeão
Quando vejo um tipo de chapéu de coco "defendendo-me" dos perigos, sempre me apetece transgredir...
O poema e o seu comentário remeteram-me para o filme "O Caso Thomas Crown". Conhece? Mistura homens de chapéu de coco, com transgressões e muita astúcia.
Não, não conheço esse filme.
Aliás, a minha cultura cinematográfica estagnou aí pelos anos 70 do século XX...
Entretido a viver, tenho esquecido a vida!
Eu gosto muito de cinema.
Embora esteja cada vez mais difícil frequentar as salas guarnecidas com espaço próprio para o copo de coca-cola e a «manjedoura» de pipocas. Aqui pelos Oestes até há uns cinemas que têm intervalo para reabastecer.
Também gosto de cinema, mas a falta de intervalos, a falta de respeito dos que chegam tarde e o barulho da mastigação de "petiscos" vários, além do sorver da coca-cola pela palhinha – tudo isto me tem levado a ficar em casa a ler, por exemplo.
Ah, e por último mas não como última razão, a falta de companhia...
Essa «última» é maleita de quem lê muito: levanta-se pouco os olhos do livro...
Mas, por acaso, tenho sempre muito mais dificuldade em encontrar companhia para o teatro - é mais caro, há menos, nem toda a gente gosta...No entanto, como anunciava há pouco uma publicidade do Teatro Nacional D. Maria, é sempre «3D» (que agora está na moda).
Bem, mas uma Menina Escrivaninha tem sempre mais hipóteses do que um jarrão da dinastia Ming já recolado...
Com isto, uma boa noite, com sonhos com ventos que nada levaram... porque eram apenas brisas marinhas.
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