Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
"Porque, nesta fase, ainda estamos a viver com um presente que não nos serve para o futuro."
Estava já eu de gavetas abertas, em ar de completa surpresa, quando vi que se acusara antecipadamente de citar Saramago! :-)
Pois voltamos aos desacordos irreconciliáveis: cá pela terra diz-se "o teu amigo Mário Crespo", pois tive o gosto de ver respondido (e de uma forma muito cavalheiresca...ou glamourosa?...) um mail que lhe escrevi para a SICNotícias.
Entretanto, sou completamente fã! (embora a história da crónica me tenha deixado algumas dúvidas...)
Deram-me o livro. Ontem, enquanto evitava comer "as entradas" no restaurante, comecei a ler e até gostei.
Mas...há uns tempos que não tínhamos uma discordância declarada! Vamos a isso!
Discordância declarada? Mas então sugere a Miss que temos discordâncias não declaradas? Eu declaro tudo, tudinho — pago mais mas ao menos durmo descansado...
Com tudo o que disse, acabou por não declarar o seu ponto de vista sobre a "eufrásia" do seu amigo Mário Crespo (eu costumo chamar-lhe Encrespado, o que quer dizer o mesmo mas é mais imediatamente entendível).
Acha que a dita cuja está bem enunciada, que não está errada no tempo?
Sugiro-lhe ainda uma outra: "Porque, nesta fase, ainda estamos a viver um presente que não augura um bom futuro."
Quanto ao Crespo, o que tenho contra ele é "apenas" ele subverter o papel de jornalista, que é o de informar sem descurar o contraditório, pelo de justiceiro — que, infelizmente, é o de apenas dar as notícias que confirmam a verdade que queremos ver veiculada.
Muito boa noite, Miss Escrivaninha. Sonhe com cavalos de crinas esvoaçantes, mas sem cavalgaduras. Beijito.
Ah, pois, é tão fácil transformar para melhor o que outros escreveram...
Estou a ver o jornal do Mário Crespo e disposta a defendê-lo com unhas e dentes.
Claro que as palavras que aqui guardo têm um contexto e nem sempre é justo o seu «desenraizamento». No contexto a frase pareceu-me bem, muito bem, mesmo.
As suas também me parecem bem, claro, mas não desisto do Marito, isso não! :-)
4 comentários:
Declaração de interesse: detesto o Mário Crespo.
Talvez por isso, acho que a frase tem tanto de espampanante como de irrealista:
• o futuro nunca é independente do presente, pois nele se transforma a cada instante;
• não conseguimos transformar o futuro, apenas podemos transformar o presente — que logo se torna passado;
• mas, acima de tudo, nunca o presente se transforma em futuro — antes o que acontece é o contrário.
A "eufrásia" teria substância se fosse algo assim:
"Porque, nesta fase, ainda estamos a ver um futuro que não nos serve para presente."
Passado, presente, futuro
Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
José Saramago
(Esta é forte, confesse lá, Miss! Ir buscar apoio no "seu" Saramago...)
Estava já eu de gavetas abertas, em ar de completa surpresa, quando vi que se acusara antecipadamente de citar Saramago! :-)
Pois voltamos aos desacordos irreconciliáveis: cá pela terra diz-se "o teu amigo Mário Crespo", pois tive o gosto de ver respondido (e de uma forma muito cavalheiresca...ou glamourosa?...) um mail que lhe escrevi para a SICNotícias.
Entretanto, sou completamente fã! (embora a história da crónica me tenha deixado algumas dúvidas...)
Deram-me o livro. Ontem, enquanto evitava comer "as entradas" no restaurante, comecei a ler e até gostei.
Mas...há uns tempos que não tínhamos uma discordância declarada! Vamos a isso!
Discordância declarada? Mas então sugere a Miss que temos discordâncias não declaradas? Eu declaro tudo, tudinho — pago mais mas ao menos durmo descansado...
Com tudo o que disse, acabou por não declarar o seu ponto de vista sobre a "eufrásia" do seu amigo Mário Crespo (eu costumo chamar-lhe Encrespado, o que quer dizer o mesmo mas é mais imediatamente entendível).
Acha que a dita cuja está bem enunciada, que não está errada no tempo?
Sugiro-lhe ainda uma outra:
"Porque, nesta fase, ainda estamos a viver um presente que não augura um bom futuro."
Quanto ao Crespo, o que tenho contra ele é "apenas" ele subverter o papel de jornalista, que é o de informar sem descurar o contraditório, pelo de justiceiro — que, infelizmente, é o de apenas dar as notícias que confirmam a verdade que queremos ver veiculada.
Muito boa noite, Miss Escrivaninha. Sonhe com cavalos de crinas esvoaçantes, mas sem cavalgaduras.
Beijito.
Ah, pois, é tão fácil transformar para melhor o que outros escreveram...
Estou a ver o jornal do Mário Crespo e disposta a defendê-lo com unhas e dentes.
Claro que as palavras que aqui guardo têm um contexto e nem sempre é justo o seu «desenraizamento». No contexto a frase pareceu-me bem, muito bem, mesmo.
As suas também me parecem bem, claro, mas não desisto do Marito, isso não! :-)
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