Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Amanhecer na Lusitânia
"Apesar de você, amanhã há-de ser outro dia"
Amanhã começa já hoje!
amanhecer na lusitânia é perceber que o tempo em nós não corre como nos outros, porque amanhecer português também é esta coisa de estar pouco à vontade com a passagem do tempo: o hoje tem algo de insuportável, o ontem está demasiado perto e o amanhã é sempre longe demais...
«Amanhã vai ser outro dia Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão, não. A minha gente hoje anda Falando de lado e olhando pro chão Viu? Você que inventou esse Estado Inventou de inventar Toda escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar o perdão […]»
Mas se guardamos as palavras de que mais gostamos eu também não gosto muito de Montes Hermínios...
A outra também fez um trabalho sobre uma plantas e, informando-se na internet, concluiu que eram boas para quem tem câncer. Quando o professor, na apresentação oral, emendou dizendo «cancro», ela apressou-se a «completar»: Sim, claro, para além do câncer também curam o cancro. Tem razão!
4 comentários:
amanhecer na lusitânia é perceber que o tempo em nós não corre como nos outros, porque amanhecer português também é esta coisa de estar pouco à vontade com a passagem do tempo:
o hoje tem algo de insuportável, o ontem está demasiado perto e o amanhã é sempre longe demais...
«Amanhã vai ser outro dia
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
[…]»
Chico Buarque,
em «Apesar de você»
Animadora de infância numa excursão de infantes. Um rapazola mais sapiente pergunta:
— Teresa, vamos aos Montes Hermínios?
— Não, hoje vamos à Serra da Estrela e um dia destes vamos a esses montes...
(Devia querer mostrar a Lusitânia aos pequenotes, mas não hoje.)
Ena! Tanta filosofia...
Mas se guardamos as palavras de que mais gostamos eu também não gosto muito de Montes Hermínios...
A outra também fez um trabalho sobre uma plantas e, informando-se na internet, concluiu que eram boas para quem tem câncer. Quando o professor, na apresentação oral, emendou dizendo «cancro», ela apressou-se a «completar»: Sim, claro, para além do câncer também curam o cancro. Tem razão!
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