domingo, 24 de outubro de 2010

Fuga

De tanto preenchermos grelhas acabamos por nos sentir dentro delas!
Demorei a criar o ritmo este ano: os dias em que almoço em casa, o almoço semanal da sobrevivência com as verdadeiras amigas (que ouvem tudo, perdoam tudo, alinham em todas as conversas disparatadas, que nos fazem sacudir de riso e espantar o stress), o dia de caminhar por entre os carros, o dia de ir ao ginásio, o dia de fazer sopa...Agora já está! Na sexta-feira sentia-me organizada, encarreirada, "rotinada" para este ano lectivo. Mas então, deu-me uma aflição, uma vontade de sair de todas as quadrículas que tenho traçado, uma vontade de fugir...Não era lógico que fosse este fim de semana, o próximo é comprido, será o ideal para sair...
Nada de lógicas! Era um sufoco de fugir à esquadria meticulosa em que defini este ano lectivo...
"Inatel do Luso, boa tarde!"
"Boa tarde! Haverá possibilidade de alojamento por uma noite, para uma pessoa, sócia?"
"Só um momento...deixe-me ver: sim, não há qualquer problema!"
"Olha corsário, amanhã vamos de viagem, só nós dois, para um sítio onde nunca estivemos."
E fomos. E fruímos muito: a Natureza, a calma, a paz, a introspecção, a leitura, o passeio... Ah, o passeio! è por causa dele que tenho uns efeitos colaterais, que consistem sobretudo numa canseira tremenda, e que já não consigo sequer descarregar as fotografias, para mostrar alguma coisa da iconografia da minha aventura.
Agora tenho mesmo de ir dormir.
Boa noite!

2 comentários:

Ninguém.pt disse...

Como luz, água e vento não lhe devem ter faltado por aqueles lados, Miss, aqui lhos deixo recordados:

Fuga

O músico procura
Fixar em cada verso
O cântico disperso
Na luz, na água e no vento.

Porém, luz, vento e água
Variam riso e mágoa,
De momento a momento.

E em vão a área dos dedos
Se eleva! Não traduz
Os súbitos segredos
Escondidos no vento,
Nas águas e na luz...


Pedro Homem de Mello

(Qu’inveja! Adoro o Buçaco, um dos sítios mais românticos desta espécie de país...)

Escrivaninha disse...

Sim, também gostei muito. Mas dei comigo a pensar - frente ao hotel do Buçaco, tão neo-manuelino - que aquela «pastichagem» toda é bem o espelho do país que somos: a glorificar um passado que lamentamos e a não fazer muito pelo futuro.

Talvez não sejam reflexões que fiquem muito bem frente ao deslumbre da arquitectura, mas...todos aqueles arrebiques (já fora de tempo) me deixaram uma sensação amarga...Talvez porque, neste momento, tudo o que se fala do país tem um sabor amargo e depressivo.

Devíamos servir-nos da História para compreender o devir e não para glorificar os tempos passados!

Olhe, desculpe, isto hoje não está nos melhores dias!

Beijito (para amenizar...)