Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Pensamento para a Semana:
"A Natureza deu-nos um par de orelhas e um par de olhos, mas apenas uma língua, para que ouçamos e vejamos mais do que falamos." Sócrates (o original, claro!)
2 comentários:
Os olhos
Os olhos poderiam viver
única
mente
Conhecem o ventre
à mãe
viram nascer
São atrozes
viram-se
Continuam os ócios interiores
A língua
A língua
que é líquido
sacro
não transborda
um dedo
ue tocou
a palavra
não a aborda
Luísa Neto Jorge
Pois, a Natureza, deus imperfeito, deu-nos apenas uma língua para falarmos, apenas uma boca para manter a língua sempre pronta e afiada...
Mas o Homem, deus ainda mais imperfeito, inventou maneira de "falar" com as mãos — e temos duas! Empatámos em número com os olhos e o ouvidos.
E tendemos a comunicar com as mãos como comunicamos com a língua: sem usar os olhos e os ouvidos...
Sócrates (o original), se fosse vivo, teria já reformulado a sua frase e, quem sabe?, talvez até aprendido a falar menos e teclar mais.
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