Há dias que se arrastam, looongoos, ameaçando ser intermináveis, em que, mentalmente, pedimos um bálsamo de enstusiasmo ou um acontecimento de quebra da rotina;
Há dias tão cheios, que parece não caber nem mais um alfinete. Dias em que juramos não aguentar mais nada. Dias que, injustamente, atraem tudo de bom ou de mau, deixando para os outros dias, vazios ainda mais entediantes;
Há dias em que sabemos que chegámos ao limite; em que mais uma gota de água e o copo transborda: seja de stress ou de felicidade...
Ontem foi um desses dias. Mas, tal como os comboios da linha de Sintra que durante tantos anos frequentei, os dias cheios são surpreendentes: quando pensamos que não cabe mais nada, arranjamos espaço para mais um passageiro.
Hoje estou de ressaca: ensolarada e silenciosa.
1 comentário:
Como a Miss está de ressaca, nada melhor do que um poema intenso...
Viver não dói
Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.
Carlos Drummond de Andrade
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