Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Artista
"Pintei o teu corpo, numa tela Esculpi o teu rosto, à luz da vela Pintei o teu corpo Pintei"
Pinta-me a curva destes céus... Agora, Erecta, ao fundo, a cordilheira apruma: Pinta as nuvens de fogo de uma em uma, E alto, entre as nuvens, o raiar da aurora.
Solta, ondulando, os véus de espessa bruma, E o vale pinta, e, pelo vale em fora, A correnteza túrbida e sonora Do Paraíba, em torvelins de espuma.
Pinta; mas vê de que maneira pintas... Antes busques as cores da tristeza, Poupando o escrínio das alegres tintas:
— Tristeza singular, estranha mágoa De que vejo coberta a natureza, Porque a vejo com os olhos rasos d'água...
1 comentário:
Pinta-me a curva — XXVIII
Pinta-me a curva destes céus... Agora,
Erecta, ao fundo, a cordilheira apruma:
Pinta as nuvens de fogo de uma em uma,
E alto, entre as nuvens, o raiar da aurora.
Solta, ondulando, os véus de espessa bruma,
E o vale pinta, e, pelo vale em fora,
A correnteza túrbida e sonora
Do Paraíba, em torvelins de espuma.
Pinta; mas vê de que maneira pintas...
Antes busques as cores da tristeza,
Poupando o escrínio das alegres tintas:
— Tristeza singular, estranha mágoa
De que vejo coberta a natureza,
Porque a vejo com os olhos rasos d'água...
Olavo Bilac
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