sexta-feira, 18 de junho de 2010

(...)

"Estavam sentados no muro que dividia o mar e a terra, ou melhor, a areia e o asfalto, que a Foz do Arelho estava cada vez mais assoreada. O mar quedava-se lá longe, com as ondas a quebrar sem susto.
Ela deixou-se escorregar até ficar encostada no ombro dele. Ele estendeu os braços e envolveu-a, num carinho fôfo e quente, como os xailes traçados das mulheres da Nazaré.
- Em que pensas? - perguntou-lhe ao ouvido.
- Em nada - respondeu ela, com os olhos fechados - Deixo-me mergulhar neste momento, como um biscoito no café com leite.
Ele achou-lhe graça e mordiscou-lhe a orelha."

3 comentários:

Ninguém.pt disse...

Mais um contito... de que não gostei, claro!

Pela ternura, acho que liga bem com isto ("mutatis mutandis"):

Um dia

Um dia,
A menina
Gotinha de Água,
Vestida de esmeralda
E luar, estava a dormir,
A sonhar
A flor
Do mar.
Então,
O Sol
Beijou-a
Na face,
E logo ela
Como se voasse
Subiu no ar.
Como se sentia leve!
Subiu,
Subiu,
Subiu
Até que se viu
Numa nuvem
Cor-de-rosa.


Papiano Carlos

Escrivaninha disse...

Ai, tão doce!

Boa noite, Mestre!

Ninguém.pt disse...

Para uma Escrivaninha dormir convenientemente, nada como uma cantiga de embalar:

Cantiga

La-lá-la-ri-la-lá-la-lá.
Já não se escutam rumores:
A noite não tarda a vir.
Vamos embalar as flores?
As flores querem dormir!...
La-lá-la-ri-la-lá-la-lá.

Cravos e lírios e rosas
Ao vento brando de outono,
Cravos e lírios e rosas
Vão-se fechando
De sono...
La-lá-la-ri-la-lá-la-lá.

Vamos embalar as flores?
As flores querem dormir!...
Já não se escutam rumores:
E a noite não tarda a vir!
La-lá-la-ri-la-lá-la-lá.


Cecília Meireles