terça-feira, 15 de junho de 2010

Ritmos novos, mensagens intemporais

"Mais um dia, mais um mês, mais um ano
Pouco a pouco, de repente o tempo voa
Estamos cá e amanhã estivemos
Perdemos tempo, lamentamos e queixamos
Acordamos mal dispostos sem vontade e nada fizemos
Life's a bitch and then you die
Aproveita, não te queixes, dá graças ao que tens
Há quem nada tenha
Damos tanta importância a coisas que nada importam
De repente alguém nos deixa e vemos que temos senha
Estamos todos na mesma fila, não sabemos o nosso nome
Nada é certo, amanhã pode não chegar
Tão fácil falar o que é difícil é fazer
E quando as coisas não tão bem podem piorar

Ei! Vive a vida
Tira proveito até ao fim da corrida
Põe-te de pé e grita bem alto
Eu estou vivo e vou viver a vida!

Vive a vida
Tira proveito até ao fim da corrida
Põe-te de pé e grita bem alto
Eu estou vivo e vivo!

A ver o copo meio cheio, meio todo, falta pouco
É ver o lado de lado da mesma moeda
Planos traçamos mas depois adiamos, desistimos
E a vida é sempre a mesma merda
Ninguém te ajuda quanto tu não te ajudas
E não fazes nada para mudar a tua vida
É bom sonhar mas é preciso acordar para concretizar
E encontrar uma saída
Falo contigo e comigo e para todos
Os que vivem o presente com medo do futuro
Nós não pedimos para nascer, já cá estamos
É viver porque amanhã é um tiro no escuro
É relativo, o teu drama mais terrível
Ao pé do drama do outro parece um filme para crianças
A vida dá-nos prendas e as vezes só damos valor
Quando essas prendas já não passam de lembranças

Ei! Vive a vida
Tira proveito até ao fim da corrida
Põe-te de pé e grita bem alto
Eu estou vivo e vou viver a vida!

Vive a vida
Tira proveito até ao fim da corrida
Põe-te de pé e grita bem alto
Eu estou vivo e vivo!

Tem calma, não te estiques, abranda o carro, dá espaço
Pé pesado dá multas mas também dá condolências
Faz brindes bebe shots
Parabéns, felicidades, tás feliz?
Mantém-te assim sem imprudências
Vai de táxi, vê se dormes, olha a ressaca
Acorda bem, toma banho, desperta e faz-te à luta
Todos temos que partir um dia
Vamos parar mas a parar, ao menos que não seja à bruta
Há quem pense que é de ferro
Que só acontece aos outros
Não te enganes, pensa bem, o outro dia és tu
Dei por mim capotado, vi a vida por um fio
Flash back na A1 eu e o Xuxu
A gritar tipo gajas, grande susto
Não foi desta, estamos bem e a esperar pela assistência
Moral da história: vive a vida, aproveita
Porque a vida dá voltas e não avisa com antecedência

Ei! Vive a vida
Tira proveito até ao fim da corrida
Põe-te de pé e grita bem alto
Eu estou vivo e vou viver a vida!

Vive a vida
Tira proveito até ao fim da corrida
Põe-te de pé e grita bem alto
Eu estou vivo e vivo!"

Boss AC, Estou Vivo

Letra (com erros ortográficos) e vídeo (com a linguagem mais livre omitida!) em http://letras.terra.com.br/boss-ac/1459721/

5 comentários:

Ninguém.pt disse...


A vida verdadeira


Pois aqui está a minha vida.
Pronta para ser usada.
Vida que não guarda
nem se esquiva, assustada.
Vida sempre a serviço
da vida.
Para servir ao que vale
a pena e o preço do amor

Ainda que o gesto me doa,
não encolho a mão: avanço
levando um ramo de sol.
Mesmo enrolada de pó,
dentro da noite mais fria,
a vida que vai comigo
é fogo:
está sempre acesa.

Vem da terra dos barrancos
o jeito doce e violento
da minha vida: esse gosto
da água negra transparente.

A vida vai no meu peito,
mas é quem vai me levando:
tição ardente velando,
girassol na escuridão.

Carrego um grito que cresce
Cada vez mais na garganta,
cravando seu travo triste
na verdade do meu canto.

Canto molhado e barrento
de menino do Amazonas
que viu a vida crescer
nos centro da terra firme.
Que sabe a vinda da chuva
pelo estremecer dos verdes
e sabe ler os recados
que chegam na asa do vento.
Mas sabe também o tempo
da febre e o gosto da fome.

Nas águas da minha infância
perdi o medo entre os rebojos.
Por isso avanço cantando
Estou no centro do rio
estou no meio da praça.
Piso firme no meu chão
sei que estou no meu lugar,
como a panela no fogo
e a estrela na escuridão.

O que passou não conta?, indagarão
as bocas desprovidas.
Não deixa de valer nunca.
que passou ensina
com sua garra e seu mel.

Por isso é que agora vou assim
no meu caminho. Publicamente andando
Não, não tenho caminho novo.
O que tenho de novo
é o jeito de caminhar.
Aprendi
(o que o caminho me ensinou)
a caminhar cantando
como convém
a mim
e aos vão comigo.
Pois já não vou mais sozinho.

Aqui tenho a minha vida:
feita à imagem do menino
que continua varando
os campos gerais
e que reparte o seu canto
como o seu avô
repartia o cacau
e fazia da colheita
uma ilha do bom socorro.

Feita à imagem do menino
mas a semelhança do homem:
com tudo que ele tem de primavera
de valente esperança e rebeldia.

Vida, casa encantada,
onde eu moro e mora em mim,
te quero assim verdadeira
cheirando a manga e jasmim.
Que me sejas deslumbrada
como ternura de moça
rolando sobre o capim.

Vida, toalha limpa
vida posta na mesa,
vida brasa vigilante
vida pedra e espuma
alçapão de amapolas,
sol dentro do mar,
estrume e rosa do amor:
a vida.

Há que merecê-la


Thiago de Mello

(Muito longo, eu sei, mas é um contraponto ao poema do Boss.)

Escrivaninha disse...

Longo e lindo têm a mesma extensão, nestes casos. Obrigada.

Ninguém.pt disse...

Para contrabalançar, um poema mais curtito:

Certeza

Se é real a luz branca
desta lâmpada, real
a mão que escreve, são reais
os olhos que olham o escrito?

Duma palavra à outra
o que digo desvanece-se.
Sei que estou vivo
entre dois parênteses.


Octavio Paz

(Voltamos ao intervalo...)

Escrivaninha disse...

E cá estamos no intervalo, de facto. Mas eu, confesso, que estou com muito pouco tempo para o recreio. Por isso, Mestre, não leve a mal, mas desejo-lhe já as «Boas noites» e «Bons sonhos».

As boas noites no plural sempre foi um hábito lá de casa...mas devia ser para desejar a todos ao mesmo tempo...deve ser só «Boa noite». (Estou a pensar para o teclado!)

Ninguém.pt disse...

Homessa!, porque haveria de levar a mal?

Se o que normalmente fazemos quando não temos tempo é deixarmos pura e simplesmente de escrever – a Miss apenas precisa de fazer aquilo que ninguém mais pode fazer por si nem comprar feito: nada.

Perante a falta de resposta, ou me calo ou continuo a falar sozinho. Sem dramas, 'tá bem?

Como só lerá isto na hora do próximo recreio, espero que tenha tido muitos sonhos bons e um sono reparador.