Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
quinta-feira, 17 de junho de 2010
"Roendo uma laranja na falésia Olhando à minha frente o azul escuro Podia ser um peixe na maré Nadando sem passado nem futuro"
quando esta canção apareceu, eu e as minhas primas (que sempre íamos passar férias a porto covo no verão) tentámos tirar uma fotografia de grupo, roendo as laranjas que tínhamos comprado, a olhar para a ilha do pessegueiro... verificámos depois que é virtualmente impossível roer laranjas - e manter o sossego de uma aldeia após visita da fama...
Adoro esta canção, adoro o Rui Veloso, idolatro as letras do Carlos Tê!
Porto Côvo, vi uma vez, numa paragem de uma excursão, e olhei, ao longe, a Ilha do Pessegueiro (onde não divisei o dito).
Mas esta música sempre me faz lembrar uma cena caricata, vivida no mesmo Rossio da Tijela Voadora, uns anos depois. O artista anunciado era Rui Veloso. A praça estava cheia. Gente de todas as idades, em que se destacavam, na linha da frente, uma «brigada de avozinhas de cabelos brancos», sentadas em cadeirinhas desmontáveis, daquelas que se levam para a praia. O espectáculo começa e as velhinhas mudas e quedas, enquanto nós pulávamos e saudávamos cada êxito. Depois eles tocam Porto Côvo: emoção geral, isqueiros a rasgar a escuridão, multidão ondulando languidamente a recordar as ondas do mar. No meio dos gritos e aplausos finais, toda a fila de velhinhas se levanta, dobra a cadeirinha e ala para casa, que era só aquilo que elas queriam ouvir. O resto da audiência ficou até bem tarde...recordo uma valsinha das medalhas delirante, com todos os artistas abraçados no palco e nós já sem voz de tanto gritar.
Para mim, Porto Côvo tornou-se a música consensual de Rui Veloso, como o Pudim Boca Doce:«é bom, é bom, é; diz o avô e diz o bébé».
2 comentários:
quando esta canção apareceu, eu e as minhas primas (que sempre íamos passar férias a porto covo no verão) tentámos tirar uma fotografia de grupo, roendo as laranjas que tínhamos comprado, a olhar para a ilha do pessegueiro...
verificámos depois que é virtualmente impossível roer laranjas - e manter o sossego de uma aldeia após visita da fama...
(gostava de saber que é feito dessa foto... :))
Adoro esta canção, adoro o Rui Veloso, idolatro as letras do Carlos Tê!
Porto Côvo, vi uma vez, numa paragem de uma excursão, e olhei, ao longe, a Ilha do Pessegueiro (onde não divisei o dito).
Mas esta música sempre me faz lembrar uma cena caricata, vivida no mesmo Rossio da Tijela Voadora, uns anos depois. O artista anunciado era Rui Veloso. A praça estava cheia. Gente de todas as idades, em que se destacavam, na linha da frente, uma «brigada de avozinhas de cabelos brancos», sentadas em cadeirinhas desmontáveis, daquelas que se levam para a praia. O espectáculo começa e as velhinhas mudas e quedas, enquanto nós pulávamos e saudávamos cada êxito. Depois eles tocam Porto Côvo: emoção geral, isqueiros a rasgar a escuridão, multidão ondulando languidamente a recordar as ondas do mar. No meio dos gritos e aplausos finais, toda a fila de velhinhas se levanta, dobra a cadeirinha e ala para casa, que era só aquilo que elas queriam ouvir. O resto da audiência ficou até bem tarde...recordo uma valsinha das medalhas delirante, com todos os artistas abraçados no palco e nós já sem voz de tanto gritar.
Para mim, Porto Côvo tornou-se a música consensual de Rui Veloso, como o Pudim Boca Doce:«é bom, é bom, é; diz o avô e diz o bébé».
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