Será que as palavras ficam presas no tempo? Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil? Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?... Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto. Por puro prazer!
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Era incapaz de escrever num país com neve!
O Sol da manhã e a vontade do feriado recolocaram-me na rota da escrita.
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Palavreado,
Partículas de Felicidade
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3 comentários:
Neve, frio, um bom pretexto para alguém se "aquecer à intimidade duma lareira de carinho brando..."
Visita
Velha terra nativa, agasalhada
Num cobertor de neve, a lã dos pobres:
Nem o rosto descobres
À chegada dum filho!
Saúda-me o negrilho,
Mas despido, sem folhas, como eu ando.
E toda a minha pobre humanidade
Se deseja aquecer à intimidade
Duma lareira de carinho brando...
Miguel Torga
"Sabe o que eu queria agora,
meu bem?
Sair, chegar lá fora
e encontrar alguém
que não me dissesse nada
não me perguntasse nada
também
Que me oferecesse um colo,
um ombro
onde eu desaguasse
todo o desengano (...)"
Leila Pinheiro, Onde Deus Possa Me Ouvir
Os amigos
Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.
Eugénio de Andrade
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