Ainda vais engolir tudo o que disseste!
Ainda vais ter saudades minhas!
Ainda te vais arrepender!
Tu vais ver!
Deixa estar!...
Escreve o que te digo!
(esta última será a auto-defesa preferida das professoras, que, depois do «ditado», adorariam agarrar numa caneta vermelha e, descobrindo um ou dois erros, encontrar uma base mais sólida para o fim da relação: Pois se o gajo nem escrever sabia…)
1 comentário:
Ódio?
Ódio por ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...
Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Ah! nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo d’outra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não... não vale a pena...
Florbela Espanca
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