domingo, 13 de dezembro de 2009

Conversas de Café II

Continuando na minha cabeça o raciocínio das nossas trocas de palavras, por aqui, sobre a natureza humana e sobre a questão, que me preocupa, da crescente indiferença à morte massiva, à morte longínqua, à morte sem rosto, à morte que se torna só estatística, recordei-me de um texto que tinha lido na escola, quando aluna, num daqueles livros de leitura que nos despertavam para autores, textos e palavras.
Tal como em relação ao outro texto - cuja alegria do reencontro me levou a criar o Salvo Seja - só me lembrava do teor, mas não do autor.
"Dedos para que vos quero?": busca na net - já está!
Afinal o caso já vem de longe!...
O texto que prova isso é de Eça de Queiróz. Aqui fica um pedacinho (há um pouco mais, aqui ao lado, no Salvo Seja, com o título que a minha lembrança diz que encimava o texto do livro de leitura)

"Dois mil javaneses sepultados no terramoto, a Hungria inundada, soldados matando crianças, um comboio esmigalhado numa ponte, fomes, pestes e guerras, tudo desaparecera – era sombra ligeira e remota. Mas o pé desmanchado da Luísa Carneiro esmagava os nossos corações… Pudera! Todos nós conhecíamos a Luisinha – e ela morava adiante, no começo da Bela-Vista, naquela casa onde a grande mimosa se debruçava do muro dando à rua sombra e perfume." Eça de Queiróz, Cartas Familiares e Bilhetes de Paris, 1907
(recolhido em somadeletras.blogspot.com, num post de 12 de Julho de 2008)

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