segunda-feira, 12 de julho de 2010

Momento(s)

Procurava eu qualquer coisa para escrever por aqui, para colocar a etiqueta «Partículas de Felicidade», pois, hoje, deveria ser esse o tema, mas a inspiração não estava de feição.
Resolvi então apenas procurar uma das frases mágicas do "Desaforismos" que já despejei quase todo aqui (com excepção das frases que só se aplicam ao Brasil e das piadas «à gajo», que são muito boas, mas sem um grandes hipóteses de cordialidade e convivialidade com as frases que demonstram o carácter feminino de uma escrivaninha) quando encontrei esta «definição» para Momento:

"A vida é feita de momentos que infelizmente não podem ser vendidos separadamente"

E, aí, fiquei meditabunda (o que é capaz de também ter interpretações dúbias do lado de lá do Atlântico...):
Será que, se pudéssemos comprar os momentos separadamente iríamos conseguir ter «Partículas de Felicidade»? Será que a Felicidade não depende também do dosear das partículas? Do balanço entre o bom e o mau, a felicidade e a infelicidade, o ying e o yang?
Será que, se nos fosse dada a possibilidade de compor o nosso puzzle de vida, teríamos a capacidade de o fazer equilibrado?
Será que não precisamos mesmo de uma certa dose de imprevisibilidade e expectativa, para nos mantermos «vivos», mais que biologicamente?

E isso leva-me a outro Desaforismo: Para a Palavra «Feliz» lê-se "Para ser feliz é preciso fazer amizade também com as tristezas."

Et voilá! Um post que deveria ser simples e fresco, transformou-se numa cascata de considerações/interrogações, algo perturbadoras.

Imprevisibilidades! É a vida...

2 comentários:

Ninguém.pt disse...

Pois é, tem razão (?!), Miss Escrivaninha, somos, no fundo, apreciadores de contrastes e só assim valorizamos o bom e o mau.

A maior parte das vezes não ouvimos o som mais importante da nossa vida — o bater do nosso próprio coração — mas ouvimos o tiquetaque de um pequeno relógio. Porque o som rotineiro, como os cheiros ou as cores habituais, não são contrastantes.

Depois, temos a capacidade-mor que nos diferencia dos outros animais e que tão bem foi definida na frase:
«Se todo o mundo fosse de ouro, bater-nos-íamos por um pedaço de lama.»

Uma cantiguinha sobre o assunto:

http://www.youtube.com/watch?v=oHlKjeHKIYI


Felicidade


Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor

Tristeza não tem fim
Felicidade sim


Tom Jobim

(Boa noite. Sonhe que nunca falta o vento à «pluma que o vento vai levando pelo ar».)

Ninguém.pt disse...

Ah, duas coisas que esqueci:

1. Para saber o que do outro lado do Atlântico significa uma palavrita, pode consultar este dicionário brasileiro on-line: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php.
Não é dos mais actuais, mas é fiável.

2. Desaforo, desaforo mesmo, sem -ismo, é deixar seus fãs ansiosos, fantasiando o melhor que lhe possa suceder... (Para fantasiar o pior, o diabo que o faça!)