Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
Minha vida que parece muito calma Tem segredos que eu não posso revelar Escondidos bem no fundo de minh'alma Não transparecem nem sequer em um olhar Vive sempre conversando a sós comigo Uma voz eu escuto com fervor Escolheu meu coração pra seu abrigo E dele fez um roseiral em flor A ninguém revelarei o meu segredo E nem direi quem é o meu amor
Tenho um CD - muito querido - em que Bethânea canta Pessoa: "A Imitação da Vida".
Maria Bethânea é uma das vozes do Museu da Língua Portuguesa. Foi uma emoção muito grande ouvi-la dizer Pessoa, ali, num espaço que honra a Língua Portuguesa, a "nossa pátria", como diz o poeta.
Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.
Carlos Drummond de Andrade
Portanto, já sabe: contador no zero à última badalada deste ano em vias de extinção e, logo a seguir, recarregar as baterias com a esperança suficiente para aguentarmos mais um ano e estarmos aqui no final de 2011 a sorrir de felicidade.
E eu sem tempo e sem inspiração para apetrechar este espaço das costumadas palavras diárias...Vou já passá-lo para «a fila da frente» para que todos os que por aqui passam leiam e reúnam a esperança para enfrentar os próximos 365. Vamos «zerar», como dizem lá na terra do Drummond
5 comentários:
Olá, Miss, tudo bem?
Não venho apresentar-lhe ninguém, sou um desterrado e praticamente só me conheço a mim e mesmo isso muito mal conhecido...
Mas vim deixar-lhe Bethânia dizendo Pessoa — e um dos poemas é o que deixo abaixo. Uma achega para o seu problema. Espero que ajude...
http://www.videolog.tv/video.php?id=282040
Doce mistério da vida
Minha vida que parece muito calma
Tem segredos que eu não posso revelar
Escondidos bem no fundo de minh'alma
Não transparecem nem sequer em um olhar
Vive sempre conversando a sós comigo
Uma voz eu escuto com fervor
Escolheu meu coração pra seu abrigo
E dele fez um roseiral em flor
A ninguém revelarei o meu segredo
E nem direi quem é o meu amor
Fernando Pessoa
Boa noite. Beijito.
Ah, Mestre, que já estava preocupada! :-)
Tenho um CD - muito querido - em que Bethânea canta Pessoa: "A Imitação da Vida".
Maria Bethânea é uma das vozes do Museu da Língua Portuguesa. Foi uma emoção muito grande ouvi-la dizer Pessoa, ali, num espaço que honra a Língua Portuguesa, a "nossa pátria", como diz o poeta.
Obrigada!
Esqueci-me do Beijito...
Miss, recorro de novo a um lusofalante da outra margem do grande rio.
Cortar o tempo!
Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade
de acreditar que daqui pra
diante vai ser diferente.
Carlos Drummond de Andrade
Portanto, já sabe: contador no zero à última badalada deste ano em vias de extinção e, logo a seguir, recarregar as baterias com a esperança suficiente para aguentarmos mais um ano e estarmos aqui no final de 2011 a sorrir de felicidade.
Beijito.
Ai que lindo!
E eu sem tempo e sem inspiração para apetrechar este espaço das costumadas palavras diárias...Vou já passá-lo para «a fila da frente» para que todos os que por aqui passam leiam e reúnam a esperança para enfrentar os próximos 365. Vamos «zerar», como dizem lá na terra do Drummond
Obrigada.
Bom Ano!
Beijito
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