terça-feira, 7 de setembro de 2010

Destino Traçado

(Portimão, 7/9/2010)

8 comentários:

josé luís disse...

gosto muito da vaga sugestão de algo de templo japonês na sombra deixada no chão...

Escrivaninha disse...

Eu "vi" uma evocação do destino nacional: caminhos, mar, barcos, descobertas...

Mas talvez o destino nacional também tenha algo de japonês: uma notória tendência para haraquiri? :-)

Ninguém.pt disse...


O destino plantou-me aqui
e arrancou-me daqui.
E nunca mais as raízes
me seguraram bem em nenhuma terra.


Miguel Torga

Escrivaninha disse...

"Ter um destino é não caber no berço onde o corpo nasceu, é transpor as fronteiras uma a uma e morrer sem nenhuma."

Miguel Torga

Ninguém.pt disse...

Bom dia, Miss!

Madrugadora, hein? E logo com citações — o que quer dizer que está já de pestana bem aberta.


Preso ao meu destino


E preso ao meu destino eu principio
onde um pequeno sol por entre as árvores
perscruta o chão.

Ávido enfim de azul,
meu grito vive a ponte que o abismo
há muito conquistou.

O lume é ténue,
a chama é quase ausente e quase extinta.


António Salvado

Escrivaninha disse...

Bom dia, Mestre!

Resposta na ponta da língua, hem?

Os poetas discorrem muito sobre o destino, não é? É fatal como o destino!

Será que o destino existe? O tal plano para cada um, gizado lá em cima por um Intelligent Designer (como dizem agora os americanos, para serem religiosamente correctos)? Será que isto é tudo por acaso?...Será que cada um faz o seu destino?...

De facto os animais devem ser mais felizes, porque não têm este problema da filosofia...

Ninguém.pt disse...

Destino, para mim, é apenas o sítio que escolhi para chegar — não forçosamente o sítio onde acabei por chegar.

Como ateu (graças a deus!) não duvido nem um pouco da nossa total autodeterminação sobre a nossa própria vida — condicionada, essa autodeterminação, apenas pelas circunstâncias e pelo ambiente que nos rodeia, mas principalmente pela nossa consciência.

Que sádico pode escrever livros com destinos tão cruéis como os que têm certas pessoas — principalmente incompreensíveis em crianças inocentes, nunca merecedoras de qualquer castigo e muito menos servindo de castigo por pecados alheios?

Viagem


Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar…
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura…
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.


Miguel Torga

(Sim, sei! É do alemão, o que quer? Mas o poema é tão lindo que corro o risco de me esquecer e botá-lo aqui mais vezes...)

Escrivaninha disse...

:-) Beijito.