Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
Os poetas discorrem muito sobre o destino, não é? É fatal como o destino!
Será que o destino existe? O tal plano para cada um, gizado lá em cima por um Intelligent Designer (como dizem agora os americanos, para serem religiosamente correctos)? Será que isto é tudo por acaso?...Será que cada um faz o seu destino?...
De facto os animais devem ser mais felizes, porque não têm este problema da filosofia...
Destino, para mim, é apenas o sítio que escolhi para chegar — não forçosamente o sítio onde acabei por chegar.
Como ateu (graças a deus!) não duvido nem um pouco da nossa total autodeterminação sobre a nossa própria vida — condicionada, essa autodeterminação, apenas pelas circunstâncias e pelo ambiente que nos rodeia, mas principalmente pela nossa consciência.
Que sádico pode escrever livros com destinos tão cruéis como os que têm certas pessoas — principalmente incompreensíveis em crianças inocentes, nunca merecedoras de qualquer castigo e muito menos servindo de castigo por pecados alheios? Viagem
Aparelhei o barco da ilusão E reforcei a fé de marinheiro. Era longe o meu sonho, e traiçoeiro O mar… (Só nos é concedida Esta vida Que temos; E é nela que é preciso Procurar O velho paraíso Que perdemos). Prestes, larguei a vela E disse adeus ao cais, à paz tolhida. Desmedida, A revolta imensidão Transforma dia a dia a embarcação Numa errante e alada sepultura… Mas corto as ondas sem desanimar. Em qualquer aventura, O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga
(Sim, sei! É do alemão, o que quer? Mas o poema é tão lindo que corro o risco de me esquecer e botá-lo aqui mais vezes...)
8 comentários:
gosto muito da vaga sugestão de algo de templo japonês na sombra deixada no chão...
Eu "vi" uma evocação do destino nacional: caminhos, mar, barcos, descobertas...
Mas talvez o destino nacional também tenha algo de japonês: uma notória tendência para haraquiri? :-)
O destino plantou-me aqui
e arrancou-me daqui.
E nunca mais as raízes
me seguraram bem em nenhuma terra.
Miguel Torga
"Ter um destino é não caber no berço onde o corpo nasceu, é transpor as fronteiras uma a uma e morrer sem nenhuma."
Miguel Torga
Bom dia, Miss!
Madrugadora, hein? E logo com citações — o que quer dizer que está já de pestana bem aberta.
Preso ao meu destino
E preso ao meu destino eu principio
onde um pequeno sol por entre as árvores
perscruta o chão.
Ávido enfim de azul,
meu grito vive a ponte que o abismo
há muito conquistou.
O lume é ténue,
a chama é quase ausente e quase extinta.
António Salvado
Bom dia, Mestre!
Resposta na ponta da língua, hem?
Os poetas discorrem muito sobre o destino, não é? É fatal como o destino!
Será que o destino existe? O tal plano para cada um, gizado lá em cima por um Intelligent Designer (como dizem agora os americanos, para serem religiosamente correctos)? Será que isto é tudo por acaso?...Será que cada um faz o seu destino?...
De facto os animais devem ser mais felizes, porque não têm este problema da filosofia...
Destino, para mim, é apenas o sítio que escolhi para chegar — não forçosamente o sítio onde acabei por chegar.
Como ateu (graças a deus!) não duvido nem um pouco da nossa total autodeterminação sobre a nossa própria vida — condicionada, essa autodeterminação, apenas pelas circunstâncias e pelo ambiente que nos rodeia, mas principalmente pela nossa consciência.
Que sádico pode escrever livros com destinos tão cruéis como os que têm certas pessoas — principalmente incompreensíveis em crianças inocentes, nunca merecedoras de qualquer castigo e muito menos servindo de castigo por pecados alheios?
Viagem
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar…
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura…
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga
(Sim, sei! É do alemão, o que quer? Mas o poema é tão lindo que corro o risco de me esquecer e botá-lo aqui mais vezes...)
:-) Beijito.
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