Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
Minha laranja amarga e doce meu poema feito de gomos de saudade minha pena pesada e leve secreta e pura minha passagem para o breve breve instante da loucura.
Minha ousadia meu galope minha rédea meu potro doido minha chama minha réstia de luz intensa de voz aberta minha denúncia do que pensa do que sente a gente certa.
Em ti respiro em ti eu provo por ti consigo esta força que de novo em ti persigo em ti percorro cavalo à solta pela margem do teu corpo.
Minha alegria minha amargura minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo canção castigo amêndoa travo corpo alma amante amigo por isso canto por isso digo alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio minha aventura minha coragem de correr contra a ternura.
Somos ainda o limiar — espessa nuvem embrionária. Verdes, imaturos crustáceos emergimos à superfície grávida das ondas. Somos o medo ou sua improvável renúncia. O que sabemos do amor, da morte, é só difusa, opaca, luminosa fábula.
3 comentários:
Cavalo à solta
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.
José Carlos Ary dos Santos
http://www.youtube.com/watch?v=JYWOkZ13ZFg&p=2F80760A83F67AE2&playnext=1&index=60
Ah, isso não é justo: eu nunca conseguirei tirar uma foto tão bonita como este poema!
Mas aproveito para o guardar no Salvo Seja, pois ele bem merece ser salvo.
Boa noite, Mestre!
Limiar
Somos ainda o limiar — espessa
nuvem embrionária. Verdes,
imaturos crustáceos
emergimos
à superfície grávida
das ondas. Somos
o medo ou sua
improvável renúncia. O que
sabemos do
amor, da morte, é só
difusa,
opaca,
luminosa fábula.
Albano Martins
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