sábado, 4 de setembro de 2010

3 comentários:

Ninguém.pt disse...

Cavalo à solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.


José Carlos Ary dos Santos

http://www.youtube.com/watch?v=JYWOkZ13ZFg&p=2F80760A83F67AE2&playnext=1&index=60

Escrivaninha disse...

Ah, isso não é justo: eu nunca conseguirei tirar uma foto tão bonita como este poema!

Mas aproveito para o guardar no Salvo Seja, pois ele bem merece ser salvo.

Boa noite, Mestre!

Ninguém.pt disse...


Limiar


Somos ainda o limiar — espessa
nuvem embrionária. Verdes,
imaturos crustáceos
emergimos
à superfície grávida
das ondas. Somos
o medo ou sua
improvável renúncia. O que
sabemos do
amor, da morte, é só
difusa,
opaca,
luminosa fábula.


Albano Martins