quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Um Museu cujo Acervo são Palavras: As Palavras da Língua Portuguesa

4 comentários:

josé luís disse...

um museu sem tempo composto de
peças que são imortais e únicas
(mas podemos sempre visitá-las
e trazê-las depois connosco)

Escrivaninha disse...

Olá Caríssimo!

Tive o privilégio de conhecer este museu, numa visita institucional, com pouco tempo para explorar as múltiplas possibilidades do espaço.

É uma emoção!

É um dos muitos bons motivos para voltar a São Paulo.

Ninguém.pt disse...


Língua portuguesa


Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O génio sem ventura e o amor sem brilho!


Olavo Bilac

Ninguém.pt disse...


E de novo, Lisboa...


E de novo, Lisboa, te remancho,
numa deriva de quem tudo olha
de viés: esvaído, o boi no gancho,
ou o outro vermelho que te molha.

Sangue na serradura ou na calçada,
que mais faz se é de homem ou de boi?
O sangue é sempre uma papoila errada,
cerceado do coração que foi.

Groselha, na esplanada, bebe a velha,
e um cartaz, da parede, nos convida
a dar o sangue. Franzo a sobrancelha:
dizem que o sangue é vida; mas que vida?

Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,
na terra onde nasceste e eu nasci?


Alexandre O´Neill