segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Histórias...de (en)cantar...

" (...)

Agora,

As cortinas têm rostos,

São fantasmas bem-dispostos,

Cuidado!

O Super-homem está a caminho,

Traz o Panda e o Soldadinho,

Fecha os olhos e verás.

(...)

Às vezes

Há dragões que têm medo

E é esse o seu segredo,

Cuidado!

Vivem debaixo da cama,

Brincam com o Homem-aranha,

Vais levá-los no teu sono.

(...)"


Pedro Abrunhosa, Capitão da Areia in Longe



(e até parece tocado no meu piano de brincar...)

8 comentários:

Ninguém.pt disse...

Não conhecia, mas confesso que não é um dos meus cantores preferidos, embora haja algumas canções dele de que gosto — principalmente dos poemas.

E herói por herói, prefiro este:

http://www.youtube.com/watch?v=jgx-ycrDFPs

Zorro

Eu quero marcar um Z dentro do teu decote
Ser o teu Zorro de espada e capote
P'ra te salvar à beirinha do fim
Depois, num volte face vestir os calções
Acreditar de novo nos papões
E adormecer contigo ao pé de mim
Eu quero ser para ti a camisola dez
Ter o Benfica todo nos meus pés
Marcar um ponto na tua atenção
Se assim faltar a festa na tua bancada
Eu faço a minha ultima jogada
E marco um golo com a minha mão
Eu quero passar contigo de braço dado
E a rua toda de olho arregalado
A perguntar como é que conseguiu
Eu puxo da humildade da minha pessoa
Digo da forma que menos magoa
«Foi fácil. Ela é que pediu!»


João Monge
(não tenho a certeza, mas parece-me que a letra é dele e não do Represas)

Já agora: quando a Miss for velhinha e tiver que contar histórias aos seus netitos, como as contará? Com todos os estereótipos antropocêntricos, sexistas e anti-ecológicos, ou tentará descodificar isso tudo e passar mensagens novas?

Escrivaninha disse...

Então, então...não seguiu a história.

Eu não vou ter netos, porque não tive filhos, porque fiquei à espera do Príncipe Encantado - que na minha versão era um revolucionário da Revolução Francesa, o Zorro ou o Robin dos Bosques - que nunca chegou.

Mas estou a contactar advogados no sentido de activar um processo judicial contra a Walt Disney, por me ter criado ilusões que me conduziram a desperdiçar uma vida de mãe, cheia de afazeres com os filhos e sem tempo para si própria.

Quando ficar rica com a indemnização - o que criará uma outra «moral da História - vou adoptar uma criancinha de cada cor e aparecer nas revistas cor-de-rosa, que, para mostrarem as fotos dos meus filhotes nas cores reais, vão ter de deixar de ser monocromáticas.

Aí, os cabeleireiros vão ter suportes de revistas arco-iris e vamos todos ser felizes para sempre!

(Hoje não me apanha séria ou mal disposta: estou de férias!)

Ninguém.pt disse...


1

Está a ver, Miss, a falta que fazem os advérbios?

Nomeadamente os de tempo! Anteceda todas as proposições que enunciou do advérbio AINDA.

Então, tem ou não outro sabor? É como acrescentar limão a um peixito grelhado...

2
Outra deficiência educacional que um dia desaparecerá: quem disse que era preciso ter filhos para ter netos?

Veja o meu caso, por exemplo. Tenho duas netas que não são de filho fabricado por mim.

’Tá a ver? Ainda lê as histórias do tempo das fábulas — histórias que acabavam invariavelmente com "casaram e tiveram muitos filhos".

Agora, felizmente, muitas histórias terminam assim: "casaram e cuidaram dos filhos um do outro como se fossem seus"...

3
A vida de mãe não sei como é, nunca fui. Mas a de pai tem muitos afazeres, tal e qual como a vida em geral, pois quem quer estar na vida de corpo inteiro chega sempre ao fim do dia como se... precisasse de descanso. Sabe-o bem.

O que não conhece por experiência própria é apenas o lado bom dessas canseiras as compensações que fazem esquecer tudo isso — porque a canseira tem objectivo.

Outro erro das histórias que nos contavam: a recém-acordada ficava a tomar conta dos filhos enquanto o príncipe ia caçar (novas belas?). Claro que a desgraçada nem tempo tinha para voltar a adormecer.

Ponha lá o príncipe a cumprir metade das tarefas do castelo, incluindo os cuidados com os rebentos, e sobrará tempo para ambos verem televisão de mão dada!

4
Quando receber a dita indemnização do Mickey (ou do Patinhas, já agora...) não se esqueça de pagar uma sapateira aos amigos, ’tá?

5
Gosto de a sentir bem-disposta, imune às picardias (!) e aos ataques soezes de virtuais amigos.


(Já me estiquei... Mereço levar na cabeça. Vou pôr já o capacete!)

Escrivaninha disse...

Olhe, meu caro, estou tão bem disposta, que vou concordar com tudo:

- nada é definitivo (a minha avó diria só a morte e há correntes de pensamento que até isso recusam);

- tenho um lema de vida que é aproveitar o melhor de cada situação: por isso, neste momento, apregoo alegremente as virtudes da liberdade e independência, como estaria disposta a descobrir o melhor de uma situação diferente. Porque não? Se for mesm especial...

E isso conduz à questão dos requisitos:
qualquer conceito de Príncipe, para mim, envolve, para além da ideologia republicana, o desempenho de pelos menos 50 % das tarefas associadas ao consórcio (caso contrário não será um Príncipe e muito menos encantado). Mas também porque hoje existem electrodomésticos e carne fatiada no supermercado - aquilo de caçar também devia ser muito cansativo...

Já lhe tinha dito: hoje, a boa disposição está quase à prova de bala.

Até amanhã!

Ninguém.pt disse...

Terei eu dito alguma coisa com o objectivo de a deixar mal-disposta?

Não me parece, mas enfim... eu estou de capacete.

Boa noite, Miss, sono repousante e sonhos com príncipe que a encante a si.

A minha juventude

Na minha juventude antes de ter saído
Da casa de meus pais disposto a viajar
Eu conhecia já o rebentar do mar
Das páginas dos livros que já tinha lido
 
Chegava o mês de Maio era tudo florido
O rolo das manhãs punha-se a circular
E era só ouvir o sonhador falar
Da vida como se ela houvesse acontecido
 
E tudo se passava numa outra vida
E havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
 
Só sei que tinha o poder duma criança
Entre as coisas e mim havia vizinhança
E tudo era possível era só querer

 
Ruy Belo


«Tudo era possível, era só querer.»

Escrivaninha disse...

Mas eu não estava mal-disposta...

Lembra-se daquele pintainho que dizia «But it's an injustice, it is...»

Era para ter piada...Ainda bem que não segui a carreira de humorista: isto nem sempre corre bem!

Boa noite, para si, Mestre, com Belas Acordadas.

Ninguém.pt disse...

Bem, então, isso não se faz, Miss...

Roubar-me o papel de Calimero não está certo. Recorde-se, eu sou aquele que tem sempre culpa de tudo — é uma injustiça, fazem-me isto porque eu sou pequenino...

Tenho a minha meia casca de ovo na cabeça, claro.

Vou tentar ser mais comedido, porque a idade não perdoa: tentarei sonhar apenas com uma bela e, se calhar, já adormecida...

Beijito.

Paleta

Tens uma paleta
a que faltam
algumas cores. Talvez
porque há substâncias
a que não soubeste
dar expressão. Ou porque elas
são incolores. Ou porque
em toda a realidade
há fendas
que nem pela palavra
nem pela cor
alguma vez
saberás preencher.


Albano Martins

Escrivaninha disse...

(Se ela for mesmo Bela, acorda)

Beijito :-)