Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
"XXXV - Por que ainda ninguém se lembrou de pintar uma mulher nua de óculos?"
Mário Quintana; Coisas Numeradas de Um a Trinta e Cinco
1 comentário:
Miss, acho que o Quintana anda mal informado, pois vários pintores que pintaram mulheres nuas usavam óculos...
E como me sinto criança, como sempre:
Os óculos da vovó
— Como acabar meu tricô,
como assistir à novela,
se esses óculos benditos
me somem sem mais aquela?
Vovó, procurando os óculos,
vai do quarto para a sala
e de novo volta ao quarto,
sem ninguém para ajudá-la.
E até parece que os netos
estão a se divertir,
pois mesmo seu predileto
faz força para não rir.
Deve saber onde estão,
porque lhe diz o malvado:
— Já está ficando quente
seu chicotinho queimado!
E o diz quando está no quarto
ou à sala torna a voltar.
— Mas como pode uma coisa
em dois lugares estar?
Em sinal de desespero
leva então as mãos à testa:
ali estão os seus óculos
e tudo vira uma festa.
Dom Marcos Barbosa
Durma bem, Miss, sonhando com vovós procurando óculos...
Beijito.
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